Donatello
Quando Elisa volta para meu escritório depois de ir conhecer a empresa, ela estava pálida, e muito assustada, quando pergunto ela diz que não era nada, mas ela ficou muito perturbada, vai o caminho todo de volta pra casa quieta, e então enquanto estávamos comendo, ela tem uma crise de choro, me levanto e vou até ela.
—O que houve meu bem, fala comigo!
—Eu...eu...sinto tanto a falta dele!
—De quem está falando?
—Do meu menino, do meu garotinho...
—Meu amor, olha pra mim, de quem está falando?
—Do...do nosso filho, nosso menino, eu sinto muito a falta dele!
Quando ela diz isso, minhas pernas bambeiam na mesma hora.
—No...nosso fi...filho, nós temos um...um filho?
Ela me olha.
—Eu...eu sinto muito, não era dessa forma que eu queria que soubesse, me perdoe por não ter te contado antes.
A informação me atinge como uma bomba, mal consigo sustentar minhas pernas e caio de joelhos ao lado dela.
—Nós temos um...um filho!
Digo ainda em choque.
—E onde ele...ele está, você o deixou na República Dominicana, nós podemos...podemos ir buscá-lo.
Ela chora mais ainda.
—Eu sinto muito, eu sinto muito, eu não consegui protegê-lo, ele morreu quando tinha cinco anos, eu sinto muito Don...
As lágrimas que eu estava lutando pra segurar, começam a escorrer.
—Me perdoe...eu não protegi nosso filho, me perdoe por não te contar sobre ele antes, eu sinto muito...por favor, não me odeie, eu...eu tentei te encontrar, eu queria muito que soubesse dele e...eu sinto muito...não me odeie, por favor...
Seguro a mão dela, apesar de querer desabar, eu tinha que ser forte por ela, eu sempre sonhei em ser pai e compartilhei esse sonho com a Elisa muitas vezes e ela também sonhava em ser mãe, nós fazíamos muitos planos de nos casarmos e termos filhos.
—Eu não te odeio, eu não te odeio, meu amor, tá tudo bem, você está me contando agora, foi um acaso do destino, fica calma tá.
—Eu sinto muito por saber dessa forma, foi tão...tão abrupta, você mal teve a chance de absorver que era pai e eu...eu disse que nosso filho já não está mais com a gente...me desculpe.
—Tudo bem, meu amor, tá tudo bem.
Mas não estava tudo bem, eu só queria chorar e gritar, meu coração estava em pedaços ao saber que eu nem pude conhecer o meu filho.
Abraço ela, e deixo as lágrimas escorrer, ela passa a mão no meu cabelo, ficamos assim por um bom tempo.
—Eu sinto muito Don, você me...me perdoa, eu ia te contar, só estava esperando o...o momento certo, mas nunca encontrava uma...uma forma de fazer isso...
—Não tenho o que te perdoar, tá tudo bem, vamos terminar de comer.
Me levanto e então terminamos de comer, depois vamos para o quarto, ela diz que vai tomar banho.
Digo que vou para o escritório fazer uma ligação, mas era só uma desculpa, eu precisava de um tempo sozinho pra processar toda aquela informação.
Um filho, eu tive um filho, o qual eu nunca pude conhecer, a vida as vezes me prega algumas peças que eu não sei lidar, apesar de parecer durão, eu sou uma manteiga derretida e fico emotivo com facilidade, mesmo muitas vezes tentando não demonstrar, e naquele momento eu queria gritar e quebrar alguma coisa, mas não quero que Elisa se sinta mal com essa minha atitude, se eu que não convivi com nosso filho estou me sentindo mal, imagine ela que o viu crescer, perder um filho é a coisa mais dolorosa que uma mãe pode sentir, eu vi o quão Beatrice ficou mal quando ela perdeu meu sobrinho.
Depois de ficar um tempo lá refletindo, volto para o quarto, Elisa já estava deitada, tomo um banho, me deito ao lado dela, e ela deita no meu peito.
—Você...pode falar sobre ele pra mim, sobre nosso filho, se quiser, é claro.
Ela fica em silêncio por um momento.
—Desculpa, sei que deve ser doloroso, não precisa me falar nada.
—Tudo bem, eu gosto de me lembrar do tempo que ele esteve comigo, foram os melhores anos da minha vida, ele era seu xerox, tanto na aparência quando no gênio, única coisa que herdou de mim, foram as covinhas, e o sorriso, mas ele tinha seus olhos, por mais que eu quisesse te esquecer eu não conseguia, era só olhar pra ele que eu via você.
—Você alguma vez falou sobre mim?
—Sim, muitas vezes, eu falava muito de você pra ele, mas disse que você havia morrido em um acidente de carro, mas que você o amou muito, não queria que ele tivesse uma imagem negativa sua, por mais que eu estivesse me sentindo abandonada, não queria que ele tivesse esse mesmo sentimento, pra ele ter uma infância mais leve, toda vez antes de dormir ele dizia "mamãe pode me falar sobre o papai?", ele amava me ouvir contar a história de como foi quando nos conhecemos, ele dizia que eu havia sido sua heroína master por te salvar de morrer afogado.
Sorrio com lágrimas nos olhos.
—Do que ele gostava?
—Futebol, carros, tudo o que você gostava, ele gostava também, quando eu dizia que ele era o xerox do pai dele, ele ficava todo animado e orgulhoso, e as vezes chorava dizendo que queria muito ter conhecido você, isso era o que mais me partia o coração.
—Foi embora da cidade por que estava grávida dele?
—Sim, minha mãe nunca esteve doente, quando as pessoas descobriram sobre minha gravidez, ficaram falando, eu tinha 15 anos, era uma adolescente, minha mãe ficou com vergonha e então nos isolamos na vila, desculpe por ter mentido pra você.
—Tudo bem, me fale mais sobre ele.
Ela começa a falar, e eu ouvia tudo atentamente tentando imaginar a cena na minha cabeça, o fato de que já existiu um mini eu, um ser que era meu fruto e se parecia comigo, era incrível e ao mesmo tempo triste, por eu não tê-lo conhecido.
—Que nome deu a ele?
—O seu, ele se chamava Enrico!
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Donatello - Herdeiros Do Império Bianco-Salvattore
ChickLitDonatello Enrico é o filho mais velho dos mafiosos mais temidos da Itália, um homem bonito, galanteador e mulherengo, ele é uma pessoa muito inteligente e estrategista assim como a mãe, mas também é teimoso, as vezes irresponsável e calculista como...