Capítulo 6

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Clara se virou e viu Cedar parado na porta do consultório. Estava, como sempre, com o uniforme da ONE.
— Olá, Clara Domingues.
— Oi, Cedar.
— Vim conhecer o seu trabalho. - ela ficou ansiosa por um instante. Estava há quase duas semanas ali e era a primeira vez que visitava o seu setor. — Posso?
— Claro.
— Vi Painting saindo com um animal.Estava morto?
— Oh, não. Usei um tranquilizante nela.
Enquanto ela falava Cedar observava tudo dentro do consultório.
— Você tem tudo o que precisa?
Clara percorreu rapidamente o homem imenso; sua presença enchia a sala. Se ele soubesse do que ela precisava...
— Não. Este é o melhor consultório que já tive.
— Gostou dos seus alunos?
— Sim, são muito aplicados. Estão almoçando agora.
Cedar assentiu com a cabeça.
— Painting não estava inscrito para aprender com você. - ela corou ao se lembrar do homem convidando-a a transar com ele. Cedar a encarou.— Ele a está atrapalhando?
Emerald deu uma risadinha.
— Ah, não está mesmo.
Clara olhou para a linda mulher. Esperava que ela não fosse indiscreta.
— Painting está aprendendo bem?
— Ele é o meu melhor aluno.
— Sei... - Cedar não desviou os olhos dela. — É bom que ele goste de veterinária. Paiting foi gravemente ferido na França. Não pode mais ser um oficial.
— Ah, eu lamento.
— Faça-o se interessar realmente.
— Isso ele já está. - Emerald comentou.
Cedar olhou para a mulher e de volta para Clara. Ela se sentiu tímida com o olhar que ele lhe deu.
— Bom. - ele disse simplesmente. — Pode me enviar um relatório do seu trabalho?
— Posso, sim, claro. Quer ver algo agora?
— Sim.
— Não vai almoçar, Clara? - perguntou Emerald.
— Eu esqueci. Não quero atrasar o seu almoço.
Emerald lhe deu um olhar estranho.
— Cedar, você pode levá-la para o Clube?
— Posso. - ele a olhou para Clara. — A menos que prefira ir agora.
— Oh, não. Posso ir mais tarde.
— Vou indo, então.
Emerald saiu rapidamente e Clara se sentiu desconfortável ao ficar sozinha com ele. — Vou mostrar ao senhor o galpão de recuperação.
— Não precisa me chamar de senhor. Apenas Cedar.
— Ah, tudo bem. - de repente lembrou-se da conversa com Emerald. Ele fora o seu primeiro homem e ela lembrava com carinho. Como ele seria consigo? Afugentou os pensamentos da cabeça. — Venha comigo.
Saíram pela porta dos fundos. Sob um barracão coberto haviam gaiolas de todos os tamanhos. Algumas estavam vazias e outras continham animais.
— Todos estão doentes?
— Não. Alguns estão recebendo identificação para rastreamento.
— Como?
— Os menores, como as aves, recebem um dispositivo chamado brinco que é fixado na patinha. Já os animais de grande porte receberão chips para rastreamento por satélite.
— Interessante.
Fiber se agachou para verificar a gaiola de um bicho-preguiça que usava um brinco.
— Este não usará o chip?
Clara riu.
— Os bichos-preguiças têm baixa mobilidade. O chip é dispensável.
Cedar segurou o dispositivo e Clara aproveitou para admirar os cabelos cor de chocolate. Os cabelos desciam por suas costas e caíam sobre o rosto.
Ele se inclinou para acariciar a cabeça do animal e sua blusa subiu um pouco expondo o cós da bermuda. Ela ofegou ao ver as curvas da bunda tão bronzeada quanto o resto do corpo. E não havia sinal de cueca!
Vistoriou as costas da bermuda e, de fato, não havia marcas da cueca. Ela engoliu em seco e não conseguiu deixar de olhar os músculos glúteos contraídos, mostrando a bunda bem feita.
Ela já vira seu peito amplo e bronzeado e sua mente viajou para longe, muito longe e o imaginou sem roupas. Ele devia ser magnífico!
Seus mamilos endureceram e ela sentiu um calor gostoso se espalhar nas suas partes íntimas, seu coração batendo tão rápido que lhe tirava o fôlego. Para sua surpresa, sentiu a calcinha umedecendo.
Como se adivinhasse como ela se sentia, Cedar se levantou vagarosamente e se virou da mesma forma. Clara recuou um pouco diante do tamanho dele. Ele era tão grande, tão másculo...
As narinas de Cedar inflaram e ele cheirou o ar. Seu olhar para ela tornou-se muito intenso. Ele inclinou a cabeça para o lado.
— Eu sinto você, fêmea.
— O quê?
Cedar passou a língua pelo lábio inferior.
— Quase dá para eu sentir seu gosto.
Clara arregalou os olhos, chocada. Ele saberia o que ela estava sentindo? Lembrou das suas pesquisas que diziam dos sentidos apurados das Novas Espécies. Então ele... Não, não podia ser!
— C-como você...
— Sinto o cheiro da sua excitação, ouço seu coração acelerado e vejo suas pupilas dilatadas.
Clara deu outro passo para trás, a vergonha lhe causando um sofrimento verdadeiro. Agora mesmo que ele a acharia patética!
— Por favor...
— O quê? - ele perguntou com a voz cavernosa e se aproximou dela.
Cedar rosnou e olhou além dela.
— Clara? - era a voz de Painting.
Ela se virou e o homem apareceu na porta. Ele franziu as sobrancelhas olhando de um para outro.
Ela pigarreou.
— Foi tudo bem com a Pintada?
Painting demorou um instante para responder.
— Eu a deixei no pé de uma árvore. - falou, olhando para Cedar.
— Ela acordará logo. - comentou, desconcertada com a reação de Painting. Ele também a sentiria?
Cedar a olhou com um ar divertido.
— Podemos continuar com a visita?
— Ah, claro. Eu... - ela segurou o rabo de cavalo e soltou o elástico, nervosa. Não fizera nada de errado, mas tinha a impressão que cometera um pecado. — O que gostaria de ver?
Ele deu um pequeno sorriso.
— O que você quer me mostrar?

