Capítulo 62

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         Osvaldo me respondeu mais rápido do que imaginava

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Osvaldo me respondeu mais rápido do que imaginava. Me mandou alguns artigos interessantes, mas eram muitas páginas, então baixei todos os materiais, para ler com calma.

Me enviou também dois contatos, um do Rio e outro do Paraná. Avisou que enviou uma solicitação para contato com o presidente responsável de uma rede hospitalar de Belo Horizonte e tinha um conhecido em São Paulo que trabalhava no financeiro do Hospital Italian.

Senti um calafrio passar pela minha coluna. Não pretendia ter contato com a família Gregorinni se pudesse evitar. Salvei os contatos que ele me passou, enviaria um e-mail para ambos. E quem sabe poderia ter a sorte de uma reunião online com um deles ou com os dois.

O interfone tocou e estranhei o fato de a portaria não sinalizar a chegada de visitas. Ao olhar na câmera de segurança vi Helena parada esperando a liberação de entrada. Abri o portão e esperei ela caminhar até a porta. Fiquei ansiosa e o estalar de dedos começou.

Abri a porta da frente após fazer um exercício rápido de respiração.

-Helena, bom dia. – Sorri incerta de como seria tratada pela mulher a minha frente.

-Ei Olivia, bom dia. – Ela me surpreendeu, me abraçando, mas não foi um abraço qualquer, foi um abraço de alguém que queria mostrar que se importava. Ela estava lá e eu senti o carinho. – Desculpe ter demorado tanto. – Entramos, e fomos em direção ao sofá, após fechar a porta. Nos sentamos uma ao lado da outra. Ela estava muito bem-vestida com uma calça de alfaiataria e blusa de seda em cores claras. – Vocês estão juntos. – Não foi uma pergunta, mas não tinha um tom de acusação.

-Sim. Nós estamos.

– Eu me sinto uma idiota por falar isso, mas preciso ser sincera com você. – Assenti. – Quando o Benício me falou pelo telefone que ele queria algo com você, só consegui pensar no Lui e juro que pensei que você seria uma amante sem ele saber. Só que estava menos preparada ainda para uma relação nesse nível. – Suspirou. – Eu vi quantas pessoas se afastaram do meu menino quando se assumiu. Muitos foi ele mesmo que correu, outros realmente foram surpresa para nós com tamanho preconceito. – Contou. – Mas, sempre fomos família e fiquei do lado dele o tempo todo, pois sabia, e meus instintos nunca falharam, que os dois iriam ser um casal, mesmo ainda muito jovens. Cheguei a comentar com meu marido sobre isso e ele riu e falou que eu estava vendo coisas onde não tinha. Questionei ele caso fosse verdade o que ele faria. Qual posição tomaria.

-O que ele respondeu?

-Que se o filho dele amasse um pau, ele seria mais homem que ele mesmo. – Não aguentei e ri nesse momento. – Então falei com ele minhas suspeitas quanto a você, só que não tinha presenciado sua interação com o Lui, e foi meu erro, pois te julguei erroneamente e sem merecer. E por isso te peço perdão.

-Não tenho que te perdoar, Helena. Confesso que ao saber do seu afastamento fiquei sentida, pois você me tratou tão bem e a minha filha também.

-Preciso sim. Pois mesmo após o meu filho garantir que o Lui estava nessa com ele eu continuei com pé atrás, mas dessa vez foi por outro motivo.

-E qual o motivo?

-O preconceito com eles, com você e até mesmo com a Pérola. Imaginava vocês tendo situações ao saírem para algum lugar e sendo expulsos, e no pior cenário eles brigando por não aceitar desaforos. Pensei em como ficaria a cabeça de uma criança na escola e o bullying sofrido. Foram tantos cenários e eu senti medo. Muito medo. – Ficamos em um silêncio por um tempo e fui obrigada a quebrá-lo.

- Se o Lui e Bene adotassem um filho, a criança teria que enfrentar situações que ela não pediu também, certo? – ela concordou. – O que eu quero te dizer Helena, é que o preconceito não vai deixar de existir mesmo se nos cercamos de todos os tipos de proteção possível. Eu, eles, minha filha, pessoas com deficiência, trans, moradores de rua, a sociedade que está a margem da pobreza que sofrem e não pediram por isso, todos esses e muitos mais vão sofrer em algum momento da vida. E cabe a cada um saber como lidar com isso. Para os adultos podemos separar aquilo que não gostamos e afastar. Em alguns casos se usa a raiva como arma, o que não é o correto, mas é algo humano. Os limites as vezes ficam borrados. Já as crianças precisam ser protegidas de adultos violentos e prepará-las da melhor forma possível para o que será encontrado no futuro. Contudo cada um tenta contornar como pode para lidar com o que mais afeta a vida dela. Eu sou insegura e tenho medo dessa relação, mas meu medo não tem nada a haver com o preconceito da sociedade. O que eu tenho medo e de não conseguir ser uma igual nessa relação. Eu não vou aceitar sentar e esperar eles me encherem de presente. Eu fui autossuficiente por tempo demais para ficar sob a asa de quem quer que seja. – Helena sorriu.

-Você é um achado, Olivia, o Lui precisava de alguém para ajudar a drenar meu filho. – E gargalhou. – Em contrapartida, meu genro é a pessoa mais grudenta que vai conhecer na vida.

-E eu já não percebi isso. – Sorri.

-Obrigada por me dar uma neta. – falou por fim. – Posso marcar um almoço na minha casa para meu marido e meus outros filhos conhecerem vocês?

-Eu conheci o Bernardo.

-Sério?

-Sim, o Bene me levou na oficina dele, antes de irmos ao parque. Foi no dia que encontramos com o primo do Lui por lá. – Ela bufou.

-Qual deles?

-Alec. – Respondi. E fiz um resumo rápido dos acontecimentos ocorridos no final de semana. Ela ficou chocada ao saber que a Sienna já tinha um quarto montado na casa dela para a Pérola.

-E com certeza na minha casa vai ter um também. – Gargalhei, não tiraria da minha filha a oportunidade de ter uma família que me ajudaria a protegê-la do mundo.

-E sobre o almoço, falarei com o Lui e Bene.

Nesse momento a porta foi aberta, Lui estava retornando coma nossa filha. E com a conversa acabei nem lembrando do almoço. Teremos uma refeição tardia.



Desculpe pelo atraso. Era para ter publicado este capítulo ontem, mas por ser níver do meu pai, saí para comemorar. Agora estou aqui as 5 da madruga, publicando antes de sair de casa. Olha como eu amo vocês. Beijinhos e sextouuuu

Má conduta( Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora