1 - Apresentação

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Lara

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Os dias passam rápido. Não há tempo para cruzar os braços e esperar pelas voltas que o relógio insiste em dar, o tempo é tão veloz quanto o piscar das suas pálpebras. Até ontem eu era só uma criança correndo pela casa e derrubando os moveis, hoje sou uma adolescente cheia de conflitos internos, e amanhã, o que serei afinal? Em exato eu não sei. Mas não quero cruzar os braços e esperar que a minha própria vida passe diante de mim. Não quero e não posso ser uma coadjuvante da minha própria história. 

Me chamo Lara e sou filha de uma ex-garota de programa. Isso te chocou? Confesso que no início a mim também, mas aprendi a ter orgulho da mãe que a vida me deu. Entre sacrifícios e dificuldades, ela lutou para me presentear com a vida, então quem sou eu para julgar tal passado? Melissa é o nome da mulher que me traz extremo orgulho. Sim, ela é minha mãe, mas não posso dizer que ela é a única, na verdade tenho duas. A outra se chama Eduarda. É uma grande jornalista e uma mãe maravilhosa também. Entre esse excesso de mães, você deve estar se perguntando onde está meu pai, né? Na verdade essa pergunta também me assombrou durante anos, até que minhas mães resolveram falar sobre o abandono e o fato dele ter recusado-me como filha. Foi duro, cortou ouvir isso, mas no fundo eu já imaginava. Pouco menos de 3 anos atrás resolvi procura-lo e tentar conhece-lo, saber como ele era e possivelmente buscar entender a causa pelo abandono. Mas descobri que ele havia morrido recorrente ao uso excessivo de bebidas alcoólicas e drogas. Um triste e doloroso fim, eu sei. 

Com a falta de um pai, recebi da vida duas boas-drastras incríveis. Clara e Jennifer são como mães para mim também. Confesso que quando menor eu não entendia a causa da separação das minhas mães, mas junto da minha maturidade veio o entendimento de que a vida é composta de recomeços... E se elas resolveram recomeçar ao lado de outras pessoas, quem sou eu para julga-las?

Sou a única filha da Melissa, mas no coração de Eduarda tenho que dividir espaço com um casal de pirralhos. São pirralhos insuportáveis, mas eu os amo. E não ousem espalhar isso por ai! Clara e ela os adotaram recentemente. Apesar de insuportáveis, são tão lindos que a carinha de anjo quase consegue esconder os capetinhas que eles são. Camila e Ryan são os meus sucessores no papel de filhos pestinhas, e já adianto que são os melhores para cumprir essa sucessão.

Na verdade não sei se falar da minha árvore genealógica é um bom requisito de apresentação, mas falar da minha história sem cita-los seria negar parte da minha existência. Mais que isso, seria negar parte de quem sou.  

Mas após falar da minha história, vocês devem estar se perguntando: " entre tantas lésbicas em sua família, qual sua orientação sexual afinal?" Ao contrario do que devem estar imaginando, sou hétero. Na verdade rótulos nunca foram meu forte. Sou como uma espécie de metamorfose. Tenho um estilo de garota marrenta e ainda sim consigo ser a garota mais sentimental que conheço. Já ouvi por vezes: "admite que você é gay, impossível ser hétero em uma família de gays." Vejo isso como a frase mais preconceituosa do mundo. Há tantos gays por ai filhos de héteros, por que não posso ser hétero sendo filha de gays? Amo minha família e isso é incontestável, mas também amo meu namorado, o Arthur. O amor é isso, ele é inexplicável e sem regras exatas.

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora