Capítulo 5

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Clara  descobrira que o nome do Nova Espécie curioso era Painting. Ela não resistira e perguntara por que escolhera aquele nome. Ele explicou que no motel que ficaram, duas seguranças diziam que ele era lindo como uma pintura.
Clara riu muito e concordou com as mulheres. Painting contara que era alterado com DNA de primata. Seu rosto era quase humano, os olhos âmbar era muito meigos e seus longos cabelos dourados eram muito cacheados. Parecia um anjo de pinturas muito antigas.
Estavam numa construção nova que servia como consultório veterinário. Paiting ajudava a vigiar uma onça-pintada que estava sedada. Dois outros Novas Espécies ajudaram a carregar a onça que Clara alvejou com um dardo tranquilizante.
Painting prestava muita atenção em tudo o que ela fazia.
— Clara Domingues. - falou em inglês. — Você é uma humana muito atraente.
— O quê?
— Eu disse que é muito atraente.
Clara riu do modo direto do homem. Antes de trabalhar com as Novas Espécies, lera sobre sua franqueza quase brutal.
— Agradeço, Painting, mas não concordo com você.
— Sobre o quê?
Clara enrubesceu.
— Não sou... atraente.
— Desde o primeiro dia me senti atraído por você. - ela engasgou e começou a tossir. O Nova Espécie a olhava com uma expressão sincera. — Alguém já a reivindicou? - ela continuou tossindo e ele deu alguns tapinhas em suas costas, sua força a fazendo dar um passo à frente. — Você quer um copo de água?
— Não, não precisa. Você... você perguntou se alguém... - hesitou.
— Se algum macho a reivindicou. Você tem um?
— Um o quê?
Ele deu um sorriso.
— Um macho.
— Oh, não.
— Compartilha sexo com alguns?
Ela abriu a boca tendo a certeza que seu rosto estava vermelho.
— Alguns, não.
— Com quem você compartilha?
— Ninguém!
— Então o seu macho é humano?
— Não, não.
Ele inclinou a cabeça parecendo intrigado.
— Não entendo.,- de repente ele arregalou os olhos. — Você é daquele tipo de humana que gosta de fêmeas?
Clara achou que morreria de vergonha.
— Não! Eu... Não tenho nada contra quem gosta, mas... Não sou lésbica.
Ele fez uma cara de alívio tão explícito que ela achou engraçada.
— Mas se não tem um macho humano, por que não compartilha sexo com um espécie? Tem medo de nós?
— Não.
— Tem nojo? - ele insistiu.
— Claro que não.
— Nenhum macho a convidou?
Ela abriu a boca. Painting era muito, muito invasivo.
— Não, Painting e não estou interessada.
Ele franziu as sobrancelhas.
— Eu gostaria de convidá-la.
Clara deixou cair a seringa que segurava. Havia acabado de administrar medicação na onça-pintada. Abriu a boca várias vezes, mas não encontrou o que dizer. Como um homem incrível como ele a convidava a, como ele dizia, compartilhar sexo? Pigarreou e desviou o rumo da conversa.
— Precisamos levar a Pintada para a floresta.
— Esse é o nome dela?
— Agora é.
Ele sorriu e Clara o achou lindo.
— Qual a sua resposta? - encarou-a com os olhos brilhantes.
Ela ficou muda. Como responder a um convite como o dele? Aquele homem a considerava atraente de verdade. Era magra demais, desengonçada demais para atrair qualquer Nova Espécie!
Um rosto passou por sua mente. Um rosto de um corpo grande e cruamente sensual. Balançou a cabeça. Não deveria pensar em Cedar. Ele mal conseguia disfarçar que antipatizava com ela.
— Cedar...
— O que tem o Cedar?
— O quê?
— Você disse o nome do Cedar.
— Não, eu disse o seu nome.
— Eu sei qual é o meu nome. E não é Cedar.
Clara não tinha mais como corar. Aquela conversa a estava desestabilizando. Como se adivinhasse o seu constrangimento, Emerald entrou no consultório. Os lindos olhos verdes felinos passaram de um ao outro.
— Está tudo bem aqui?
— Está. Claro que está. - Clara se apressou em dizer. Virou-se para Painting. — Você pode conseguir mais alguém para levar a Pintada?
— Eu posso fazer isso.
— Ela é muito pesada. Precisei de dois homens para trazê-la.
Ele deu um sorriso satisfeito.
— Farei isso. - passou os braços por baixo do animal e o ergueu. — Devo colocá-la onde a achamos?
— Sim, é melhor.
Painting saiu com a onça nos braços. Emerald só esperou que ele saísse para perguntar.
— Eu atrapalhei algo?
— Não, que isso!
— O macho parecia bem interessado na conversa.
— Pois, é. Só estávamos conversando mesmo.
Emerald deu um sorrisinho.
— Ele está atraído por você. - Clara não respondeu. — Ele pediu para compartilhar sexo, não foi?
— Emerald, esse é um assunto que eu não quero conversar.
— Você não aceitou?
— Emerald...
— Tem repugnância pelos espécies?
— Não. Eu só não...
— Prefere machos humanos? Eu ouvi dizer que são muito inferiores aos nossos machos. Não quer experimentar? Você pode comparar os dois.
— Emerald!
A fêmea cruzou os braços.
— Me disseram que humanas eram muito sensíveis com esse assunto.
— Por que é um assunto sensível.
— Do jeito que você fala até parece que nunca compartilhou seco com um macho. - Clara voltou a engasgar. Antes que a mulher também lhe desse tapinhas nas costas, pegou um copo, enchendo-o de água. Tomou o líquido quase de um gole só. Observou a mulher bonita à sua frente. Ela parecia conhecer muito do assunto. Emerald a observou; Clara tinha a certeza de que a Nova Espécie estava tecendo várias teorias que explicassem o seu constrangimento. De repente Emerald abriu a boca, surpresa. — É isso, não é? Você nunca compartilhou sexo com um humano também!
Clara deu um passo para a mulher, gesticulando para que falasse baixo.
— Esse é um assunto muito delicado para debatermos assim.
— Você nunca compartilhou sexo mesmo?
— Fale baixo!
A linda mulher deu um passo atrás, seu rosto mostrando comiseração.
— Que pena, Clara Domingues.
Clara queria refutar, mudar o pensamento da mulher, mas não mentiria.
— Estou muito bem com isso.
Emerald balançou a cabeça, estalando a língua.
— Não precisa sentir vergonha.
— Não estou sentindo!
— Você não quer ser possuída por um macho?
— A hora vai chegar.
— Tem certeza? Você parece que está mal com isso.
— Não estou! Por favor, não comente esse assunto com ninguém.
— Não é vergonha nenhuma. A primeira vez que me levaram para um macho foi ruim, mas ele foi muito cuidadoso comigo. - Clara queria cortar o assunto; abriu a boca para falar, mas a mulher continuou. — Foi o Cedar, sabe? Nunca vou me esquecer o quanto foi gentil. - Clara sentiu um gelo no estômago ao ouvir a confissão sincera de Emerald. Então ela e Cedar... — Por que não pede a ele para fazer isso para você?
— O quê? - quase gritou, alarmada.
— Tirar a sua virgindade.Ele será paciente e gentil.
Clara achou que morreria engasgada naquela manhã! Respirou fundo.
— Emerald, minha virgindade ou a ausência dela não está em discussão. - deu uma fungada. — E o senhor Cedar nunca olharia para mim desse jeito.
— Por que acha isso?
— Por nada. - pensou que seria espetacular que ele ao menos a notasse. Forçou-se a acalmar. — O que você queria?
— Vim buscá-la para o almoço.
— Ah, tá. Vou só me limpar.
Ela foi até a pia, tirou as luvas, lavou as mãos e o rosto, que estava muito quente. Ouviu a porta de ferro abrir, mas não se virou.
— Olá, Cedar. - cumprimentou Emerald.
— Olá.
O coração de Clara deu um salto. Aquela era hora dele aparecer?

