Capítulo Cinco

164 15 2
                                    

Harry

Após meia hora a ouvir a chata da minha borboleta a resmungar por causa da montanha russa, peguei nela e caminhamos até à beira rio a comer um gelado de caramelo.

O mesmo silêncio estranho está instalado entre nós desde que viemos para aqui, e admito que é um pouco desconfortável. Caminho um pouco mais para o seu lado e olho diretamente para o seu perfil.
Há qualquer coisa em que ela está a pensar, e eu adorava saber o que é... A sua expressão esta concentrada, e é adorável a forma como ela morde o seu lábio inferior quando pensa em qualquer coisa.

O meu corpo automaticamente reage à sua forma de estar, e tento ao máximo controlar me para não a beijar e foder aqui mesmo.

- Para com isso Harry Edward Styles! - O meu subconsciente repreende e eu dou-lhe uma chapada mentalmente.

Sinto o seu pequeno corpo parar a meio do caminho e paro também um pouco mais à frente. O seu olhar está intensamente concentrado num banco à beira rio, e automaticamente sei o porquê. As suas bochechas estão a ficar cor-de-rosa e os seus olhos um pouco inchados, o seu cabelo loiro está a ondular ao vento e parece que estou a ver uma deusa grega qualquer há minha frente.

Uma enorme vontade de a abraçar e dizer-lhe aqui mesmo que ela é a melhor pessoa que já conheci invade o meu pensamento, mas controlo-me, preferindo ficar em silêncio.

Pego na sua mão fazendo o seu olhar colar no meu, enviando um arrepio por todo o meu corpo e olho para o banco, sabendo que o seu olhar está a seguir o meu. Olho novamente para ela, como que a pedir permissão e ela assente encolhendo-se um pouco no seu casaco.

A passos lentos, caminhamos, ainda de mão dada para o tal banco. Este parece ser velho, uma vez que a sua cor já está gasta e a lascar. Ambos nos sentamos nele, e a pequena e frágil pessoa desaba em lágrimas ao meu lado.

Acabo por me render e abraço o seu corpo, fazendo-o estremecer um pouco por causa da falta de cuidados que este tem. Sinto as suas lágrimas molharem a minha camisola e abraço-a com mais força, afagando o seu cabelo ao mesmo tempo. Tudo o que eu queria era poder protegê-la de todos os monstros e pesadelos da sua cabeça e afasta-los para sempre dela.

Afasto-a um pouco de mim, e seco a suas lágrimas, enquanto uma vontade de chorar com ela me invade o corpo também. Não sei como, mas esta miúda tem qualquer coisa de especial, e isso cativa-me imenso.

- Está tudo bem em chorar... - Falo para ela e os seus olhos azul céu fixam em mim - Eu não vou a lado nenhum, e sabes porquê? Porque eu estarei sempre aqui para secar as tuas lágrimas. És a miúda mais forte que eu já conheci Leah.

- Mas é tão difícil - Ela soluça e mais uma das muitas lágrimas escorre pela sua cara.

- Eu sei que é difícil, mas sabes uma coisa? Aquilo que tu sentes pela tua mãe, todas as recordações, todos os sorrisos, todos os abraços, todas as palavras, vão estar sempre guardadas aqui - Aponto para o seu coração - Nem mesmo a morte tem o poder de apagar aquilo que tu e ela foram e construíram.

Pego numa mecha de cabelo seu e coloco-a atrás da sua orelha - Tu não tens mesmo noção do quão incrível és pois não?

- Incrível eu? Não me sinto assim neste momento - Ela dá uma pequena gargalhada seca.

- Até te podes sentir uma lástima, mas és mesmo incrível, e sabes porquê? Porque levantas esse teu corpo todos os dias, metes um sorriso na cara e vens para a escola como se tudo na tua vida fosse fácil e perfeito. Admiro mesmo essa tua força e coragem para o fazer, porque eu sei o que é acordar e querer ficar o dia todo na cama, porque não se tem forças para levantar e encarar o mundo - Meto uma mão de cada lado da sua cara e olho fixamente para ela - Quero que me prometas uma coisa...

