Lara
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Dos males o menor, ao menos agora não preciso acordar junto com o sol pra ir para a redação. Se bem que eu até consigo sentir falta daquele lugar, mesmo achando que isso seria completamente impossível. Se no passado alguém me dissesse isso, eu iria rir demasiadamente. Fico me perguntando se Catarina está feliz agora que não incomodarei mais suas manhãs, se pensa em minha saída com alívio ou se consegue sorrir com as nossas brigas constantes por motivos bobos a cada vez que lembra. Talvez eu não tenha tanta aversão por aquele jornal quanto imaginei. Sinto falta de estar lá. Mas admitir isso para minha mãe? Nunca! Ela foi injusta e eu não vou pedir de volta o que pra começar ela nem devia ter tirado de mim. Eu não queria fazer parte daquela droga, mas ela praticamente me obrigou, e quando a idéia já não me parecia tão ruim, ela simplesmente me afastou. O que ela quer de mim afinal?
— Lara, meu amor? — a voz de Arthur me despertou dos devaneios. — Você está com os pensamentos distantes. Ainda está triste pelo que sua mãe fez? — ele disse me abraçando.
— Não, Thur. Já estou melhor em relação a isso. — menti.
— Que bom, pois não gosto de te ver triste. Sem contar que seu aniversário está quase chegando e você precisa estar radiante para esperar seu dia. Não deixe que nada te abale. — lembrou-me e eu sorri com desdém. — Falta pouco mais de duas semanas e até parece que eu estou bem mais ansioso que você.
— E quem disse que meu aniversário é grade coisa? Você sabe que por mim eu ficaria no meu quarto ouvindo música, como se fosse um dia como qualquer outro. — relutei.
— Você não vai querer desapontar Melissa né? Ela está animada com os preparativos há meses. Sem contar que os 18 anos na vida de alguém é um divisor de águas e merece ser recepcionado com festa. — ele disse completamente convencido de suas afirmações.
Enquanto o assunto ia fluindo, o som do sinal escolar tocou estridente no refeitório, atrapalhando nossa pausa para o lanche e avisando que nosso intervalo havia findado. Arthur me olhou com uma carinha triste e me beijou explicando que precisávamos voltar para a sala. Tínhamos uma prova, a última do semestre felizmente, e depois disso (se não houvesse reprovações) eu estaria livre. Se bem que português, diferente de matemática, é a disciplina que eu mais me identifico. As orações subordinadas, os pronomes, a literatura, nada disso me parece tão assustador quando uma equação de segundo grau.
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L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]
RomanceAlguém lembra da bebezinha deste conto? Pois é, ela cresceu. O tempo passa rápido e não há tempo para cruzar os braços e esperar as horas passar, ele é tão veloz quando o piscar das suas pálpebras. Quarta temporada do romance lésbico - CLARA E DUDA.