Capítulo 32

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Clara tratara de explicar a todos os seus convidados que seu casamento seria adiado. Confidence se desmanchara em lágrimas e ela precisara consola-la. Verity lamentara que não usaria seu lindo vestido salmão e Emerald ficara estranhamente silenciosa a respeito.
Clara fingiu não perceber que Painting parecia muito contente pelo imprevisto. Não comentara nada com ela, entretanto não disfarçava sua satisfação.
No dia em que seria o seu casamento amanheceu muito desanimada. Sentia preguiça até de trabalhar.
Cedar chegou para busca-la para o café. Tinha um vaso na mão com lindas flores amarelas.
— Que lindas!
Ele sorriu e se abaixou para beijá-la.
— Pedi a Felipe para selecionar para mim; esqueci o nome da flor.
Clara cheirou uma das flores. Seu aroma era doce.
— Amei. - se colocou na ponta dos pés e beijou seu queixo. — Quero colocar na varanda junto com as outras.
— Seu pedido é uma ordem.
Cedar saiu do quarto e levou a planta para a varanda. Sua mulher tinha o costume humano de tratar plantas como se fossem filhos.
Voltou e a encontrou ainda na cama. Aproximou-se dela e deitou na cama ao seu lado. Puxou-a carinhosamente e Clara se aconchegou.
— Não fique assim.
— Estou tão frustrada.
— Logo seu pai se recuperará.
— Me sinto tão egoísta. Falei com mamãe ontem e só me lamentei.
— Isso é normal.
Clara levantou o rosto.
— Para um humano, né?
Cedar sorriu.
— Espécies não são de reclamar.
— Você reclama comigo.
— Quando?
Ela deu um sorrisinho malicioso.
— Quando não quero fazer amor por estar menstruada.
— Eu não reclamo.
— Reclama, sim e fica 5 dias rabugento.
— Só acho que não é motivo para parar.
Clara pressionou a boca no peito dele e riu.
— Viu só? Reclamou.
Cedar puxou-a para cima do seu corpo.
— Quando ficará menstruada novamente?
— Esta semana. Já estou preparada para o seu mau-humor.
— Engraçadinha. - ele acariciou todo o seu corpo. — Podemos aproveitar o momento agora.
— E o meu café da manhã?
— Será rapidinho.
— Não gosto de rapidinho.
— Dessa vez, gostará.
Cerca de 20 minutos depois Clara abraçava Cedar, que estava por cima dela. Ele se apoiava nos braços para não esmagá-la, porém Clara adorava sentir o seu peso.
Cedar beijou sua testa.
— Quero fazer algo agora.
— Não acabou de fazer?
Ele beijou-a novamente.
— Eu digo algo que não fizemos antes. - ela fez um som de espanto e ele deu uma mordidinha em seu pescoço. — Vai me deixar falar?
Clara o envolveu com as pernas e apoiu os pés em sua panturrilha.
— Fale, meu senhor.
— Assim é melhor. - ela mordeu o ombro dele. — Muito melhor. - ela mordeu novamente e ele gemeu. — Ainda estou duro. Quer me provocar mesmo?
— Parei. - ele remexeu os quadris e ela deu um gemido prolongado. — Agora é você! Mas prossiga.
Mais 10 minutos depois, Clara respirava com dificuldade, o coração aos saltos e incrivelmente saciada. Sabia que se pedisse, Cedar lhe faria amor novamente.
— Posso falar agora? - ele disse.
— Unhum... - concordou toda dengosa.
— Vou levá-la à Zona Selvagem.
— Sério?
— Sério.
—Mas... E o seu trabalho?
— Clara, emdois anos na colônia eu passei duas semana em Homeland trabalhando e só deixei de trabalhar na tarde que fizemos amor pela primeira vez.
— Você trabalha demais.
— Por isso tirarei o dia de folga. - retirou-se dela lentamente. — E de qualquer maneira este dia está marcado na minha agenda como folga para casar.
— Ah, não me lembra!
Depois de tomarem banho juntos foram para o refeitório. Estela travava a luta de todo dia para Peace comer sozinho, porque sempre havia alguém para alimentá-lo. Dessa vez era Rain quem colocava pedacinhos de melão na boquinha do menino. As outras duas mães humanas passavam pelo mesmo problema.
Clara lamentou que quando tivessem filhos, eles estariam na Reserva e Rain e Confidence não teriam a oportunidade de mima-los. Ela e Cedar planejavam ter o primeiro filho dali a 2 anos, quando ela estivesse  completamente adaptada à sua nova vida.
Beijou os pequenos Novas Espécies e foi pegar o seu café. Estava faminta depois de tanto sexo.
Sentaram-se e perguntou logo.
— Quantos moradores há na Zona Selvagem?
— Cinco. Três machos., Lion, Gale e Risen. As fêmeas selvagens foram mortas por Mercille. Na Reserva há mais machos.
— Por que eles quiseram vir para cá?
— Principalmente por causa de Valiant.
— Valiant?
