Capítulo 70

3.3K 346 10
                                    

         Fiquei no escritório com Caleb e vi que a situação com o seu pai o desgastou sobremaneira

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fiquei no escritório com Caleb e vi que a situação com o seu pai o desgastou sobremaneira. Ele abraçou minha filha e percebi que estar com ela no colo o acalmou assim como fazia com Bene.

-Desculpe já te receber aqui com um problema deste nível, Olivia, mas parece que meu pai realmente está chateado com a saída do meu filho do hospital. O Lui é um excelente profissional, mas não precisava ter ficado tanto tempo se submetendo aos desmandes e o autoritarismo do seu avô. – falou e se sentou com a neta no colo na mesa imponente. – A muito tempo tinha pedido ele para desistir de lá, Bene fez o mesmo e a minha esposa então, já andava a ficar com os cabelos em pé.

-Caleb, eu sei pouca coisa sobre o assunto. Então preciso de maiores esclarecimentos da sua parte, já que devo ter um embate mais cedo ou mais tarde com a sua família. – ele sorriu.

-A muito tempo deixei de pensar neles como família. – respondeu. – Eu tenho dois irmãos, Cristopher e o Daniel, ambos mais velhos que eu. Tivemos uma criação privilegiada que a maioria não sonhava. – Caleb foi transportado para um passado que estava bem claro que ele não queria visitar. Ele estava falando, mas seu olhar era distante. Falou que ele não se vangloriava, mas chegou a ser como os irmãos, humilhando os menos favorecidos. Que teve o melhor que o dinheiro podia comprar, as férias eram sempre de ostentação. Os amigos eram escolhidos a dedo pela mãe e o pai. E que não poderia dirigir a palavra para qualquer um dos empregados da mansão, pois era algo indigno para um legítimo Gregorinni.

Até ali a história era tensa, mas sentia que o mais pesado viria.

-Minha avó paterna teve dois filhos, tio George era o mais velho e deveria herdar o cargo de presidente do hospital, já que ele estava para se formar com honras em uma renomada faculdade nos Estados Unidos, só que ele conheceu minha tia Rita que também é brasileira e tinha uma bolsa na mesma faculdade e os dois se apaixonaram loucamente e tinham planos de se unirem quando voltassem. Só que a família descobriu antes, e quase o tirou de lá antes dos exames finais. Meu tio já tinha uma vaga garantida caso quisesse continuar lá e foi a única coisa que o ajudou a terminar o curso, pois na semana seguinte tinha cortado sua fonte de renda. – Refletiu e continuou seu relato. – Meu avô mandou meu tio para o hospital pela surra que deu nele, e não foi preso. Meu tio não o denunciou.

-Meu Deus. – Estava incrédula com o relato.

-Tio George foi riscado da família e o nome dele era proibido se falar em casa. Meu pai já tinha se casado com a minha mãe em um casamento arranjado aos dezenove anos, meu irmão nasceu seis meses depois. Antigamente não se aceitavam bem filhos bastardos. – falou. - Logo veio o Daniel e eu. E o casamento deles que não era um mar de rosas se tornou insuportável. Minha lembrança de infância era vendo meu pai chegar em casa com cheiro de outras mulheres e minha mãe brigando com ele. Meu alento era minha avó, mas ela não enfrentava meu avô, não teve força nem para defender o filho. Meu avô morreu, mas deixou o filho caçula como general. Todas as tentativas dela de contato com o mais velho eram frustradas pelo meu pai. Até que eu burlei as regras e fiz contato com meu tio, e nem conhecia ele pessoalmente. – falou. – Fui pego. Minha avó não aguentou ver meu pai me castigando e morreu no dia seguinte de infarto.

-Caleb, eu sinto muito.

-Por um tempo eu senti também, e foi por isso que optei para ir o mais longe possível para estudar. Me formei na Alemanha. No ano seguinte que cheguei na universidade, conheci a Sienna. Eu estava no segundo ano e ela iniciava o primeiro. Ela tinha um estilo livre e veio de uma família estruturada, mas diferente da minha não era tão cobrada por perfeição. Custei a me abrir com ela ou com qualquer colega de curso. Mas, como viu, a minha esposa é muito espontânea e arrancou a força de mim tudo que não desejava falar. Foi ela que me convenceu a procurar meu tio e foi ele o meu pilar quando voltei ao Brasil e fui trabalhar em um hospital concorrente.

-E seu pai te deserdou?

-Não deserdou, mas fez da minha vida um inferno. Só que o pai da Sienna era um excelente médico neurologista e tinha ações da Italian, que meu pai abriu assim que assumiu o hospital. Eu voltei casado, meus pais nem ficaram sabendo. Lui já estava a caminho e a minha sogra que nos ajudou com ele nos primeiros anos. Alonso conheci em uma festinha de pais da escola e descobri que meu filho e o seu eram amigos, nos tornamos amigos também por rebote. – e riu de como a vida tinha levado eles até aquele momento.

-Porque o Lui quis trabalhar lá?

-Isso somente ele vai poder te falar com exatidão, mas acredito muito no fato de nossa família ser pequena e a do amigo dele e hoje marido, ser grande, então ele meio que queria ter a certeza de que poderia conviver com os seus familiares. Expliquei o que havia acontecido no passado, mas ele precisava ter a própria experiência. Acabei não interferindo.

-Um dia se ele quiser falar, irei ouvi-lo.

-Sei que sim. – e o silêncio se fez presente quando olhei para a minha filha no colo dele que ressonava em um soninho gostoso. Sorrimos um para o outro para limpar o clima tenso.



Mais um capítulo para vocês apreciarem. 

Votem, comentem e me sigam. Beijinhos

Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora