Lauren (Mãe de Leah) - 2 semanas depois
[N.A: ela vai "falar", como se estivesse a dirigir directamente para a Leah. Não estranhem por ela pensar, como se a Leah estivesse a ouvir... Espero que tenham percebido :) Boa Leitura]Sentei-me no grande sofá branco e encarei o envelope branco com o meu nome. Olhei para o meu lado e vi a melhor amiga olhar para mim com os seus grandes olhos abertos.
- Não vais abrir? – Perguntou-me, agarrando no pequeno e frágil pedaço de papel.
Agarrei-o rapidamente, sem lhe dar uma resposta, como se ele se fosse desfazer nas suas pequenas mãos. Ela dela. Eu sabia que era uma carta escrita pela minha filha, e a ideia de a voltar a perder cria um grande e profundo buraco no meu corpo.
Deixei-a partir. Deixei-a viajar de novo para Nova Iorque com o Harry, sem lhe dizer um último adeus. Mas, na verdade, quem é que sou eu para a impedir de seguir o seu sonho?Comecei a lembrar-me de cada momento.
A lembrar-me da cor que o céu costumava provar.
A lembrar-me de ti.
E pedi a quem por ventura mandasse nos meus pensamentos, que me deixasse lembrar de algo mais.
Depois de uma certa e esgotante insistência, lá me deram umas e outras luzes dum reflexo que eu costumava ter.
Agora já me lembrava do teu cabelo, e da maneira como ele voava ao sabor do vento, mesmo quando tu não querias e, por alguma razão ausente do meu conhecimento, o prendias e mantinhas perto de ti.
Eu gostava de o ver balançar, dum lado para o outro, sempre sem parar, como se tivesse vida, como se fosse feliz!
Agora lembrei-me de como éramos felizes. Também te lembras?
Éramos nós sem precisarmos de um tu e eu. Éramos chuva nos dias insuportáveis de calor e Sol nos dias cinzentos e frios.
Olho e continuo a olhar para o pequeno pedaço de papel. Olho, mas não te encontro. Não de corpo, mas de alma, em cada objecto, em cada palavra, em cada gesto, em cada sabor, em cada olhar, em cada parte de ti que deixaste esquecida em qualquer canto da minha memória.
És a minha filha, a minha única filha, e eu amo-te tanto sabias? Tudo o que eu sempre quis foi proteger-te e agora vejo que tudo aquilo que fiz foi tirar-te da minha vida. Esforço-me por lembrar e tento ver-te em coisas que te completam, como a Dança, ou talvez em algo que era nosso, como a Lua.
Mas e depois, há as borboletas!
Lindas voam e voam e não se parecem cansar! Batem asas suavemente e brincam pelo ar como crianças. São elas que mais me lembram de ti, porque tu também costumavas ser assim.
Tinhas asas e comigo aprendeste a voar. Lembras-te de como te ensinei?
Primeiro sorris, e depois voltas a tentar.
Estavas sempre ali.
Houve um tempo, um tempo sabes? Quando ainda me chamavas e eu te ouvia. Quando ainda me pegavas pela mão e eu simplesmente deixava-me ir. Quando ainda éramos nós.Respirei fundo e senti a mão de Anne junta com a minha, como se soubesse que todas as palavras escritas naquela carta fossem mudar por completo a minha vida, a partir do momento em que lesse a primeira letra.
- E se ela não me quiser mais? – Perguntei a medo, antes de ler fosse o que fosse.
- Apesar de a Leah ter voltado hoje para Nova Iorque com o meu filho, não significa que te tenha abandonado... - afagou o meu cabelo.
- Eu abandonei... - engoli em seco, sentindo a vergonha embater fortemente no meu corpo.
- Tenho a certeza que tudo ficará bem – deu um pequeno sorriso – Tu és uma mulher forte e sei que a tua filha te ama como ninguém – Assenti com a cabeça e abri o envelope, vendo imediatamente a sua grande e perfeita letra pousada na folha branca.
Clareei um pouco a minha voz e comecei a ler em voz alta:
"Disseste que ias estar sempre lá.
Sempre lá ao meu lado para o que fosse preciso e para que eu não tivesse medo.
Disseste que sempre que eu quisesse ias estar comigo e que nada nos ia afastar.
Mentiste!
Procurei por ti, chamei por ti, e nada. Não obtive qualquer resposta, apenas o silêncio.
Fiquei com medo e não estavas lá para me abraçar.