Ela assente e eu continuo.

- Até podes passar o dia todo comigo, aqui neste banco velho, mas cheio de memórias, a chorar, mas quando isso passar, vais-te levantar e vais ser feliz entendes? Não faz mal seres feliz Leah, e tenho a certeza que era isso que a tua mãe queria. Só quando conseguires ultrapassar e aprender a viver com isto, é que vais ser feliz. E sabes que mais? Quando fores feliz, vais lembrar-te da tua mãe e vais sorrir em vez de chorares como estás a fazer agora - Agarro-a e dou-lhe um pequeno abraço.

***

- Queres entrar? - Assinto e o adorável corpo há minha frente, retira as chaves do bolso e roda a fechadura.

Aperto mais o meu casaco, que entretanto fui buscar ao carro, que estava mesmo ao lado da escola, e olho para o céu. Milhões de estrelas estão por cima de nós, e nunca ninguém lhes dá a devida importância.

Considero que as estrelas e a Lua, são o ser mais bonito que existe no céu e muitas vezes deito-me no meu telhado a observar estes seres que parecem completamente pequenos, mas que são especiais.

Antes de a minha mãe ficar doente e ir para o hospital psiquiátrico, ambos nos deitávamos a observa-las e a contar histórias.
Tenho saudades desses dias... Saudades de quando a minha mãe me fazia chocolate quente no inverno, saudades dos seus abraços, saudades dos seus mimos, saudades do seu cheiro, saudades de tudo mesmo. Ainda tenho a minha mãe, mas ela está cada vez mais doente, e sei que o seu estado demente não vai durar muito tempo.

Costumo visitá-la todas as quartas-feiras, mas sempre que ela me vê, fica num enorme estado de ansiedade, e acaba por entrar em pânico. Nos últimos dias nem sequer a pude ver, porque o médico achou melhor eu guardar as boas memórias que tenho dela.

- Harry? - Uma voz faz-me despertar os pensamentos e olho para a porta - Estas bem? - A voz de Leah transparece preocupação e eu sorrio, por saber que ela se preocupa minimamente comigo.

- Claro! - Dou um passo em frente e entro na sua pequena casa. Um cheiro a droga invade o meu organismo, e só não vomito ali mesmo, porque uma mão me dirige até ao corredor que vai dar aos quartos.

- Não ligues - Ela aponta para a sala - É sempre assim... Convida pessoas para aqui para fumar droga e depois sou eu que tenho de limpar tudo - Ela rola os olhos e entra no seu quarto.

Sigo-a e sento-me na sua cama, enquanto ela pega num pijama e se dirige até à casa de banho do corredor.

- Eu já volto - Olha para mim e eu assinto.

Fico completamente sozinho no quarto e decido explorar um pouco o espaço. Fotografias de Leah mais nova, juntamente com uma senhora igualzinha a ela estão espalhadas pelo quarto, mas nem uma se vê com o pai. Não admira não é?

A porta volta a abrir e eu viro me para trás, encarando o seu corpo numa t-shirt e uns mini calções. Sinto o meu corpo ficar tenso e tento ao máximo, pela segunda vez hoje, não a beijar aqui mesmo.

Mas o que é que se passa comigo?

- Então...- Ela fala e eu choco os meus olhos com os seus - Que queres fazer?

-----/-----/-----

Olá giras :D

Bem, este capítulo foi uma bocado deprimente, mas eu queria mesmo que vocês percebessem a importância que a mãe tem para ela okay? A mãe era tudo o que ela tinha e agora vive com um monstro...

Não se esqueçam de votar e comentar amores :P

All love,  Ana 

Redes Socias: vcs já sabem né? Estão nos capítulos anteriores ;)



Scream! - H.S [Em Pausa] Onde histórias criam vida. Descubra agora