Capítulo 9

1.2K 125 12
                                    

Cedar ainda iria entender o que o fazia tão desagradável com Clara. Ele não tinha que perguntar por suas compras e, com certeza, não deveria ter perguntado sobre Painting. Se ela queria roupa íntima sensual para usar com aquele macho tinha todo o direito de adquiri-la.
Girou a sua cadeira, se remoendo. Não deveria se incomodar com Clara. Só em comentar sobre sua virgindade já era muito inapropriado; a maioria das humanas era muito sensível sobre sua vida sexual.
Pensou em Painting levando Clara para o seu dormitório. Ou ela o levaria para o dela? Será que o macho sabia que ela era virgem?
Parou de girar a cadeira. A intimidade de Painting e Clara só cabia a eles.
Pegou um lápis e começou a mordê-lo. Ela estaria mesmo interessada em compartilhar sexo? Teria um interesse especial ou qualquer macho serviria?
O lápis quebrou em sua boca. Era um hipócrita! Sabia muito bem que o interesse especial de Clara era ele. Então... Por que não ser ele o seu primeiro macho? Ele seria muito cuidadoso quando a penetrasse e faria de tudo para lhe dar prazer. Eles eram livres, podiam compartilhar sexo com quem quisessem.
Imaginou-a tão delicada, envolvendo seus quadris com as pernas, os pés cravados em sua bunda motivando-o a possuí-la mais e mais. Sentiu seu pênis vibrar.
Pegou o lápis e o quebrou em pedacinhos.
Ele era o líder de Homeland III, um conselheiro e não devia estar preocupado em possuir uma pequena humana. Tinha que pensar na prosperidade da colônia e na segurança da tribo jamerawa.
Abriu uma tela no computador e voltou a pesquisar maquinário para expandir  a agricultura.
Deixaria aquela mulher em paz.

