Capítulo Vinte

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Harry Pov:

Arrumo rapidamente as coisas na minha mochila, e agradeço mentalmente a Deus por não ter mais disciplinas hoje, dando-me o tempo livre para pôr o meu plano em acção. Decidi, com os meus outros companheiros, que é hoje o dia em que o grupo vai atacar e que o pai da Leah vai ter finalmente aquilo que merece há muito tempo.

Como é que é possível que nunca ninguém tenha dado conta que ele bate e viola a própria filha? Como é que é possível nunca ninguém ter feito queixa dele? Não consigo entender como é que um monstro destes ainda está vivo, porque o que ele precisa é de levar uma boa lição para ver se aprende. Tentei falar com ele e nem isso resultou, fingiu que eu era apenas um miúdo que nunca faria nada, mas ele engana-se, porque eu tenho mais poder do que ele julga. Não é por acaso que fui treinado para fazer parte do grupo mais perigoso da América.

Caminho pelo corredor e coloco os meus fones, dirigindo-me para o portão de saída da escola, chocando com alguns miúdos que estão a correr como loucos, como se o almoço não chegasse para toda a gente...

- Até logo Mr. Wolf - aceno ao porteiro e ando rapidamente para o meu Range Rove preto.

Sinto algo gelado tocar na minha mão e viro-me para um corpo mesmo à minha frente. O seu cabelo loiro está atado num coque, com algumas tranças de lado, como eu costumo fazer e os seus olhos azuis estão um pouco mais vermelhos do que o habitual. O seu corpo está revestido por uns jeans pretos com alguns rasgões; uma camisola grossa de capuz e um casaco branco por cima. As suas famosas All Star estão nos seus pés e a mochila azul colocado nas suas costas. O seu rosto está um pouco pálido e a sua expressão parece um pouco zangada.

- Não me ouviste chamar-te? - ela reclama e retira-me o fone direito do ouvido. Devo dizer que ela é completamente adorável quando está chateada, e uma ruga fofinha aparece na sua testa quando não lhe respondo.

- Por acaso não ouvi, mas também não tenho tempo para conversas - respondi secamente. "Ohh Leah... eu amo-te, mas agora não dá mesmo para falar" - o meu subconsciente fala, mas eu mantenho-me calado, engolindo em seco, para não a beijar aqui mesmo.

- Estás a falar assim porquê? Vais onde? - o seu lábio é puxado entre os dentes e eu aproximo-me do seu rosto, afagando a sua bochecha.

- Não que tenhas muito a ver com isso - sussurro na cova do seu pescoço e sugo o lóbulo da sua orelha, sentindo a sua pele arrepiar com o meu toque. "Oh amor, tu queres-me tanto" - sorrio com os meus próprios pensamentos e fixo os meus olhos verdes com os dela - vou trabalhar.

Afasto-me novamente e dirijo-me para o meu carro, abrindo a porta do condutor. Coloco o cinto de segurança e quando o motor liga, a porta do lado do passageiro abre, revelando a sua figura.

- Onde é que pensas que vais? - a minha sobrancelha levanta e viro-me na direcção do seu corpo.

- Ainda não acabámos a nossa conversa Harry, e por muito que te custe, vais falar comigo - riposta e encostasse no acento.

- Para quê? Não disseste que tinha acabado Leah?! Porra decide-te, que eu não tempo para isto. Eu disse que não ia desistir de ti e é isso que estou a fazer, mas tens de perceber que não sou nenhum cachorro para andar atrás de ti. Não sou nenhuma folha de papel para moldares ao jeito que queres e muito menos deitar fora e voltar a ter quando te apetecer. Sou um ser humano e, apesar de às vezes não parecer, também tenho sentimentos por isso pára de brincar com eles - digo tudo de uma vez, subindo o volume à medida que falo fixamente nos seus olhos que já se estão a encher de água.

Por muito que me custe, eu não posso andar para sempre atrás dela. Irei sempre, tal como prometi à sua mãe, protegê-la mas eu não tenho a obrigação de ser o seu cachorro.

Scream! - H.S [Em Pausa] Onde histórias criam vida. Descubra agora