Capítulo Doze

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Imagem de cap: "Irmã do Niall" - na história

NIALL POV:

"Hey! Niall?" - paro o que estou a fazer e respiro fundo.

Ainda há menos de cinco minutos me chamou. O que é que ela quer agora?

"Sim? Diga Dona Bárbara" - tento falar o mais calmo que consigo e fixo os seus olhos castanhos, já enrugados pelo tempo.

"Importas-te de ir arrumar aqueles produtos que acabaram de chegar?" - levanto a sobrancelha e olho para as cinco caixas gigantes na entrada - "Depois de fazeres isso, fecha-e a loja por favor" - forço um sorriso e assinto.

O meu turno já acabou há uma hora, e ainda tenho de ir arrumar os produtos. Há três anos que trabalho neste supermercado, e apesar de a D. Bárbara ser muito simpática, eu mal tenho tempo para estar em casa. Todos os dias depois das aulas venho para aqui.

Já são 23h e eu ainda não jantei, nem fiz os meus trabalhos. Ainda tenho de ir buscar a minha irmã mais nova Adrianne (origem do nome é francesa, pois a minha avó vive em França e a minha irmã nasceu lá), que está em casa da minha vizinha Francesca, ao qual eu estou bastante agradecido por ser a babysitter dela, sem me levar qualquer tipo de cobrança por isso.

Neste momento a minha mãe (Rose) está no hospital. Ela tem cancro na mama avançado e ás vezes tem de ficar alguns meses no hospital até ficar estabilizada novamente, para poder voltar para casa. Todo o dinheiro que eu recebo é para ajudar nos tratamentos dela e quase nunca sobra nada no final do mês. A única pessoa que ainda nos vai ajudando é a minha avó Grace que nos manda dinheiro do estrangeiro para eu conseguir cuidar da minha irmã também.

O meu pai deixou a minha mãe assim que descobriu que ela tinha cancro, há dois anos atrás,e fugiu para outro país. Não se sabe o paradeiro dele, mas de vez enquanto ele liga para saber como estamos, a fingir que realmente se importa.

Custou-me imenso a partida do meu pai, porque vivi 15 anos com ele, e quando a minha irmã tinha dois anos (agora tem 4), ele simplesmente foi embora, sem se despedir de nenhum de nós. A partir do momento em que não tinha pai, a minha mãe estava a morrer e tinha uma criança de dois anos para cuidar, fiquei completamente com a responsabilidade de cuidar delas sozinho.

(...)

Apaguei todas as luzes no quadro principal e activei o alarme. Arrumei as minhas chaves na minha mochila e andei calmamente pelas ruas de Nova York. Nunca antes tinha reparado na poluição das ruas e do ar por aqui como hoje. Encontro várias pessoas sentadas no chão a pedir esmola e uma compaixão apodera-se de mim, por pensar que até eu podia estar naquelas condições se não fosse o meu emprego e a minha a ajuda da minha avó.

Milhões de pessoas de culturas, idades e sexos diferentes caminham também por estas ruas, apesar de ser tarde. Vários carros continuam a circular, e todo este ambiente deixa-me esgotado. Nunca antes tinha reparado no quão cansado desta vida eu estou. Até posso ser o mais popular da escola, mas tenho poucos amigos com quem contar.

Nunca pude desabafar com alguém sobre o que sinto, e tenho guardado tudo só para mim nestes últimos anos.

Virei na rua principal e caminhei cinco minutos, até encontrar o velho prédio onde vivo. Coloquei o código para a porta abrir e subi os degraus que me levam ao terceiro andar. Abro a porta de casa, deixo a minha mochila no sofá e volto a sair, dirigindo-me à porta mesmo ao lado.

Toco à campainha e passados meros segundos a porta abre, revelando uma menina de quatro anos, loira, com o cabelo ondulado solto, uns jeans azuis e uma camisola rosa bebe, a sorrir para mim. Os seus braços alcançam automaticamente as minhas pernas e eu baixo-me para chegar ao seu nível.

Scream! - H.S [Em Pausa] Onde histórias criam vida. Descubra agora