Cedar despertou com Clara tossindo. Ele já vira humanos tossindo e sabia que era algo ruim. Acariciou o rosto dela, mas não acordou.
Não sabia o que fazer, pois as únicas vezes que ficara doente foram as vezes que Mercille lhe injetara drogas. Não entendia o que era ter gripe, alergia ou dor de garganta como os humanos, por isso a puxou mais para perto.
Não conseguiu voltar a dormir, preocupado. Clara contara que ficara muito tempo na chuva e ele imaginou que, de alguma maneira, fez mal para ela. Às quatro horas se levantou e começou sua rotina. Normalmente, a despertava para fazerem amor, mas hoje não. Tomou o seu banho, vestiu o uniforme e, depois de beijá-la, saiu na madrugada fresca. Depois da noite era o momento que mais gostava.
Não, agora o momento que mais gostava era quando chegava em casa e era recebido por sua mulher.
Como gostava de chamá-la sua! Estavam acasalados e pertenciam um ao outro. Logo assinariam os papéis de acasalamento e fariam o casamento humano. Logo.
Chegou no Clube pensando que não falara com Clara sobre a dispensa de Painting, mas o faria quando fosse levá-la para tomar o desjejum.
Era um dos primeiros a chegar no refeitório, assim como era o primeiro a chegar nos escritórios.
Foi para o bufê e se serviu de rosbife, presunto e ovos. Pegou dois pães pretos e o primeiro copo de suco de acerola. Clara lhe dissera que era bom para a imunidade do corpo, algo em que os humanos eram fracos.
Sentiu-se à uma mesa e começou a comer, vendo machos e fêmeas entrarem no refeitório. A maioria que era escolta tomava o desjejum naquela hora e depois faziam outra refeição com o seu escoltado. Clara lhe dissera que humanos engordavam se comessem muito. Bem que ele gostaria que ela engordasse; era muito frágil.
Viu Painting entrando. O macho estava com o rosto muito sério e sentou-se sozinho.
Painting era um macho que as fêmeas consideravam atraente e entendia que Clara também achara, pois se beijaram. Mataria aquele macho se ele tentasse de novo!
Terminou sua refeição e cumprimentou os espécies por quem passava. Quando passou por Painting ele lhe deu um olhar duro. Cedar respondeu ao gesto com um aceno cordial. Devia ser muito ruim gostar de alguém que não sentisse o mesmo... Porém sua compaixão terminou quando pensou que aquele macho tentara ficar com Clara para ele.
Foi caminhando pelo caminho ainda escuro com a certeza de que era muito feliz.Clara acordou com um incômodo na garganta e dor de cabeça.Ficava resfriada com facilidade e calculou que passaria os próximos dias com o nariz escorrendo, o que não seria nada sexy.
Deu um sorriso pensando como Cedar parecia achá-la a mulher mais sensual do mundo. Estava bem ciente de seus seios pequenos e pernas finas. Lembrou-se que ele adorava ver sua pernas ao redor dele.
Levantou-se, sentindo o corpo pesado. Tomou um banho quente e vestiu sua roupa de trabalho. Ouviu barulho na sala e se animou, pois sabia que era Cedar. Ele entrou no quarto e ela deu um sorriso, pensando que nunca se cansaria de admirá-lo. Estava com uniforme preto da ONE, a camisa justa no peito e a bermuda que ela adorava, pois mostrava bem os músculos glúteos. Seus mamilos enrijeceram e Cedar riu.
— Feliz em me ver?
— Sempre.
Ele se aproximou e a abraçou.
— Pronta para o desjejum?
— Não estou com muita fome.
— Mas precisa comer. - olhou-a como se procurasse algo. — Você tossiu muito essa noite. Está doente?
— Deve ser um resfriado por causa da chuva.
— Vamos ao Centro Médico.
— Não precisa. Vou tomar um analgésico e ficarei nova em folha.
Ele a fitou, desconfiado.
— Tem certeza?
— Tenho. - ficou na ponta dos pés e beijou seu queixo. — Não quero atrapalhar o seu trabalho.
— Não atrapalha.
— Então, vamos.
Foram para o Clube e entraram no refeitório, sempre chamando atenção. Cedar a forçou a comer, além do pão, ovos mexidos. E a serviu de dois copos de suco de laranja.
Emerald chegou para levá-la à clínica. Clara a achou mais animada. Cedar a beijou carinhosamente e voltou para o escritório.
Clara e Emerald foram para a clínica veterinária. Estava preocupada com Painting. Ele ficara muito abalado ao ver o curativo em seu ombro.
Quando chegaram na clínica ele já estava trabalhando. Ele olhou intensamente para ela e corou, engoliu em seco e se aproximou.
