Donatello - Herdeiros Do Império Bianco-Salvattore

capítulo 33

Assim que me deito, eu apago, acordo no meio da madrugada assustada, olho em volta e percebo que era só um sonho mesmo, sonhei que eu estava de volta aquele porão horrível, com cheiro de mofo e rodeado por ratos, a sensação era de sufoco e desespero.

Só quando eu olho em volta, é que consigo ficar mais calma, meu medo era voltar pra lá, a pior parte do sonho nem era eu voltar pra lá, a pior parte era que Donatello tinha me levado de volta, a pessoa a quem eu estava começando a depositar toda a minha confiança, a única pessoa que eu estava podendo contar, tinha me levado de volta para ser traficada, se esse for meu fim, será bem trágico.

Fico com uma sensação horrível, e não consigo dormir, me levanto, vou a cozinha, tomo água e vou um pouco no escritório, olhar a vista de lá sempre me acalma e me da uma sensação de paz.

Abro a porta do escritório, entro e vou para a janela, fico de pé mesmo olhando a vista, quando sinto a presença dele.

—Não está conseguindo dormir de novo?

Me viro e olho pra ele.

—Desculpa, eu não sabia que ainda estava aqui, eu não te vi.

—Eu fui ao banheiro, você está pálida, teve pesadelos de novo?

—Sonhei que você tinha me levado de volta pra ser traficada.

Falo já com um nó na garganta, meus olhos se enchem de lágrimas e eu queria desabar.

—O que, não, jamais, jamais meu bem, eu nunca farei nada para te machucar.

—Você promete, é a única pessoa que eu posso confiar no mundo, eu não tenho mais ninguém, promete que não vai me mandar de volta?

As lágrimas escorrem pelo meu rosto.

—Vem aqui.

Ele me puxa e me abraça.

—Eu disse que não vai se livrar de mim, você é só minha e não vou te mandar pra lugar nenhum, ninguém mais vai te machucar, eu vou te proteger até quando eu morrer.

—Você promete?

—Você confia em mim?

—Uns 90%.

Ele ri.

—Ok, 90% é bom, estamos chegando lá, já demos mais um enorme salto na nossa relação.

Abraço ele, e então aquela sensação de que nada e nem ninguém poderia me tocar, me invade, o abraço dele é caloroso e acolhedor, era como se eu tivesse precisado dele a minha vida toda.

—Vamos sentar aqui.

Nos sentamos no sofá da janela, ele passa o braço por mim e eu me encosto em seu peito.

—Amanhã vou pra Los Angeles bem cedo, a viagem teve que ser adiantada, não quero que fique sozinha aqui, minha mãe e a Betina vão vir te buscar pra ficar no apartamento com elas, tudo bem?

—Não precisa se incomodar com isso, e nem incomodar sua mãe.

—Ela que pediu pra você ficar lá, ficarei três dias fora, não gosto da ideia de você sozinha aqui, sem contar que vai querer sair, não vou ficar tranquilo de saber que está saindo sozinha por aí, meu pai vai pra Los Angeles comigo, e o Ben mal fica lá, minha mãe adora sua companhia.

—Tudo bem, se é sua mãe que está pedindo, então eu vou.

—Ok, sem contar que a comida da minha mãe é muito boa, medo de chegar aqui e você ter morrido por intoxicação alimentar com as gororobas que você faz e chama de comida.