— É um macho felino, provavelmente misturado com leão, que age como o rei da Reserva.
— Ele é mau?
— É osso duro de roer e depois de ter filhos se tornou ainda mais territorialista, mas não é mau.
— Estou muito curiosa para conhecer os habitantes da Zona Selvagem.
— Eles não são muito sociáveis, mas preciso verificá-los. Lion parece ser o líder. É muito sensato. Não vive entre os humanos, porque se espantam com ele.
— Por quê?
Cedar riu.
— Você vai ver.
— E os outros dois?
— Gale é um dos machos que os cientistas dizem que foi gerado depois. Parece ser bem mais jovem do que nós. É muito instável e volátil. E Risen... Bem, é o melhor rastreador entre os espécies. Ele conseguia sentir o cheiro de qualquer humano a cem metros de distância. Definitivamente é o menos sociável dos três.
— Que interessante.
Depois do desjejum, Cedar pegou duas garrafinhas e água e passaram no depósito onde ele pegou sabonetes, isqueiros e cobertores e os enfiou em uma grande sacola. Explicou a Clara que ela devia ficar ao seu lado, bem próximo, e só falar se alguns dos Novas Espécies se dirigisse a ela.
O passeio pela floresta foi uma experiência rica; para ela: ficou deslumbrada com a vegetação. Não encontraram nenhum animal e Cedar falou que ele os espantava. Clara gostaria de dizer que Painting não espantava os animais, porém achou mais sábio ficar calada.
Caminharam por quase uma hora e seu companheiro parou várias vezes para ela descansar e beber água.
Quando chegaram numa clareira, Cedar assobiou. A resposta assustou Clara. Ouviu rugidos e sons vindos da floresta ao seu redor.
Arregalou os olhos ao ver um homem imenso, de bastos cabelos muito claros, assim como seus olhos. Era uma visão espantosa ao sol. Do outro lado da clareira uma criatura saltou de uma árvore. O queixo de Clara caiu ao ver o rosto leonino e.. e... uma cauda!
Os dois homens se aproximaram.
— Olá. - saudou Cedar.
— Trouxe uma médica? - o de cabelos brancos perguntou em inglês, encarando-a.
— Não. É minha companheira. - respondeu Cedar do mesmo modo.
— Você se acasalou? - perguntou o leonino. — Com uma humana?
— Seu nome é Clara. - colocou a sacola no chão e a segurou. — Clara, este é Lion, meu padrinho de casamento. - ela não falou, apenas o cumprimentou com a cabeça. — E este aqui é Gale.
Ela ficou impressionada com os olhos dele. Pareciam de cristal.
— Como é o seu nome em inglês? - perguntou Gale.
— Pode ser Clare ou Claire.
— Então te chamarei de Claire.
—Tudo bem.
Lion a olhou muito de perto. Ele usava uma cueca boxer e nada mais.
— Você é clara mesmo.
— Meu pai é negro, mas eu puxei minha mãe.
— Negro como a companheira de Vengeance? Mas ela não é da cor negra.
— É apenas uma classificação de cor.
Gale levantou a mão.
— Você faz biscoitos?
— Bis... Não, eu não sei fazer.
— Estela e Aruana fazem.
— Clara é veterinária, Gale. - explicou Cedar.
— O que é isso?
— É uma médica de animais.
Os dois Novas Espécies a encararam.
— Trouxe para cuidar de mim? - Lion perguntou com um olhar desconfiado.
— Não, já conversamos sobre isso. O médico que precisa é outro.
Clara ficou curiosa. Apesar da aparência animalesca, ele parecia bem de saúde.
Ouviram sons vindos da floresta e um homem imenso saiu da mata correndo. Clara ficou impressionada com sua altura e músculos. Era muito maior do que Cedar. O homem tinha presas visíveis e seus olhos pareciam totalmente negros.
Cedar a segurou e a abraçou.
— Olá, Risen.
O homem a encarou.
— Esta fêmea é sua?
— Sim. Seu nome é Clara.
— Clara de Cedar,
— É minha.
Risen os rodeou e Clara engoliu em seco.
— Sinto seu cheiro nela. - ele fungou perto dela. — E há outro cheiro também. Outro macho.
Clara sentiu Cedar se enrijecer. Não poderia haver o cheiro de outro macho! Painting nunca mais a tocara!
— Não há outro macho. - Cedar falou entre dentes.
— Posso cheirar sua companheira?
— Não é necessário, Risen. Nenhum outro macho tocou em Clara. - falou , mas Clara sentiu o aperto de suas mãos.
Risen se agachou e encostou nela, cheirando-a. Cedar se afastou.
— Recue, Risen!
O grande homem ergueu a cabeça e sorriu.
— É claro. O cheiro ainda está fraco, mas posso senti-lo.
— Quem? - a voz de Cedar se tornou cavernosa.
— O macho dentro dela.
— O quê?
— Por que não disse que sua companheira está gerando um espécie?
Clara abriu a boca de surpresa e sentiu Cedar arfar. O que aquele homem estava dizendo?

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