Os dias correram muito tranquilos para Clara. A rotina na clínica era pesada, mas muito compensadora. Três espécies ficaram como seus assistentes fixos, incluindo Painting. O homem era muito inteligente e habilidoso e ela o ensinaria a realizar pequenas cirurgias.
Painting estava sempre ao redor dela. Era muito sensível e engraçado e parecia não conhecer o poder que sua beleza máscula tinha sobre as humanas que trabalhavam em Homeland III. Queria sentir atração por Painting e não por aquele homem insensível e desagradável que era Cedar.
Em duas ocasiões o encontrara, mas apenas o cumprimentara educadamente e saíra de perto. Ele a olhara tão intensamente que ela sentira seu corpo inteiro se aquecer. À noite se tocava pensando nele, desejando-o, mas se sentia uma boba depois. Cedar zombara dela, a diminuíra e ainda assim a perturbava.
Nos últimos dias do mês, suas amigas Novas Espécies e humanas se prepararam para a festa de despedida de Fiber e Aruana. Alguns moradores de Santa Rosa viriam e Verity mostrava mais ânimo do que o normal. Emerald lhe contara que ela tinha uma queda pelo filho do prefeito.
Clara separou seu vestido vermelho curto, um frente única que marcava os seios e a saia se abria, esvoaçando ao redor dos quadris.
Quando o dia chegou apenas alguns espécies foram deixados de plantão na maioria dos setores; os muros, porém receberam equipes extras por causa dos humanos que viriam. Clara aprendera que as Novas Espécies eram muito cuidadosas com a sua segurança.
A noite estava quente e os convidados usavam o mínimo de roupas. Ficou chocada com os vestidos e saias curtíssimas que as mulheres Novas Espécies usavam; não haveria nenhum homem capaz de resistir à sua beleza sensual.
Chegou na festa com Verity que olhava atentamente ao redor. O Clube estava decorado como uma boate e mesas foram colocadas contra as paredes para abrir espaço para a pista de dança.
Novas Espécies e humanos já dançavam animadamente ao som de músicas eletrônicas.
— Você quer uma mesa? - perguntou Verity.
Clara olhou para algumas mesas e decidiu sentar com Estela e a doutora Thainá. Deixou Verity à vontade.
Sentou-se à mesa e logo estava envolvida na conversa. O companheiro de Estela era muito calado, mas sua mão por cima do ombro da sua companheira não deixava de acaricia-la. Já Blade era bastante falante e Thainá parecia beber as suas palavras.
Painting apareceu e a chamou para dançar. Ela se divertiu muito, pois os dançarinos Novas Espécies sacudiam os corpos como se pesassem meio quilo. Eles saltavam e rodopiavam, homens e mulheres misturados. Clara passava de um parceiro de dança para outro.
A batida da música e os parceiros maravilhosos a ajudaram a esquecer qualquer aborrecimento.
De repente, mãos fortes a seguraram pelos quadris e a erguiam nos passos mais elaborados. O homem a girou, segurando-a pela cintura e Clara se viu frente à frente com Cedar. Errou um passo, tropeçou, mas ele a segurou firme.
Ele se inclinou sobre ela, encostando a boca em sua orelha.
— Gostando da festa?
— Estou.
Ele sorriu, as presas aparecendo e ela o comparou ao Lobo Mau.
Rodopiou com ela e a trouxe para seu peito.
— Você está muito bonita. - ela não agradeceu, esperando que ele dissesse algo desagradável em seguida. — Painting não tem ciúmes?
Ela apoiou a mão em seu peito e o empurrou. Ele não se moveu nem um milímetro.
— Não é da sua conta.
Cedar riu.
— Nervosa?
Ela ergueu o rosto.
— Fico assim com pessoas desagradáveis.
O sorriso dele desapareceu.
— Sou tão desagradável assim para você?
Clara admirou o olhar sério.
— O senhor se esforça.
Ele abriu a boca para falar, mas uma mão a segurou. Virou o rosto e era  Painting. Ele sorriu e, sem parar de dançar a puxou para si. Cedar franziu as sobrancelhas, mas a soltou.
Clara se deixou levar pelo amigo. Ele pulou e girou com ela pelo salão. Não mencionou seu encontro com Cedar.
— Quer um refrigerante?
— Quero.
— Volte para a mesa que levarei para você.
Clara foi para a mesa. Apenas Estela e o companheiro estavam lá, conversando com as cabeças muito juntas. Clara se sentou sem graça, mas Estela puxou assunto.
— Gostou de dançar?
— Ufa! Esse pessoal sabe se divertir!
— Sabem mesmo. São muito intensos em tudo.
Clara concordou com a cabeça, mas não conhecia aqueles seres totalmente. Painting voltou com os refrigerantes e ficaram conversando sobre a clínica. De repente começou uma música lenta e ele a olhou. No mesmo instante uma mulher que trabalhava na creche o tocou.
— Quer dançar comigo?
Ele olhou para Clara, porém ela não achou que tinha algum direito de opinar. Viu a decepção no olhar dele, mas se manteve em silêncio. Painting se levantou e acompanhou a mulher.
— Você não se importa? - perguntou Estela.
— Com o quê?
— Painting dançar com outras.
— Eu? Não, claro que não.
Estela a observou atentamente.
— Pensei que estavam juntos.
— Ah, não. Somos só amigos.
— Ele sabe disso?
— Minha Estela... - Vengeance murmurou e Clara ficou impressionada. Nunca ouvira a voz do homem. — Deixe-a.
— Só estou perguntando, Ven. - Estela se virou para ela. — Eu te chateei?
— Não.
— É que reparei que são muito próximos. - Clara sabia que ela e Painting passavam muito tempo juntos, mas ele não a pressionara depois que confessara seu interesse. — Os machos Novas Espécies são muito territorialistas. - Estela parou de falar e olhou por detrás de Clara.
— Venha dançar. - a voz grave soou às suas costas.
Ela se virou e ergueu o rosto no momento que Cedar tocou seu ombro.
Seu primeiro pensamento foi de recusar, mas gostara de estar entre os braços dele.
— Sim.
Ignorou o olhar astuto de Estela e se levantou . Cedar segurou sua mão e a levou para a pista de dança, que estava à meia luz.
Ele segurou suas costas e a puxou contra seu corpo. Clara sentiu-se pegar fogo com o toque muito quente das mãos na pele de suas costas.
Talvez aquela dança lenta não fosse uma boa ideia afinal.

CEDAR: Uma história Novas Espécies 5Onde histórias criam vida. Descubra agora