Capítulo 45

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Fui para o trabalho flutuando, foi uma noite foda demais, a Olivia era tão intensa, na medida certa

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Fui para o trabalho flutuando, foi uma noite foda demais, a Olivia era tão intensa, na medida certa. E pela primeira vez entrei no trabalho com vontade de voltar para trás.

Agradeci que naquele momento não tinha nenhum paciente para atender, pois estava fora do meu normal para o trabalho. Entrei para o meu consultório e acessei minhas redes sociais, fiz uma solicitação de amizade para a minha garota, ainda não tinha nenhuma foto dela e aquilo deveria ser remediado logo.

Minha foto de tela era a mesma que tinha mandado para Olivia do Bene e da Pérola deitados no sofá. Precisava de mais momentos desses.

E foi com esse pensamento que resolvi ligar para ela e saber como estava sendo o passeio e pedi novas fotos. Antes de localizar seu contato minha porta foi aberta. Suspirei em desagrado.

-Dr. Leon. – falei entre dentes. – Não sabe bater antes. Poderia estar em atendimento.

-Sem formalidades, primo. Confirmei na recepção antes se tinha alguém com você. – e puxou a cadeira se sentando na minha frente.

-Certo. – Respondi e esperei ele falar, já que estava aqui.

-Você ainda não confirmou sua presença na festa de aniversário do meu casamento, Camille me falou isso ontem. Como temos plantões juntos deixei para conversar com você pessoalmente. – falou calmo e com um sorriso tão falso que me causava ânsia.

-Não confirmei, pois ainda não tive oportunidade de falar com o meu marido, Leon. – e realmente não me importei de comentar esse assunto com o Bene, pois minha família paterna eram pessoas mesquinhas, gananciosas e extremamente preconceituosas. Senti na pele a mudança de comportamento dos meus tios, primos e até mesmo dos meus avôs, quando me assumi. E nem éramos tão chegados antes. Estava fazendo a residência em outro hospital, foi um pedido do meu pai, para não ter preferências nos atendimentos e aprender com os meus méritos não pelo nome da família.

Eu sofri, mas no final tinha uma vaga garantida no lugar, mas o meu avô foi persuasivo e me convenceu a vir para a rede hospitalar que ele comandava com mãos de ferro e o salário era ótimo, acabei aceitando. Toda a família era médica incluindo meus primos e tios, ninguém saiu da linha como o patriarca gostava de falar nas reuniões de familiares.

Como já estava namorando o Bene, o levei comigo em uma dessas festas elitistas que todos participavam, foi o caos. Quase causei o início da terceira guerra naquele momento. Bene saiu aos socos com Alec, outro primo meu, e meus pais que nada tinham a ver com minhas escolhas, foram enxotados do círculo íntimo. Dona Sienna, minha queridíssima mãe, falou que aquilo era um favor para ela, mas como já não tinha os pais e era filha única também, sabia que cedo ou tarde ela sentiria falta de contatos familiares. Helena nunca a deixou sentir menos do que irmã dela. E hoje as duas eram amigas grudadas pela bacia. Não sabia como minha mãe ainda não me procurou para falar sobre a Olivia. Muito estranho.

Desse dia em diante nunca mais fui a nenhuma festa de família, exceto no casamento do bastardo a minha frente. Eu tinha um pouco de respeito por ele, mas fui apenas o bobo da corte para entreter os convidados grã-finos. Só fiquei até o horário que o decoro mandava, mas fiz questão de antes de sair, dar um espetáculo com um beijo pornográfico na frente de todos. As manchetes dos jornais só falavam sobre a relação homoafetiva do neto de Archie Gregorinni no dia seguinte. Camille ficou irada por ter sido ofuscada pelo meu ato. Então todos os anos a megera faz uma megafesta de aniversário de casamento, para compensar o desastre dela.

Dois meses antes de completar o primeiro ano deles, fiz o megaevento que foi o meu casamento, e ninguém da minha família foi convidada, mas amigos próximos deles sim. Claro que selecionados a dedo. Novamente fui notícia, e minha vida neste hospital se tornou o inferno sobre a terra. Bene talvez tenha razão, estava na hora de sair daqui. Nenhum dinheiro que ganhe vale a minha paz de espírito.

-Todos os anos você vem com a mesma desculpa. Pode pelos menos fingir que está feliz por mim.

-Fingir é algo que não posso fazer por você, Leon. E na verdade por ninguém. Eu ainda tenho um pouquinho de consideração por você, por termos a mesma idade, mas essa consideração só vai até o âmbito profissional. A partir do momento que ouvi sua fala homofóbica no dia do seu casamento, minha confiança se quebrou e prometi que não colocarei em meu círculo íntimo pessoas com esses preconceitos. Eu amo meu marido, e não estou aqui para levantar uma bandeira, apenas somos unidos por um amor que ultrapassa o sexo, se me faz entender. - vi ele abaixar a cabeça e suspirar. Eu tinha uma desconfiança sobre a orientação que ele tinha, mas quando se casou preferi deixar de lado essa informação. Sempre nós demos bem, mas ele foi tão preconceituoso comigo, como o resto do clã Gregorinni.

-Lui, você é realmente feliz assim? – a pergunta me pegou desprevenido. Naquele momento só pensava na Olivia, Bene e na minha princesinha Pérola.

-Assim como?

-Com outro homem. Digo, você um dia vai querer filhos, e bem vocês são homens. E sei lá, mulheres são mais delicadas.

-Você está curioso. – brinquei. E percebi ele ficar tenso. – Você pode ter filhos e mesmo assim não têm. – rebati. – Olha não que seja da sua conta, mas vou sanar sua curiosidade um pouquinho, mas só um pouquinho, ok. – falei. – Sim, somos dois homens, e dois homens grandes. – frisei. – Temos uma pegada bruta, mas temos momentos muito românticos. E sim teremos filhos, porque temos condições financeiras para educá-los e dar uma qualidade de vida para quantos forem. – Pontuei. - Leon, não se trata de ser casado com outro homem ou uma mulher, a nossa família é mesquinha e nada que eu ou você fizer vai agradar a eles entendeu?

-Por que está me incluindo?

-Você tem a sua resposta, primo. – falei. – Agora preciso trabalhar, tenho um paciente. – falei o dispensando. Ele levantou e abriu a porta da sala, olhou para mim por um tempo e saiu em seguida.

Dei munição o suficiente para ele pensar, e caso queira, fazer algo para sanar a curiosidade que o rodeia. Se ele era homo, bi ou curioso, só havia uma certeza, ele estava profundamente escondido dentro do armário.

Tive que deixar a ligação para outro momento, já tinham dois pacientes na fila de atendimento.


Apresento a vocês o primo do Lui. Podem apaixonar ou não por ele. Fogo no parquinho. rsrsrs

Esse capítulo dedico para mais uma querida que também está comigo sempre nos comentários. Beijinhos


Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora