Capítulo 14

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Cedar estava abalado, pois explodia de ciúmes. Nunca sentira nada parecido . Amava a ONE, prezava cada um dos seus irmãos, porém jamais necessitara se sentir dono de alguém.
Pensou no momento em que contratara Clara. Como poderia adivinhar que aquela pequena mulher o tiraria do prumo?
Primeiro a tratara mal apenas porque mostrara desejo por ele, depois a beijara naquela fatídica noite. Sentira-se desprotegido por ela viajar sem ele, como se lhe pertencesse. E agora...
Agora ele sentia vontade de encontrar Painting e estripá-lo por achar que tocara no que achava que era seu. Queria desaparecer com aquele macho para que Clara visse somente a ele. Entretanto, o macho não tinha culpa da bagunça que ele tinha se tornado. Painting era um bom macho e ficara feliz por ele ter encontrado outro trabalho depois que precisara deixar a segurança. Ele se aproximara de Clara sem preconceito e a conquistara honestamente.
Por que Clara o provocara, então? Primeiro se oferecera a ele, depois se entregara a Painting e agora... Agora o fizera perder a cabeça!
Tocou seus lábios; ainda sentia na boca o gosto dela. E era um gosto que nunca havia sentido. Era como um mel picante, uma delícia que só deveria ser degustada por ele.
E se Clara tivesse se arrependido de se entregar a Painting? Talvez ela houvesse percebido que era a ele quem queria.
Caramba, como fora idiota ao rejeitá-la na noite da festa!
Era humana, sim, mas havia outros espécies com companheiras humanas.
Lembrou-se de Mercille. Mulheres humanas o haviam torturado com seringas, aplicando medicamentos de uma forma que o machucava mais. Vira mulheres assistindo quando era torturado. Nenhuma nunca fora misericordiosa com ele.
Aprendera a gostar de Ellie e Trisha e chegara a ganhar um dos biscoitos da companheira de Valiant, Tammy. Tolerava a companheira  de Fiber, mas se dava bem com as mulheres de Vengeance e Tiger.
Por que era tão intransigente com Clara?
Porque ela pode me fazer sofrer.
Se ficasse com ela seria mais um espécie louco e se não ficasse seria um espécie louco de ciúmes.
Ciúmes. Ciúmes. Ciúmes.
Clara tinha varias personalidades ou ele não conseguia compreendê-la?
Olhou para o sofá. Ele a provara ali, a fizera gozar... Fechou os olhos. Estava louco, completamente louco.
E se ele a fizesse escolhê-lo? Ela tinha uma atração forte por ele. Talvez conseguisse fazer com que deixasse Painting...
Rosnou. De conselheiro sábio estava se tornando num macho astucioso e um péssimo amigo.
Desligou o notebook e saiu da sala. Precisava dar uma volta.
Passou pela portaria e cumprimentou o macho que a vigiava. Será que ele tinha ouvido o que acontecera no escritório? Se alguém tivesse ouvido, certamente aquilo chegaria a Painting. Clara gritara e só podia ser por dois motivos, por dor ou prazer. Qualquer que fosse o motivo ofenderia o macho. Deveria avisar Clara?
Tomou o rumo do dormitório feminino a pé, tentando se convencer de que procuraria Clara para alertá-la.
Atravessou toda a colônia, parando aqui e ali para atender algum espécie. Àquela hora a maioria já deveria ter almoçado e voltavam para os seus setores.
Chegou no dormitório e o achou muito silencioso. Provavelmente as fêmeas que estivessem de folga estariam aproveitando a tarde lindíssima. Se alguma o perguntasse o que fazia ali diria uma verdade; tinha um assunto importante para tratar com a veterinária.
Passou pela sala comum, vazia e foi para um dos corredores.
Sabia qual era o apartamento de Clara, mas seria fácil achá-lo por causa do aroma diferente que vinha dele. Humanas gostavam de perfume.
Parou à porta e respirou fundo. Estava certo em estar ali; a estaria ajudando. Ela não podia ser surpreendida se alguém contasse a Painting que estivera em seu escritório e que a ouvira gritar.
Bateu na porta e aguardou. Depois de cerca de dois minutos, Clara a abriu.
Ele ficou desconcertado ao vê-la. Estava descabelada e com o rosto inchado; os olhos estavam muito vermelhos de choro.
Ela abriu a boca, surpresa, mas em seguida franziu a testa e ergueu o queixo.
— Veio me xingar mais um pouco?
— Posso entrar?
— Não. O que quer?
— Preciso falar com você. - ela apertou os lábios— É importante.
— É sobre trabalho?
— Não.
— Então não é importante.
Ela começou a fechar a porta e ele a impediu com a mão.
— É sobre Painting.
Ela fechou o rosto.
— O quê? Você quer saber se cabe mais um no bacanal?
— Não sei o que significa.
— É uma orgia. Sexual.
— Não me interessa.
Ela empurrou a porta e ele a abriu novamente.
— Vá embora, senhor Cedar! Não tem outro funcionário para atormentar?
— Deixe-me entrar e eu explico.
— Fale daí mesmo.
— Pensei que as humanas gostassem de discrição. - Clara fechou os olhos e respirou fundo. — Quero te ajudar, Clara.
Ela abriu os olhos.
— Vai me ofender?
— Espero que não.
Ela pareceu pensar e abriu a porta. Cedar não quis dizer-lhe que se ele quisesse entrar ela não conseguiria impedir.
Clara saiu da frente e ele entrou. Ela fechou a porta olhando-o com desconfiança.
— Fale.
— Você estava chorando?
— O que acha senhor ogro?
— Eu sei o que é um ogro.
— Que bom que você sabe.
O rostinho inchado realmente o incomodou.
— Não quis te fazer chorar.
— O que deseja, senhor Cedar?
— Sobre o que aconteceu no escritório...
— Não quero saber.
— ... Painting pode ficar sabendo.
— Como?
— Os espécies que trabalham nos escritórios podem comentar que você gritou na minha sala e isso chegar ao Painting.
O rosto dela ficou muito vermelho.
— E daí se a sua gente é fofoqueira?
— Meu povo não vê motivos para esconder os fatos.
— Então ouviram... que eu gritei... e contarão ao Painting. É isso?
— Não quero lutar com o meu amigo, embora possa, se ele insistir.
O rosto dela ficou ainda mais vermelho.
— Você é um idiota, Cedar! E pode me despedir que não retirarei o que disse!

Clara viu o rosto dele se transformar numa máscara feroz e ficou um instante com medo.
— Sou idiota por querer ajudá-la?
— É idiota por insistir num assunto que só existe na sua cabeça.
— Somos extremamente possessivos. O que acha que Painting fará se descobrir?
Clara cobriu o rosto com as mãos. Não tinha que dar satisfações para Cedar, mas estava cansada das acusações dele.
— Olha, eu vou falar só mais uma vez. Você acredita se quiser. - abaixou as mãos. — Eu só tenho amizade com Painting.
— Você compartilha sexo com ele. - ele declarou.
— Se eu compartilhasse seria assunto meu, mas não compartilho.
— Ele foi para o seu dormitório.
— Me levou e foi embora.
— Você disse que o beijou.
— E foi só isso.
Cedar cruzou os braços.
— Ele te tocou.
— Você também me tocou na noite da festa e não transamos.
Ele a olhou ressabiado.
— Não está compartilhando sexo com ele?
— Já disse que não. Foi só um beijo. Eu estava... confusa.
— Por quê?
Ela engoliu em seco.
— Você me beijou e me deixou ir.
Cedar descruzou os braços.
— Era o melhor a fazer. - falou com a voz mais suave.
— Então não deveria ter se importado se fiquei com Painting. E nem brigado comigo por que saí.
Ele apenas a olhou. Clara notou que seu rosto estava tranquilo e o olhar límpido.
— Sou muito racional. Me envolver com uma humana é inviável.
— Por isso desfez tanto de mim?
Ele mordeu o lábio inferior e ela viu totalmente as suas presas.
— Você me incomodou.
— Por eu ser pouco atraente?
— Por sermos tão diferentes.
Clara respirou fundo. Não voltaria àquele assunto.
— Está bem. Você agora sabe que não precisa se preocupar com Painting. Obrigada mesmo assim.
Cedar engoliu em seco.
— Você é humana.
— E o que tem isso?
— Eu não consigo confiar em humanos.
— Eu entendo.
— E é muito pequena e frágil.
— Isso é um problema?
— Eu posso te ferir. - tocou nos braços dela. Clara olhou para baixo e viu as marcas roxas que os dedos dele deixaram. — Posso te quebrar, Clara. - mas não a soltou.
— Eu sei.
— Nem sei o quanto mais velho sou que você.
— Por que está me dizendo todas essas coisas? Eu já sei que não quer ficar comigo.
— Eu não posso ficar.
Clara tentou recuar, porém ele a puxou para si. Seu coração disparou e ela abriu as mãos em seu peito; o coração dele batia fortemente.
— Então, por que está me abraçando?
Ele ergueu uma mão e acariciou o seu rosto.
— Eu a chamo de fadinha, porque me encanta.
Ela começou a ofegar.
— Te encanto?
— Sim. Eu estava disposto a tomar você de Painting.
Clara deixou suas mãos acariciarem o peito firme.
— E o que faria comigo?
— Eu te levaria para minha casa e te amarraria na minha casa. Iria te montar quantas vezes quisesse e te fazer gritar de prazer.
— Eu gritaria?
— E pediria por mais.
Ela ergueu as mãos e o segurou pelos ombros.
— Hoje eu te pedi para me beijar e você me insultou.
— Me perdoe. Não farei isso nunca mais.
— E se eu pedir para me beijar agora?
— Peça.
Clara sentiu seu corpo vibrar com a voz dele.
— Cedar, me beija... - pediu quase sussurrando.
Cedar inclinou a cabeça e a beijou. Clara abriu a boca para recebê-lo e seus mamilos endureceram quando a língua quente brincou com a dela.
Ele a segurou pelos quadris e a ergueu, fazendo seus peitos se unirem. Clara enfiou as mãos entre os feixes macios do seu cabelo, curtindo a sensação.
Cedar segurou-a pela bunda e a fez passar as pernas ao seu redor. Ele a beijou e beijou, roubando o seu fôlego, entrelaçando suas línguas, chupando a dela, excitando-a tanto que sua vagina se contraiu de forma quase dolorosa.
Ele afastou a boca e ela gemeu, tentando beijá-lo novamente.
— Você me perdoou por tudo o que eu disse?
— Perdoei.
— Eu tentarei recompensá-la por isso. Quero que seja feliz comigo.
— Eu serei, Cedar.
— Mesmo que eu queime de ciúmes.
— Não precisará ter ciúmes de mim.
— Não?
— Não.
— Porque você é minha?
O coração de Clara derreteu.
— Quer que eu seja sua?
— Ah, Clara...
Ela beijou seu rosto, o peito querendo explodir de felicidade.
— Sou sua, Cedar. Toda sua.

CEDAR: Uma história Novas Espécies 5Onde histórias criam vida. Descubra agora