Capítulo 80

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         Estava em choque, não podia ser verdade o que acabei de ouvir da minha amiga

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Estava em choque, não podia ser verdade o que acabei de ouvir da minha amiga. Minha amiga, irmã de coração tinha acabado de ficar órfã. Dona Roberta e Sr. Alfredo se foram em um acidente fatal.

-Alice, já estou indo para a sua casa. – Falei com as lágrimas escorrendo em meu rosto.

-O que eu vou fazer, Liv. Porque Deus me tirou os dois ao mesmo tempo.

-Amiga, eu não tenho essas respostas para te dar, mas meu colo é seu. – Todos pararam para prestar atenção a minha ligação. Lui segurava a minha mão e apertei a dele em retorno. Como se me entendesse, foi para dentro da casa para trocar de roupa e me levar onde precisasse.

-Obrigada, vou ficar esperando. Preciso resolver tanta coisa, mas estou com muita dor.

-Eu sei que doí, mas estaremos juntas. Vou só me arrumar e estarei em breve junto de você.

-Olivia, o que aconteceu? – Alonso perguntou.

-Os pais da Alice sofreram um acidente de carro. Ambos morreram. – Ouvi um coro de vozes falando ao mesmo tempo, mas não conseguia prestar atenção. – Preciso ir. Alguém poderia trocar a Pérola para mim.

Helena pegou minha princesinha e subiu comigo. Bene foi atrás e menos de 20 minutos estava a caminho do edifício que morava. Me sentei no banco de trás com a nossa filha, e mais lágrimas desciam dos meus olhos. Precisava chorar tudo agora, pois minha amiga necessitava da minha força para lidar com o luto.

Pegamos um pouco de engarrafamento, ao chegar no condomínio me identifiquei e Bene estacionou na minha vaga. Havia uma comoção de vizinhos falando sobre o ocorrido, alguns me cumprimentaram por educação, outros só queria mesmo fofocar sobre a morte trágica do casal.

Fui direto para o terceiro andar e bati na porta. Alice abriu e me assustei com o rosto dela roxo no lado esquerdo, não imaginava que ela estivesse no veículo. Ela se jogou em meus braços e choramos juntas paradas na porta. Meus namorados esperaram no corredor. Bene carregava nossa filha.

-Alice, você está machucada, não sabia que estava no acidente. Já foi ao hospital? Foi medicada?

Vi ela se retrair e se soltar do meu abraço, virar de costas e abraçar a si mesma. Aquela atitude estava estranha, mas após todos estarmos na sala e com a porta fechada, Alice falou baixinho.

-Eu não estava. Soube hoje. – Mil perguntas pipocaram na minha cabeça, mas lembrei por fim que ela tinha saído ontem com o imbecil do Igor.

-Igor fez isso com você? – perguntei. Ela não confirmou, mas se encolheu com o tom que usei. Eu queria falar, xingar e brigar, mas Alice estava frágil demais e não merecia um sermão naquele momento. A puxei novamente para meus braços. Lui e Bene nada falaram, mas vi seus semblantes com uma interrogação, por não entenderem nada do ocorrido. Eles ofereceram suas condolências e ajuda para a liberação dos trâmites legais, o que foi aceito. Alice entregou alguns documentos e comprovantes de endereço dos pais e dela, caso precisasse. Me despedi deles e Pérola foi colocada no colo da madrinha. Pedi para enviarem notícias, agradeci a ajuda deles com um beijo em cada um antes de saírem.

Depois de amamentar minha filha, colocamos um colchão na sala e a deitamos nele. O celular da Alice não parava de vibrar com mensagens.

-Silencia esse grupo para mim, Liv. – ela pediu. Não tinha forças nem para verificá-lo. Assim como eu tinha a senha dela, Alice tinha a minha de desbloqueio. Vi o grupo do condomínio com milhares de mensagens e fiquei triste, pois estava naquele grupo e tinha o silenciado a muito tempo, por isso não soube do acidente antes. – Eles nem me respeitaram e colocaram as fotos do carro do pai aí.

-Vou falar com o síndico. – Nesse momento bateram na porta e duas vizinhas traziam pães e caixinhas de suco e uma garrafa de café. Peguei tudo e não as deixei entrar, daria notícias em breve.

Coloquei tudo na mesa e novamente o celular dela começou nova rodada de mensagens. Dessa vez era o Igor, ele pedia desculpas e que não faria mais isso. Foi um rompante da parte dele. Bufei e tive vontade de responder. Contudo ela precisava me contar o que houve primeiro.

Alguns familiares dela já estavam a caminho para o funeral, Caleb pediu para que eu não me preocupasse que daria um jeito nisso para nós. Agradeci meu sogro pela gentileza. Lui também entrou em contato, ele precisou usar a cartada de médico e chefe da Alice para conseguir reconhecer os corpos. A liberação tinha sido autorizada e em breve estaria indo para a funerária que o pai contratou.

-Eu dormi na sua casa ontem. – ouvi e não falei nada, ela tinha as chaves e eu tinha dado a ela essa autorização. – Peguei o Igor ontem, no mesmo ponto de encontro de sempre, e estávamos a caminho do mesmo motel. – falou baixo. – Pedi a ele se podíamos parar em algum lugar para comer antes, pois estava com fome. Ele negou e insinuou que não deveria comer nada antes de transarmos, poderia me causaria indigestão, já que eu não conseguia abrir mão de comidas pesadas. Aceitei, mas tinha um plano de sair de lá e levá-lo em uma pizzaria que tinha inaugurado aqui no bairro. Falei com ele sobre ir lá assim que chegamos e mau tive tempo de processar o rompante dele. Igor gritou comigo e apontava o dedo na minha cara falando que não apareceria comigo em lugar nenhum, pois eu não tinha um corpo bonito para estar acompanhado com ele.

Alice levantou e novamente se abraçou. Minha amiga nem estava processando o luto ainda, pois estava ferida de outras formas.

-Tomei coragem não sei de onde e falei que se ele não podia aparecer comigo em público, não precisava me ter no privado. – contou. – Igor voou no meu rosto e me acertou com um soco. Falou que só estava comigo por pena, que tinha e podia arranjar coisa melhor. Andava de um lado para o outro assim que viu a merda que fez. Ele tentou me tocar, mas gritei e apertei a sineta como se fosse comprar algo. Igor abriu a porta e saiu correndo, o covarde. Fui ajudada por alguns funcionários do motel. Eles nem me cobraram nada, pois nem usamos o quarto. Queriam chamar a polícia e não deixei, vim embora e desliguei o meu telefone. Fiquei com vergonha dos meus pais e vim direto para o seu apartamento. A chave estava no meu carro e agradeci por isso. Agora estou arrependida, Liv. Se eu estivesse com o telefone ligado tinha atendido meu pai e dado os primeiros socorros a minha mãe, mas ele saiu correndo e foi provavelmente o que causou o acidente. – Alice voltou a chorar e eu a abracei deixando que ela descarregasse tudo que precisava.

Nunca imaginei odiar tanto alguém como agora odeio o Igor, ele vai pagar, de uma forma ou de outra. 



Maratona de feriado encerrada.

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3/3

Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora