capítulo 81

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—Não vamos?

—Não!

—Vai nos abandonar aqui?

—Jamais vida, não irão agora, primeiro preciso ir pra ver como andam as coisas, aconteceram muitas coisas nesses anos que fiquei longe, os inimigos ganharam forças, preciso preparar terreno pra irem, recuperar o prestígio da família Bianco-Salvattore, não é seguro eu voltar com todo mundo.

—E é seguro ficarmos aqui sem você?

—Sim, já eliminei toda e qualquer ameaça que poderia surgir, e coloquei todos os meus aliados para proteger vocês, eles estarão de olho em tudo, e não irão dar um passo sem que eu fiquei sabendo.

—Poxa, então não vou poder aprontar?

—Eu tenho olhos e ouvidos em cada canto dessa cidade, desse país pra ser mais exato.

—Você obrigou o governador a renunciar a presidência?

—Não obriguei, só mostrei pra ele as provas das merdas que ele fez, ele achou melhor sair, nem precisei ameaçar.

—As vezes eu fico boba e chocada ao perceber a influência que você tem aqui, e se aqui já é assim, nem imagino como é na Itália, já que você é dono de lá.

—Não exagera vida.

—Sua família é praticamente dona da Itália, que loucura, isso é assustador, como vai ser pro nosso filho toda essa exposição?

—Eu tentarei manter ele e você longe dos holofotes, mas não será uma missão fácil, talvez eu até consiga por um tempo, nossa família foi o assunto mais falado da Itália por pelo menos quatro meses, depois que saímos de lá, assim que voltarmos vai ser um pouco pior, os olhos estarão voltados para nós, eu até poderia dizer que talvez isso não aconteça, mas eu estaria mentindo.

—Eu não ligo muito para o que disserem de mim, mas tenho medo pelo nosso filho, e nós precisamos estar preparados para quando ele descobrir sobre o passado dos seus pais e sobre você.

—Fala sobre a máfia?

—A gente vai ter que conversar com ele sobre isso, em algum momento.

—Talvez não seja necessário, vou fazer de tudo para que ele não descubra.

—Acredita mesmo no que acabou de dizer?

—Não, nem um pouco, ele vai descobrir, uma hora ou outra.

—Sim, se não pela TV, pelos amigos ou de qualquer outro jeito, além do mais ele herdou seu gênio curioso todinho, tudo ele quer saber, tudo ele pesquisa na internet, tudo ele pergunta.

—É, e na Itália será mais difícil esconder isso, me lembro que alguns colegas da escola ficava dizendo que meu pai era uma pessoa do mal, que ele matava gente, eu sempre partia pra cima quando diziam isso.

—E Enrico não será diferente, ele é bem esquentadinho, apesar de parecer uma criança angelical.

—Amor, estamos mesmo falando do nosso filho, porque nem de longe nosso filho se parece com uma criança angelical, ele tem uma cara assustadora de criança que bota o terror.

Dou um tapa no braço dele.

—Não fala assim.

—Mas é verdade, aquele pirralho parece um furacão, ele tá bem tímido ainda, mas assim que pegar mais liberdade vai ver só.

Fala ele rindo.

—Fala isso por experiência própria né, já que era um pestinha, vivia me perturbando, me lembro que andava pelo resort o tempo todo atrás de mim, como uma sombra, me perturbando.

—Mas foi assim que se apaixonou por mim.

Fala ele.

—Quem disse?

—Eu digo, e ainda me roubou um beijo.

Sorrio me lembrando.

—É, Enrico não leva desaforo, ele não vai ficar quieto se falarem algo, ele é herdou muito de você, e vai te defender com unhas e dentes, disso pode ter certeza.

—Mas em partes é bom ser assim, pelo menos os garotos não vão machucar ele, e já vou ensinar ele a lutar pra não ficar apanhando na escola.

—Mas não quero que ele fique brigando na escola.

—E ele não vai, a menos que seja necessário.

—Você acha que ele vai se adaptar bem?

—Acredito que sim.

—Ele ainda não entende a dimensão de dinheiro que sua família tem, é tudo muito novo e ele tem medo de desfrutar disso, sendo que ele não contribuiu para a contrução da fortuna da família, tem medo dos avós achar que ele é um garoto interesseiro.

—É, eu percebo isso só dele não querer aceitar os presentes que minha mãe compra pra ele, você dois são assim, e é bonito, é nobre, mostra que não se importam com o que tenho a oferecer, mas terão que se acostumar, tudo o que tenho é de vocês, antes eu não era assim, mas agora cada centavo que eu ganho, eu penso em vocês, em dar o melhor para os dois, então por favor, quero que gastem mesmo, comprem tudo o que tem vontade de comprar, quero que tenha uma casa linda, do jeito que você sonhou, que nosso filho estude na melhor escola do país, eu sei que passou muitas dificuldades pra criá-lo, e eu não estive lá pra vocês e agora quero compensar.

—Eu só tenho um pedido pra te fazer.

Digo levantando a cabeça e olhando pra ele.

—O que você quiser.

—Pode compensar sendo presente, é só o que eu te peço, sei que terá muitos assuntos para cuidar, eu não me importo que seja da máfia, mas irei me importar se você trocar sua família por isso, também sei que a máfia é uma família, mas quero que esteja sempre presente, principalmente por nosso filho, ele já é quase um adolescente, passei muitos anos longe dele e agora não consigo me aproximar, diferente de você, vai ser importante ele ter o pai bem perto durante essa fase da pré-adolescência.

—Isso é inegociável, eu sei das minhas responsabilidades com a máfia, mas você e nosso filho sempre, sempre virão em primeiro lugar.

—Promete?

—Prometo!

Na manhã seguinte

—Filho, tenho uma coisa pra te contar.

Fala Don, já estávamos na mesa tomando café da manhã.

—O que foi pai?

—Em três dias estarei voltando para a Itália, mas você e sua mãe não irão.

—Por que não vamos?

—Tem algumas coisas que preciso resolver antes de irem, portanto, você será o homem da casa, quero que cuide bem da sua mãe até que eu volte.

—Mas você vai voltar mesmo né, não vai nos deixar?

—Eu arrancaria minhas pernas se eu não voltasse.

—Don!

—Brincadeira filho, eu voltarei logo, suas tias, seu padrinho e seus avós, não vêem a hora de voltarem pra Itália, enquanto eu preparo tudo, ficarão aqui, protegidos.

—A vovó vai estar aqui, então tudo bem.

—Só porque eu roubei sua mãe, agora tu quer roubar a minha né?

—Olho por olho.

Fala ele, eu e Don rimos.

Então Enrico fica bem sério.

—Pai, se eu perguntar algo, promete não ficar bravo?

—Não filho, de maneira nenhuma, pergunte.

—Você faz parte da máfia, assim como meus avós?

Donatello - Herdeiros Do Império Bianco-Salvattore Onde histórias criam vida. Descubra agora