Cedar decidira visitar o setor de Clara. Alguns espécies aprendiam com ela e estavam muito animados. Ele concluíra que já era hora de mostrar a hospitalidade de um verdadeiro líder, mesmo a moça o aborrecendo.
A verdade era que Clara não fizera nada proposital para irrita-lo. Só não se sentia à vontade perto dela. Clara Domingues lhe lembrava de um cachorrinho carente pedindo atenção e ele não estava disposto a dá-la.
Vira Painting saindo do consultório com um animal grande nos braços. Aproximara-se silenciosamente para ver a veterinária em ação sem o peso de sua presença.
Parou à porta, ouvindo as vozes dela e de Emerald. Escolhera a fêmea a dedo, pois sabia que ela seria atenciosa com Clara.
Naquele momento ouvira Emerald perguntar com uma voz de surpresa: Você nunca compartilhou sexo mesmo?
Aquela era uma conversa privada entre mulheres, não era para o seu ouvido, porém saber que Clara era virgem o fez estacar à porta. Clara era virgem. Uma virgem.
Não a achava atraente, mas de repente saber que ela nunca tivera um macho mexera com ele. Sabia que humanas eram mais reservadas, porém sabia a idade dela e não acreditara que fosse virgem aos 28 anos.
Dera um passo atrás, mas a menção ao seu nome o fizera parar. Emerald contava à Clara que ele fora o seu primeiro macho. Cedar não tinha problemas que ela contasse, mas não gostara que falasse com Clara.
Por que não pede a ele para fazer isso para você?
Ele, tirar a virgindade da humana? Uma imagem passou em sua mente, as nádegas dela sendo reveladas pelo tecido macio do seu vestido. Se ele a tomasse aquela bundinha bem feita estaria empinada para ele e... Balançou a cabeça, afastando o pensamento. Nunca tomara uma humana e não seria aquela mulher frágil que o faria mudar.
Muito curioso continuou a ouvir.
E o senhor Cedar nunca olharia para mim desse jeito.
Não olharia mesmo !
Mas como seria possuir uma humana que nunca compartilhara sexo? Ele seria muito cuidadoso. Imaginou as pernas esguias sobre os seus ombros enquanto ele a provaria até ela estar preparada para receber o seu membro. Depois a possuiria olhando-a nos olhos, iria bem devagar, sem pressa, deixando que sua vagina se acostumasse ao seu tamanho. Se mexeria firme, mas cuidadosamente. Só se satisfaria quando a levasse ao clímax.
Cedar dera um tapa em sua própria cabeça. O que é que estava pensando?
Respirou fundo, expulsou a imagem dela dos seus pensamentos e entrou no consultório.

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