Capítulo 28

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Com o corpo quente contra o de Cedar, Clara respirava com dificuldade. Sua garganta doía e suas costas pareciam em fogo. Decidiu levantar e tomar um banho para tirar o suor.
Antes mesmo que chegasse ao banheiro, Cedar despertou.
— O que foi?
— Acho que estou com febre. - falou com a voz rouca.
Ele segurou seu rosto.
— Sua pele não está fresca como sempre.
— Vou tomar um banho.
— Você vai para o Centro Médico.
Clara não quis discutir. Estava muito fraca para isso. Cedar ligou para a doutora  Thainá avisando que estavam indo. Depois, pegou o cobertor , enrolou-a nele e a pegou no colo. Sentia-se cuidada.
Quando saíram na noite, Clara sentiu a brisa refrescar a sua pele. Ele andava rapidamente e ela se sentiu meio tonta.
Chegaram no Centro Médico e foi Blade quem os recebeu.
— Thainá já vai atender vocês. Ela estava descansando. Mas venham comigo.
Blade os levou para o consultório e Cedar a deitou na maca de exames. Ele colocou seu bíceps como travesseiro .
A doutora Thainá entrou com os olhos ainda mostrando sono.
— Boa noite, Cedar.
— Boa noite .
Foi até Clara.
— Boa noite, Clara. Me diga como está.
— Peguei muita chuva. Minha garganta dói... minhas costas também...
— Vamos ver. Pode me dar licença, Cedar?
Ele se afastou, mas se colocou à cabeceira da maca. A doutora Thainá a examinou e Clara sentiu as mãos dela frias sobre sua pele. Ela verificou sua temperatura, a auscultou e observou a garganta e gânglios.
— Bem, Clara, a chuva que tomou acelerou  uma gripe encubada. Você esteve com alguém gripado?
— Felipe.
— Sei. A mudança brusca de temperatura favoreceu a inflamação na garganta e dos gânglios. A febre está elevada, mas a tosse está livre de secreções.
Clara teve uma crise de tosse e Cedar afastou a médica e a abraçou.  Teve vontade de chorar com tanto carinho.
— Pode cobri-la, Cedar.
Clara agradeceu quando ele a enrolou no cobertor. Estava com muito frio.
A doutora Thainá mexeu no armário e pegou alguns medicamentos.
— Tem alguém para acompanha-la durante o dia?
— Eu. - disse Cedar.
— Vou fazer a receita com as indicações dos remédios.
Ela estendeu caixinhas para Cedar.
— Este é um analgésico para as dores de cabeça e no corpo. Deve administrar de quatro em quatro horas junto com este antitérmico. O xarope é para amenizar a tosse. - foi ao armário e pegou outra caixinha. — Este é muito importante, é um antibiótico. - olhou para Clara. — Você usa anticoncepcional?
— Uso pílulas.
— Então sugiro o uso de preservativos nos próximos dias. - Clara sentiu-se desconcertada. — Esta fórmula pode desregular a ovulação.
— Unhum.
— Cedar, vou administrar um comprimido agora e os próximos de oito em oito horas por cinco dias. E a alimentação deve ser nutritiva e com muito líquido para hidrata-la.
— Devo evitar o sexo? - ele perguntou, fazendo Clara tossir novamente.
— Se ela estiver se sentindo bem não há nenhum perigo.
— Certo.
Depois de entregar todos os remédios para Cedar, ele agradeceu à médica e saiu com Clara. Blade esperava do lado de fora.
— Tudo bem?
— É uma gripe.
— Isso quer dizer que teremos muitos humanos doentes.
— Com certeza. Verifique com Thainá a provisão de medicamentos.
— Pode deixar. Melhoras, Clara.
— Obrigada. - falou baixinho, com a garganta doendo muito.
Voltaram para casa e Cedar a levou para a cama. Clara só não dormiu  imediatamente porque ele ainda queria lhe dar os remédios. Em seguida ele sentou â cabeceira da cama e a deitou entre as suas pernas. Clara fechou os olhos e se aninhou ali. Estava tão quentinho...
Acordou com Cedar amparando-a pelas costas e colocando comprimidos em sua boca; ele lhe ofereceu água e ela engoliu, sentindo a garganta muito apertada. A luz do sol entrava pela janela.
Levou-a ao banheiro e, deitando-a novamente , se estendeu ao lado dela, encostando o peito largo em suas costas.
Clara mergulhou num sono agitado. Sonhou que caíra no rio e não conseguia respirar. Depois sonhou com Painting olhando-a tristemente enquanto a via se casando. Em cada sonho que tinha despertava sobressaltada, porém sentia o abraço de Cedar e se tranquilizava.
Quando voltou a despertá-la levou-a para o banheiro e a ajudou a tomar banho. Clara resmungou quando ele a forçou a tomar um caldo de frango e beber suco de laranja. Ela ficou um pouco enjoada, entretando agradeceu a ele por cuidar dela.
— Sou para te proteger e cuidar.
Pegou-a no colo e a ninou como um bebê até que adormeceu.
Ele a acordou mais uma vez . Uma preocupada Verity estava parada aos pés da cama.  Pela janela viu que já era noite lá fora.
— Oi, Clara.
— Oi.
Cedar lhe entregou os comprimidos e ela os engoliu com água.
— Isso não fará mal para ela?
— Não são remédios de Mercille. São para curá-la.
Verity deu um grunhido e se calou. Clara foi deitada cuidadosamente.
— Preciso sair um instante . Verity ficará com você.
— Tá.
Ele beijou sua boca, despediu-se e saiu. Verity sentou na cama.
— Nunca vi um humano doente. É feio.
Clara riu e foi interrompida pela tosse. Deitou-se muito cansada.
— Cedar fez uma vitamina para você. Vou buscar.
Ela ainda sentia dor de cabeça, mas o corpo estava mais relaxado. Não sentia a febre.
Verity voltou com a vitamina e ficou vigiando até que tomasse tudo.
— É bonito ver um macho cuidando de sua fêmea... - deu um suspiro. — Se o Everaldo quiser, eu cuidarei dele assim.
— Eu acho que ele vai querer, sim.
— Como vocês dizem... Se Deus quiser.
Clara limpou a boca e deitou.
— Me sinto tão cansada...
— Durma. Eu ficarei aqui ao seu lado.
Um pouco antes de dormir, Clara pensou que a melhor ideia que tivera em sua vida fora vir para Homeland III.

Cedar caminhou rapidamente para o Centro Médico, seu temperamento explodindo por ter que deixar Clara. Entrou no prédio e viu a sala da espera lotada de espécies e alguns humanos. Houve silêncio quando ele entrou.
— O que estão fazendo aqui?
Foi New que respondeu.
— Eu quero saber se Cristal está bem.
Cedar encarou a pequena multidão.
— E vocês?
Blue Eyes, o chefe da cozinha, deu um passo para Cedar. Havia uma marca vermelha em seu rosto.
— Trouxeram Oak para cá. Oficiais o estão vigiando.
— E o restante?
Os espécies falaram ao mesmo tempo, mostrando preocupação pelos espécies feridos. Cedar reconhecia que a verdade era que estavam ali pela curiosidade, uma característica das Novas Espécies. E ele sabia que aquele assunto era muito interessante para eles.
Estava deitado na cama, abraçado à Clara quando Creek lhe ligou. Houvera uma briga no dormitório feminino e um macho e uma fêmea foram feridos, enquanto outro fora contido e colocado para dormir.
— Calem-se! - todos ficaram quietos. Olhou para Blue Eyes.— Por que está ferido?
— Eu estava com uma fêmea e ouvi a confusão. Oak estava estrangulando o Mount. Tentei separá-los, mas Oak me socou.
Cedar olhou para New.
— Vocé sabe o que aconteceu?
— Eu estava na sala com uma fêmea conversando quando Oak disparou para dentro. Correu para o quarto da Cristal e nós fomos atrás. Ele derrubou a porta com um chute.
Outra fêmea continuou.
—  Mount chegou na porta do quarto e Oak se atirou contra ele.
New interrompeu a fêmea.
— Oak socava o Mount e Cristal tentou impedir e Oak a lançou contra a parede. - os espécies presentes acompanhavam a conversa atentamente. — Alguém ligou para o Oak e contou que Cristal estava compartilhando sexo com Mount.
— O que tem isso?
— Eles eram exclusivos, sabe? Cristal disse que Oak queria se acasalar com ela e estava tentada a aceitar.
— Compreendi. - encarou New. — Quem ligou para Oak?
Vários  espécies olharam para uma fêmea humana que chorava num canto. Cedar lembrou-se dela, era Monique Dias, a chefe da lavanderia.
— Por que fez isso?
Ela o olhou, piscando muito.
— Ela estava enganando o Oak e ainda se gabava disso.
— E por que você achou que deveria interferir?
— Não estava certo.
— Fofoqueira. - algum espécie soltou e muitos murmuraram concordando.
Cedar conteve um suspiro de exasperação.
— Volte para o dormitório. Arrume seus bens. Quando amanhecer procure o recursos humanos.
— Mas... mas... Não é justo! Eu trabalho aqui desde o início!
— Você pode ter provocado uma tragédia. Quero você fora de Homeland.
A mulher ficou muito vermelha e fitou Cedar com ódio.
— Vocês são todos iguais! Fazem sexo como animais, ninguém tem dono! - apontou um dedo para  ele. — Você pode ser o chefe, mas não é melhor que o Mount!
— Do que fala, fêmea?
— Você roubou Clara debaixo do nariz do Painting!
Cedar rosnou e Monique recuou, assustada. Ele respirou fundo, se controlando.
— New, leve-a para o dormitório.
A mulher começou a chorar histericamente e Cedar lhe deu as costas. Precisava saber dos feridos.

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