Capítulo Dezanove

88 9 2
                                    

Senti-o arrancar um pedaço do meu coração quando disse, sem vacilar:

- Eu também te amo Leah, com todas as minhas forças.

Foi aí que eu me rendi.

------------------------

- Harry? - abri os meus olhos ainda mais e toquei no seu corpo para ter mesmo a certeza de que era ele que estava mesmo ali.

- Em carne e osso amor - deu um pequeno sorriso e aproximou-se ainda mais de mim - Achavas o quê? Que ia desistir assim de ti?

Levantei a sobrancelha e mantive-me calada. Milhões de coisas passaram pela minha cabeça, mas mesmo assim, contrariando aquilo que o meu corpo mais queria, reuni coragem para me levantar da cama, largando aquilo que tinha nas mãos e retirando os meus fones, caminhando até à janela, abrindo-a para ele sair.

- Eu... hmm... disse que tinha... acabado - tentei falar confiante e ciente daquilo que dizia, mas não consegui manter-me séria. Fechei os olhos quando ele se levantou, como se não o ver sair fizesse diminuir o buraco que tenho no peito.

O meu corpo retraiu quando a sua mão capturou a minha e os seus lábios chocaram depois com os meus. As minhas mãos voaram para o seu pescoço e juntei mais os nossos corpos.

Foi aí então que percebi que o amor não é amar uma pessoa perfeita ou aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas e todas aquelas historias de amor da Disney foram inventadas, criando assim falsas expectativas para as crianças. Sempre cresci à espera que um dia aparecesse um príncipe e me levasse para o seu castelo. Nada disso foi real e passei a maior parte da minha infância acreditando nisso profundamente.

Agora, que cresci e que me tornei em algo mais maduro, estou consciente que o "perfeito" não me atrai e que temos de aceitar todas as pessoas como elas são, realçando todas as suas qualidades, mas conhecendo também todos os defeitos.

O amor só é verdadeiro quando a outra pessoa nos transforma em algo mais completo e ainda mais verdadeiro de nós próprios.

Quantas pessoas demoram eternidades, senão a vida inteira, para descobrir aquilo que amam? Imensas. Aquilo que eu gosto mais nele, é que ele me fez descobrir aquilo que eu amava, mesmo a tempo de eu lhe dar valor.

Tal como o sábio Ernest Hemingway afirma, "Se duas pessoas se amam uma à outra, não pode haver final feliz". O senhor, tem toda a razão certo? Só haveria um final feliz, se tudo fosse perfeito e se nunca houvesse nenhum obstáculo na vida. Tudo seria perfeito que conhecêssemos tudo exactamente ao pormenor e soubéssemos como seria a nossa vida.

Posso concluir então que o amor não é uma ilusão ou um sonho, e que apenas temos a certeza que existe porque a pessoa que amas está a viver e sentir precisamente aquilo que tu sentes. O amor é a entrega de nós próprios à outra pessoa, não por submissão, mas sim por quereres que a outra pessoa conheça tudo em ti e que te ame com os defeitos e as qualidades que tiveres.

O amor é quando a solidão deixa de existir e se transforma em partilha.

Amor é não desistir.

Prometi a mim mesma desistir e que não ia voltar a deixar isto acontecer. Prometi a mim mesma que ia fazer aquilo que o meu pai queria e que independentemente daquilo que o Harry fizesse ou dissesse, eu não iria voltar atrás. Prometi imensa coisa a mim mesma, mas agora todas essas promessas parecem irrelevantes e sem nexo.

No que estava eu a pensar? Já conclui à muito tempo que não consigo estar sem ele e que apenas me sinto completa quando ele está aqui.

Tenho a certeza que os meus olhos irão sempre encontrar os seus e que a nossa história irá passar através deles. Tenho a certeza que as minhas mãos vão encontrar sempre as suas e que os arrepios e a corrente eléctrica não vão deixar de existir por mais que tente. Tenho a certeza que o meu corpo irá querer sempre juntar-se ao seu, provando que podemos ser apenas um.

Scream! - H.S [Em Pausa] Onde histórias criam vida. Descubra agora