capítulo 21

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Eu conheci Elisa quando tinha 10 anos, foi a primeira vez que fomos pra Punta Cana na República Dominicana, a princípio fomos só passar uns dias, ela me salvou de morrer afogado, me lembro que fui nadar no mar e me afastei dos meus pais, inventei de nadar mais para o fundo pra ver os corais e meu pé ficou preso, eu não conseguia soltar por nada, no começo eu tentei ficar calmo, porque se me agitasse só me afogaria mais rápido, mas depois eu já não conseguia mais prender a respiração, eu cheguei a perder os sentidos, quando abri os olhos, eu vi aqueles olhos brilhantes me olhando, ela perguntou se eu estava bem, eu respondi que sim e então ela saiu correndo.

Eu nem pude agradecer, depois eu a vi me espiando no resort, quando tentei falar com ela, ela fugiu, depois de dois dias, eu finalmente consegui falar com ela, ela era um pouco tímida, e muito linda, pedi pra ela me levar pra conhecer o resort, e aos poucos ela foi se soltando e acabamos nos tornando amigos, uma semana depois eu fui embora, mas todas férias eu queria ir pra lá, óbvio que nem sempre meu pai queria ir, ele dizia pra irmos para outros lugares, então sempre passávamos uns três dias no resort, depois íamos pra outro lugar, acabou que meu pai se tornou sócio do resort e fez alguns outros negócios em Santo Domingo, que mais tarde eu descobri que era o fornecimento de drogas, então começamos a ir mais vezes, eu sempre me divertia muito com ela, nunca falávamos sobre a família, eu só sabia que a mãe dela trabalhava lá no resort, ela não falava sobre a família e eu também não.

A última vez que fui, foi aos 17 anos, a essa altura já éramos dois adolescentes que estava no auge da puberdade, ela estava com 15 anos, demos nosso primeiro beijo quando ela tinha 13 anos, foi o primeiro beijo de nós dois, eu nunca tinha beijado, acabamos aprendendo juntos e foi bem engraçado.

E então aos 17 ficamos juntos pela primeira vez, passamos praticamente uma semana juntos, e foi a melhor semana da minha vida, nós estávamos apaixonados, e fazendo muitos planos pra ficarmos juntos, eu prometi que levaria ela comigo, mas aconteceram muitas coisas, o cara que comprava as drogas, passou a perna nos meus pais e eles fizeram um inferno na vida do homem que era um dos chefões do crime de Santo Domingo, e depois disso meu pai não quis ir mais pra lá, quando eu fiz 18 anos voltei em Punta Cana pra procurar por Elisa, mas a mãe dela já não trabalhava mais no resort, eu não consegui encontrá-la, e foi como se meu coração tivesse se partido, fiquei um ano indo pra lá direto procurá-la, mas não encontrei.

Depois eu fui pra Nova York estudar e aí o tempo foi passando, eu nunca a esqueci, ela foi meu primeiro amor, Gael era a única pessoa que sabia sobre ela, pouco antes de encontrá-la em Nova York, eu estava pensando muito nela, lembrando dos nossos momentos juntos, até que a vi na boate a primeira vez, ela estava mais linda do que nunca, eu jamais esqueceria aquele sorriso, a beleza dela é tão surreal que é impossível esquecê-la.

Na primeira e na segunda vez que a vi, eu não falei com ela, só fiquei observando, e na terceira vez, aconteceu daquele homem asqueroso se meter com ela, quando eu vi ele encurralando ela, meu sangue subiu, não pude me conter.

Logo percebi que ela não me reconheceu, porém não a culpo, muitos anos se passaram, eu fui embora e nunca mais voltei, com certeza ela quer esquecer que um dia me conheceu.

Tiro o controle da mão dela, e desligo a tv, ela se mexe mais não acorda, fico tentado a levar ela pra cama novamente, então quando vou pegá-la, ela acorda.

—Oi, você chegou, eu acabei dormindo aqui mesmo.

Fala ela se sentando.

—Quer ir pra cama, esse sofá não é muito confortável pra dormir.

—É tão confortável que eu apaguei, que horas são?

—Vai dar 17:00.

—Meu Deus, eu dormi tanto assim?

—Que bom que está conseguindo dormir, está com fome, eu trouxe pão, vou preparar o café pra gente.

—Eu ia fazer um bolo.

—Ia?

—Sim, acabei dormindo e não fiz.

—Que alívio.

—Ei, seu palhaço.

Fala ela jogando a almofada em mim.

—O universo agradece e o meu estômago também.

Falo rindo.

—Seu ridículo.

Ela joga outra almofada.

—Não cozinho tão mal assim.

—Sua comida é até comível, mas uma vez só, duas vezes já é tortura.

—Você é tão exagerado.

—É tão ruim, que nem as moscas chegam perto.

Falo rindo, ela ri também.

—Engraçadinho.

—Eu trouxe suas coisas, sinto muito se não sobrou muita coisa.

Falo apontando para as caixas em cima do balcão.

—Tudo bem, se tiver pelo menos algumas fotografias com minha mãe e alguns objetos pessoais, eu já fico feliz.

Ela vai até às caixas e olha algumas coisas.

—Por favor, esteja aqui.

Fala ela.

—Procurando algo específico?

—Não, eu...achei.

Fala ela sorrindo, em seguida tira um colar de dentro da caixa, então pega e leva ao pescoço.

—Quer ajuda?

Pergunto quando vejo a dificuldade dela em colocar.

—Sim, obrigada.

Ajudo ela.

—É muito bonito.

—Faz parte de uma lembrança boa, que não quero esquecer.

Sorrio, levo as caixas para o quarto e vou preparar o café, logo já estavamos sentados comendo.

—Eu vou pra Los Angeles em três dias, precisa se tornar a senhora Salvattore antes disso.

—Tudo bem, faremos quando quiser.

—Será na casa da minha irmã, vou apresentá-la a minha família.

Ela para de comer na mesma hora.

—Sério?

—Sim, quando eu não estiver aqui, eles cuidarão de você, fico feliz que tenha se dado bem com a Betina, a Bea também e uma pessoa incrível e vai gostar de você logo de cara.

—Não esperava que apresentasse sua família tão já.

—Você será minha família também, quero que se dê bem com eles.

—E se não gostarem de mim?

—Você é uma pessoa incrível, eles vão te amar, se ainda assim não gostarem, não se preocupe, eu gosto de você, isso é o suficiente.

—Não quero me apegar a sua família, será por tão pouco tempo.

—Você acha?

Pergunto.

—Você não?

—Tem a possibilidade de você se apaixonar por mim nesse tempo.

Falo.

—Ou você se apaixonar por mim.

—É tarde demais pra isso, eu já sou.

Donatello - Herdeiros Do Império Bianco-Salvattore Onde histórias criam vida. Descubra agora