Capítulo 45

739 86 16
                                    

Painting fora resgatado da Mercille do Colorado quando as Novas Espécies já estavam estabelecidos em Homeland e na Reserva. Demorara a se ambientar.
Não sofrera tortura física, pois fazia parte de um grupo especial de testes de inteligência.Nunca contara a ninguém, mas a diretora médica o tratava como um objeto sexual de estimação. Cuidava da sua aparência e o ajudava a enfrentar os testes. Dizia que ele era sua cobaia mais perfeita.
Ele convivia com outros espécies, mas apenas os do seu grupo de testes. Quando foram resgatados, conhecera muitos espécies , alguns revoltados, quase selvagens, que não se conformavam em viver entre humanos. Ele, não. Gostara dos humanos de Homeland, principalmente das fêmeas que eram menos duras do que as fêmeas do seu povo. Tanto elas quanto as fêmeas espécies apreciavam muito a sua beleza.
Quando recebera treinamento militar,  se tornara um oficial de segurança. Primeiro acompanhara Jessie North em suas viagens para palestras sobre as Novas Espécies e tivera sexo com muitas mulheres. Elas achavam excitante transarem com um homem meio-fera.
Conhecera países nas Américas e na Ásia. Mas fora na Europa que enfrentara seu pior desafio. Fizera parte da equipe que libertara a companheira de Jaded e durante o confronto fora gravemente ferido. Seus pulmões foram afetados e adquirira insuficiência cardíaca.
Cedar o convidara e a outros espécies para fundar a colônia no Brasil e ele aproveitara a oportunidade para descobrir uma nova terra.
Conhecer Clara fora diferente de qualquer interação que vivera com humanas. Ela compreendera sua curiosidade, reconhecera sua inteligência e usara suas habilidades. Com ela não se sentia uma diversão sexual.
Não achava as humanas mais atraentes do que as suas fêmeas, porém havia algo em Clara que o encantara.
O que ele não soubera era que o coração de Clara já possuía um dono; Cedar. Ele não se conformara, entretanto. Escolhera Clara para ser sua companheira e investira no seu sentimento.
Para sua decepção, o sério Cedar vencera sua desconfiança pelos humanos e reivindicara sua fêmea.
Emerald o incentivara a não desistir e ele decidira esperar uma brecha no relacionamento dos dois. Até que eles marcaram o casamento humano.
Se odiava por ter dito a Cedar que ele era o único no coração de Clara, mas não queria que ela sofresse.
Mas quando soubera do rompimento suas esperanças renasceram. Mentira para Clara que desistiria dela. Ele a queria de qualquer forma. Mesmo com o filhote de Cedar entre eles,
Agora olhava para ela desejando que o aceitasse. Queria Clara mais do que amava a si mesmo.
— Me dê uma chance. - repetiu.
Ela o olhou com tristeza.
— Se eu pudesse controlar meus sentimentos, eu escolheria você. Mas agora só quero viver para o meu filho.
— Eu posso cuidar dele com você.
— Por favor, Painting...
Ele tornou a se aproximar dela.
— Ele não respeitou você.
— Você não sabe do que está falando.
— Cedar  a tratou como uma mulher vulgar que se deitou com dois machos ao mesmo tempo.
— Painting...
— Menosprezou o seu caráter.
Clara colocou as mãos nos ouvidos.
— Pare, por favor!
— Você se lembra bem como ele a tratava, não com indiferença, mas desfazia de você. Cedar sempre se sentiu superior.
Ela se afastou dele.
— Não me fale mais de Cedar!
— Ele nunca te considerou de verdade. Está esperando um filho dele e ele acreditou que você o traiu. - Clara virou de costas e se apoiou na mesa de exames. Painting ouviu seu choro e sentiu compaixão por ela, porém ele precisava que ela deixasse de amar Cedar. — O que ele fez para reconquistar você? Deu telefonemas? Ele deveria estar aos seus pés implorando o seu perdão.
Clara cobriu o rosto com as mãos, o choro se transformando num choro sentido.
— Ele disse que me amava...
— Nada pode se colocar entre duas pessoas que se amam. Ele a destratou antes e a destratou agora. - Painting viu os ombros dela estremecerem por causa do  choro e quase se arrependeu. Quase. Aproximou-se dela por trás e segurou seus ombros. — Clara... - falou baixinho. — Ele voltará para Homeland e retomará a vida que tinha. Você será a lembrança de uma fraqueza temporária. - Clara explodiu em lágrimas e ele a virou. — Eu estou aqui para você.
Ele a abraçou gentilmente e ela se encolheu em seus braços, soluçando.
Ele ouviu sons de passos e em seguida a voz de Confidente.
— O que está acontecendo aqui?
— Silêncio, Confidence. Não vê que ela está sofrendo?
— O que foi que você fez?
— Eu não. Cedar.
Confidence ficou um instante apenas observando os dois. Painting sabia que ela gostava sinceramente de Clara.
— Me dê ela. - a fêmea pediu, estendendo os braços.
Painting passou Clara para ela. Precisava que sua amiga estivesse do seu lado.
— Leve-a para o consultório. Dê-lhe um pouco de água.
— E vai ajudar?
— Não sei, mas os humanos fazem isso.
Confidence guiou Clara até o escritório. Paiting colocou as mãos na cintura. Estava jogando pesado, sabia, contudo queria Clara e cuidaria dela melhor do que aquele macho arrogante do Cedar.

Cedar sentiu vontade de jogar o telefone longe. Odiava que Clara mantivera Painting ao seu lado. Aquele macho agora tinha toda a oportunidade de seduzi-la!
Quase correu para a clínica, porém não queria assustar Clara.
Pensou em seus amigos que tinham companheiras. Aprendera  que as fêmeas eram para cuidar e proteger. Ele fora insensível com Clara no início e cruel na semana retrasada. Por que não conseguira se controlar? Se duvidar, Painting estava tentando conquistar a sua fêmea naquele momento!
Cruzou os braços sobre a escrivaninha e deitou a cabeça neles. Não sabia como fazer Clara perdoá-lo.
Sua vida se tornara vazia sem ela; nem mesmo o seu amor e responsabilidade pela ONE conseguiam motivá-lo a fazer mais do que se encolher em desespero.
Pensou em seu filho. Pela contagem humana ela estava já estava com dois meses de gestação; pela contagem espécie ela daria a luz em três meses. Não podia deixar que Isaac nascesse sem sua presença.
Ergueu a cabeça e olhou para a tela de descanso do seu notebook. Fotografias de Clara se revezavam mostrando-a de todas as formas: sorrindo para ele, dormindo, cuidando de um animal, nadando no rio... Sentiu sua falta de um jeito doloroso. Tocou a tela, desejando tocar a sua companheira.
Balançou a cabeça e tentou trabalhar um pouco. Quando se deu conta já estava na hora do jantar. Se fosse ao Clube encontraria Painting. O telefonema daquela manhã aumentara sua vontade de esganar aquele macho; só que da próxima vez não pararia.
Desistindo de trabalhar, iria para casa e faria um sanduíche. Não estava com apetite mesmo.
Esperou a tela de descanso aparecer novamente e ficou ali apreciando a mulher que amava.

CEDAR: Uma história Novas Espécies 5Onde histórias criam vida. Descubra agora