Quis fugir, mas não estavas lá para fugir comigo.
Tentei chorar, mas também não estavas lá para guardar as minhas lágrimas.
Quando olhei para o lado é que percebi finalmente – A minha mãe não estava lá!
Mas porquê?
Porquê, se disseste que eu era o teu bebé e que ias cuidar de mim?
Porquê, se eu chamei por ti?
Porquê, se eu queria que lá estivesses?
Diz-me, porquê?
De certa forma eu continuo aqui e tu não.
Não sei onde estás, mas sinto falta da minha mãe... Sinto que já não estás aqui.
Se tudo passa e só o Amor permanece, então tu passaste e só o Amor permaneceu.
Eu enganava-me quando pensava que o Amor eras tu." – Voltei a folha para trás, vendo que a sua letra ainda não acabara e tentei, em vão, secar as lágrimas que ainda escorriam pela minha cara. Olhei para Anne, que mantinha uma expressão triste e agarrei mais forte a sua mão, antes de continuar a ler.Continuação da carta: " Sinto que vou explodir e que o céu vai pelo mesmo caminho...!
Hoje está tão cinzento como eu, e se não chover, vai acabar por rebentar também!
Sinto que tenho o mundo virado ao contrário, e já não me lembro como voltar a concertá-lo! (Costumava sabê-lo de cor, mas entretanto, com a tua vinda de novo para a minha vida, esqueci-me!)
Não consigo pensar... Parece uma revolução isto aqui por dentro! Sentimentos misturados com reflexões, pensamentos cruzados com memórias... enfim, uma autêntica rebaldaria!
Como se estivesse tudo errado! Sinto que tudo está desequilibradamente incorreto! Olho à minha volta e as pessoas desapareceram, as paisagens tornaram-se desfocadas e parece que a minha vida se tornou num quadro, onde a única realidade nítida são os horizontes, os únicos onde não posso tocar!
Como se não tivesse razões para continuar... Sinto que não há mais nada que me prenda aqui, por isso é que decidi voltar para Nova Iorque. Estou farta de tentar ser quem não sou, e nunca hei-de ser! Sinto que não sou nada ao pé de ti. Sinto que não passo de um estorvo na tua vida, e durante estas semanas que passaram, tentei convencer-me a mim própria disso.
Desisto, de tudo e de nada! Desisto de ser quem não era, e agora como um novo acontecimento, desisto de te afastar de mim! (Estava a demorar hã?....) Eu quero a minha mãe de volta. Eu preciso da minha mãe de volta!
Agora reformulo as minhas ideias passadas e peço-te que fiques e que me voltes a dar o mundo, porque desta vez, vou guardá-lo num lugar de que só eu e tu é que vamos saber!
Da tua Leah."Dobrei novamente a folha de papel e guardei-a no meu bolso do casaco. Um sorriso real apoderou-se do meu rosto e as suas palavras ecoaram na minha cabeça: "Eu quero a minha mãe de volta".
Ela queria-me de volta...
- O que é que eu faço? - olhei para Anne.
- Não há nada mais odioso do que não conseguirmos proteger aquilo que amamos - beijou a minha bochecha - Mas se realmente amas alguém, deixa essa pessoa ir. Se voltar, é porque sempre foi tua - Piscou-me o olho e saiu da sala.
Talvez a verdade fosse essa... talvez ela nunca tenha ido embora. Talvez, ele me tenha sempre pertencido.
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Bem eu devo admitir que a decisão de continuar esta história, foi muito repentina e o que era INICIALMENTE planeado era acabar no capítulo 50.
Mas tal como vocês já devem ter percebido, eu sou mais imprevisível que as águas do Oceano Atlântico e decidi continuar com estes dois *-*
Quanto ao capítulo de hoje, resolvi descrever um pouco dos sentimentos de cada uma delas (mãe e filha) e espero que compreendam a decisão da Leah. Afinal ela é sua mãe certo? É óbvio que ela lhe daria uma segunda oportunidade. Só espero que Lauren a use como deve de ser ;)
Obrigada por continuarem comigo e desculpem pela demora.
All Love, Ana ❤
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Scream! - H.S [Em Pausa]
FanfictionLeah Sanders é uma adolescente de 17 anos que vive rodeada de droga, violência e abuso sexual por parte do seu próprio pai. Com a sua mãe morta e apenas um rapaz que acha ser o seu melhor amigo ao seu lado, Leah quase desiste da sua própria vida. M...