Capítulo Oito

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Leah

A chuva batia contra a minha pele pálida com força, quando ouvi um carro aproximar-se do passeio onde eu estava sentada. Não me consegui mover um único centímetro, o meu corpo tremia devido ao frio e ao estado de ansiedade em que me encontrava.

- Leah! - Ouvi a voz do Harry, como se ele estivesse distante, mas sabia perfeitamente que ele estava a sair do carro.

Não respondi e apertei mais os meus joelhos contra o meu peito. As suas enormes mãos agarraram o meu corpo, levando-o ao colo, com o cuidado que há muito tempo eu não tinha. Agarrei-me ao seu pescoço com força e deitei a minha cabeça no seu ombro quando ele abriu a porta do lado do pendura e me colocou no mesmo com tanto cuidado que parecia que eu tivera sido feita de vidro.

Após ter fechado a minha porta, deitei a minha cabeça contra o vidro e a sua porta abriu, sentando-se ele de seguida, colocando o meu e o seu cinto de segurança.
O carro foi posto a trabalhar, e foi nesse preciso momento em que ia olhando para a chuva a cair lá fora, que me apercebi da vida de merda que tenho. Toda a minha vida foi passada sem um único pedaço de amor do meu pai. Sempre me esforcei para lhe agradar e o deixar orgulhoso daquilo que me tornei, mas em vez disso, a única coisa que recebi foram críticas da pessoa que mais me devia amar no mundo.

Suspirei e deixei as lágrimas rolarem, não me preocupando em limpar. Senti a mão do Harry apertar a minha, e pela primeira vez na vida, não tive nenhum receio em ser tocada por outras pessoas.
Sempre sonhei ter a minha primeira experiência sexual com um rapaz que amasse e que gostasse de mim, que me tratasse como uma princesa, que se importasse, e que, acima de tudo, tivesse respeito por mim. Infelizmente, não pude ter nada disso.

Qualquer rapariga conta com uma primeira vez especial não é?
Assim que o senti a rasgar, não só a minha virgindade, mas também a dignidade que eu tinha construído, quando tinha apenas 11 anos, logo soube que nunca poderia ser feliz e que este passado me perseguiria durante toda a minha vida.

Droga, eu tinha apenas 6 anos quando ele começou a obrigar-me a chupá-lo...Ainda nem sabia nada da vida, muito menos de relações sexuais.

O som do carro desligou, acordando-me dos meus pensamentos e então limpei as minhas lágrimas. A minha porta foi aberta e apoiei-me no corpo do meu melhor amigo até à sua enorme casa.

Devido ao estado em que me encontrava, não observei bem a habitação, mas posso dizer que era enorme. Passámos por um jardim que se estendia até ao Hall de entrada, bastante arranjado e subi apenas 2 degraus até à porta principal.

Assim que o Harry abriu a porta, um corredor enorme e moderno estava há minha frente e caminhei através dele, observando, desta vez atentamente os quadros que estavam expostos no mesmo. Caminhamos até uma divisão que me parece ser a sua sala. Só esta divisão era quase maior que a minha casa toda e parei assim que vi um senhor de fato e gravata sentado na mesa principal, com montes de papéis.

A sua mão esquerda agarrava seu cabelo castanho encaracolado e uma ruga adorável estava formada na sua testa por estar concentrado.
Juntei me ao corpo do Harry e a cabeça do senhor levantou.

Assim que me viu, os seus olhos arregalaram e levantou-se muito rapidamente. Corei por o seu olhar estar posto no meu corpo completamente molhado e agarrei a mão do Harry inconscientemente.

- Pai importa-se que a Leah passe aqui a noite? - A voz rouca do Harry rompeu o silêncio e o olhar que anteriormente estava posto no meu levantou e olhou para o seu filho.

As parecenças entre ambos eram evidentes. A estrutura do corpo era exatamente igual e o seu pai era lindíssimo para a idade que provavelmente tinha.

Scream! - H.S [Em Pausa] Onde histórias criam vida. Descubra agora