— Clara... - Painting abaixou a cabeça. — Sinto muito por ontem. Eu não quis te assustar.
Clara corou também.
— Tudo bem.
— Sei que não tinha o direito de agir daquele jeito.
— Você é meu amigo, Painting. Não tive medo.
Ele mordeu o interior da bochecha.
— Não vai se repetir.
— Obrigada. - deu um sorriso sem jeito. Emerald os olhava de braços cruzados. — Bem, vamos trabalhar.
A manhã passou rapidamente, porém Clara tossiu bastante e sua garganta parecia estar arranhada.
Os três saíram para almoçar no mesmo horário e não passou despercebido para Clara que Painting deixou que elas entrassem na frente no refeitório.
Pegaram sua comida, Emerald sentou-se na mesa com outras escoltas e Clara sentou-se com as mães. Adorava passar um tempo com as crianças e suas mães.
Cedar almoçaria no escritório com Sky, Creek e Blade.
Quando voltou para a clínica, Clara sentia calafrios. Emerald sugeriu que ela voltasse para casa, porém precisava terminar os atendimentos.
Na volta passou pelo Clube e pegou chá para fazer em casa. Emerald se ofereceu para ficar com ela, contudo tudo o que queria era tomar banho, beber o chá e dormir de novo.
Depois do banho, Cedar ligou para ela e se alarmou por não estar se sentindo bem. Ele correu para casa e a encontrou já deitada. Sentou-se na cama.
— Como você está?
Clara se espreguiçou; havia cochilado.
— Peguei um resfriado, mas estou bem.
— Não entendo de doenças, o que posso fazer?
Clara abriu os braços e ele a abraçou.
— Me dar carinho.
— É sério, doçura. Quer ir para o Centro Médico ? A doutora Thainá está atendendo.
— Não precisa; é só um resfriado.
— E não é grave?
— Não. Incomoda, mas não é grave. - cheirou o pescoço dele. — Pode deitar comigo um pouco?
Cedar tirou a bota coturno e deitou ao seu lado, aconchegando-a nos braços.
Ele não voltou para o escritório e mais tarde pediu o jantar para os dois.
Ficou surpreso com a coriza escorrendo do nariz de Clara e colocou meias nela.
Jantaram conversando sobre a colônia, o casamento e sobre a família de Clara. Ele era fascinado por famílias.
Na hora de dormir Clara cantou para ele, feliz por tê-lo em sua vida.
Cedar a acariciou gentilmente, massageando suas costas quando ela tossia.
Clara descansava no bíceps muito forte e acarinhava seu peito, se lamentando por não estar bem para usufruir do corpo nu colado ao seu.
Fora uma adolescente magricela que não atraía os rapazes, por isso ter um homem íntegro e maravilhosamente másculo desejando-a tanto a fazia se sentir a mulher mais interessante e linda do mundo.
Sabia que Cedar não dormia cedo e que a acompanhava na cama pela paixão e pelo carinho.
O que acontecera há dois dias ainda a deixava tonta. Cedar a reivindicara, como as Novas Espécies diziam, e a marcara como sua. De vez em quando ia ao banheiro e levantava o curativo para ver os dois furos em sua pele. Ela fora mordida selvagemente.
Abriu os olhos e ele a olhava.
— No que está pensando?
— Em você, na ONE.
Ela acariciou seu rosto e Cedar virou o rosto para beijá-la.
— Eu penso em você o tempo todo, amor.
— Eu também, pequenina.
— Fico insegura por você ser quem é.
— Como assim?
— Emerald me disse que você foi o primeiro Conselheiro a ser escolhido. Todos o respeitam, você é um verdadeiro líder.
— E isso te deixa insegura?
— Não sou uma mulher Nova Espécie. Não sou forte e corajosa como elas... - beijou o peito dele. — Nem tão bonita e sexy.
— Isso é bobagem. Eu fico duro só em pensar em você. Sinto água na boca quando sinto o remexer dos seus quadris. E você me tem submisso apenas em me olhar.
— Isso foi lindo, Cedar...
— Você é linda.
Clara o abraçou, sentindo a excitação tomando-a, mas estava tão fraca e dolorida... O calor do corpo quente e a mão que a acarinhava a excitaram demais. Como resistir a ele ? Passou uma perna por cima da dele e ficou curtindo o silêncio estabelecido.
Cedar era seu, todo seu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
CEDAR: Uma história Novas Espécies 5
Science FictionCedar é um dos Novas Espécies, seres humanos criados em laboratórios da indústria farmacêutica Mercille. As Novas Espécies tiveram seu DNA alterado com DNA de alguns animais. Cedar é membro do Conselho das Novas Espécies e atualmente cumpre seu trab...