Cedar pretendia apenas verificar como se desenvolvia o trabalho da veterinária de Homeland III, mesmo depois de descobrir sobre sua inexperiência. Mas enquanto observava o bicho-preguiça, começara a sentir a agitação dela. Seu coração estava muito acelerado e puxava o ar aos goles; depois sentira o cheiro da sua excitação. Era doce, pungente e fizera seu membro endurecer.
Quando a olhara percebera que estava corada e suas pupilas dilatadas. Achou-a bonita naquele momento. Não resistira à provoca-la. E como era engraçada constrangida.
O aparecimento de Painting o salvara de tomar uma atitude da qual se arrependeria.
Então, por que a provocara novamente?
Olhou-a esperando sua resposta.
— Quer ver a estufa com ovos das aves?
— Uma chocadeira?
— Sim. Estamos dando uma ajudinha para a natureza. Temos ovos de araras-vermelhas , corujas-pretas e papagaios-campeiros.
— Vamos ver então.
— Clara... - chamou Painting. — Por que não vai almoçar e eu mostro a estufa para o Cedar?
Cedar ergueu as sobrancelhas. Clara mordeu o lábio inferior.
— Acho que... Você não vai almoçar?
— Mais tarde.
Ela o olhou e Cedar percebeu sua dúvida. Ela o escolheria?
— Então eu vou.
Clara o olhou novamente, como se esperasse que ele dissesse algo. Cedar considerou que estava sendo irresponsável; não devia dar à mulher a impressão de que estava gostando do interesse dela por ele.
Ela voltou para dentro da clínica e ele a acompanhou com os olhos. E Painting acompanhou o seu olhar. Cedar ficou irritado com o macho. Ele o interrompera. Mas... Ele não deveria mesmo ser interrompido?
Olhou para o outro macho. Ele estava interessado por Clara?
— Você está gostando de aprender a cuidar dos animais?
— Estou. Clara ensina muito bem. - hesitou um momento. — Foi você que a escolheu?
— Sim. Era a melhor escolha para a ONE.
— Está interessado nela? - mudou de assunto radicalmente.
— Não. - respondeu de pronto.
— Ela está por você?
— Precisa perguntar para Clara.
Painting franziu as sobrancelhas.
— Eu te respeito, Cedar. É um Conselheiro, um dos espécies mais sábios... Então me diga a verdade.
Cedar só mentira uma vez e fora uma brincadeira para incentivar Justice a reivindicar sua fêmea. Não via motivo nenhum para mentir para seu irmão.
— A fêmea sente atração por mim. - Painting engoliu a seco. — Não sei sobre sentimentos, mas ela me deseja.
— E você?
Cedar se examinou para buscar a resposta para o amigo.
— Eu a desejei hoje.
— Quer compartilhar sexo com ela?
— Não compartilho sexo com humanas. São muito frágeis.
— Outros machos têm companheiras humanas.
— Não gosto de humanos. Não confio neles e eles me irritam.
Painting o encarou com franqueza.
— Obrigado pela sinceridade. Eu reivindicarei Clara.
— Se é o que você quer, faça isso.
O macho assentiu com a cabeça.
— Ainda quer ver a estufa?
— Com certeza.
Cedar acompanhou Painting sentindo que agira certo, mas que algo estava fora de lugar.

CEDAR: Uma história Novas Espécies 5Onde histórias criam vida. Descubra agora