58 - Dias depois

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Lara

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Alguns dias passaram e com eles a certeza de que fiz a escolha certa quando me curvei aos desejos de minhas mães e aceitei vir ao jornal. Bom, diferente do que vocês devem estar imaginando, não descobri em mim a vontade de ser uma jornalista como minha mãe, mas foi no jornal que encontrei o caminho do marketing. Eu sinceramente nasci para isso. Eu amo o processo de criação gráfica do site, das capas das revistas, layout e tudo que engloba isso. Acho que ser supervisora de marketing foi o maior desafio que minha mãe já me propôs, mas sinto que quando fazemos com amor, é possível. Felizmente encontrei minha real vocação aqui dentro, e mesmo não sendo uma jornalista como quase todos na minha família, sinto que estou deixando minhas mães orgulhosas.

O ensino médio foi mais um passo que  finalizei, felizmente. Catarina junto de minhas mães andam insistindo nessa história de formatura e baile dos debutantes. Mas fala sério? Isso não é para mim. Eu nem sei se quero outra grande festa coletiva ao lado daquelas pessoas que quero distância. Eles nem merecem ser chamados de colegas! Sem contar que Catarina e meu ex no mesmo ambiente não é algo bom a se fazer.

E por falar em Catarina... Olhem que veio me pegar para o almoço? Céus, como amo essa mulher. Se ela não me lembrar que tenho que comer, viro o dia fazendo os layouts. Bom, o único lado ruim da minha nova sessão é que agora não fazemos parte do mesmo núcleo é quase não nos vemos. Ela continua no setor de notícias e eu cada vez mais atolada no marketing.

RESTAURANTE

Enquanto comíamos, eu observava calmamente seus movimentos constantes, milimétricos e delicados. Catarina era tão linda, mas tão linda, que eu me perguntava a mim como antes pude deixar passar tão desapercebido? Eu já me fiz essa pergunta mil vezes e ainda sim não encontro resposta alguma.

— Já decidiu sobre a formatura? – ela indagou entre uma garfada e outra.

— Você sabe que não tenho o menor saco para essas coisas. — revirei os olhos.

— Fala sério, amor! Qual a graça de terminar o colegial se não for pelo baile dos debutantes? – e lá estávamos nós novamente, pela milésima vez, discutindo o mesmo assunto.

— Eu prefiro uma comemoração mais íntima, se é que me entende... – falei dando uma piscadela acompanhada de um sorriso maroto.

— O almoço deveria ser uma hora sagrada. Pare de ser tão pervertida! – essa sorriu.

— Aposto que não quer ir para não encontrar seu ex. – e mais uma vez ela voltou no assunto. Enchi minha boca com três garfadas de arroz para fugir daquela resposta, mas não tive saída, eu estava encurralada.

— Não seja tola. Você mesma comentou comigo outro dia que Ariane e eles estavam saindo juntos. Por sorte ele até já me superou. Isso não tem nada a ver com ele, e sim a minha aversão de lugares cheios.

— Ariane rompeu o namoro " ou seja lá o que eles tinham". – ela me surpreendeu me fazendo engasgar com a comida.

— Romperam? – agi de maneira descrente.

— Ela disse que cansou de insistir nele. Ela inclusive se despediu de mim e afirmou que iria embora do país novamente, agora definitivamente. – cada palavra de Catarina me deixava mais surpresa.

— Ela deu alguma motivo plausível para ter rompido e estar indo embora? – tudo que eu mais queria era que minhas suspeitas não se revelassem.

— Segundo ela Arthur não te superou, e mesmo se relacionando com ela, dava fortes indícios de uma obsessão forte por ti. E além disso, por vezes ele se mostrava obsessivo, complexado e até agressivo.

— Credo, nem parece que esse Arthur que você está descrevendo foi o mesmo com quem convivi. – eu estava pasma.

— Pensando bem, talvez o baile não seja mesmo uma boa ideia. – Catarina disse após analisar a atual condição do Arthur. Mas bom, como nunca fui de me esconder covardemente de problemas, afirmei:

— Pois bem, eu aceitei o desafio; eu vou para essa formatura e você será minha madrinha. – ela então sorriu vitoriosa, beijando-me nos lábios e afastando seu prato.

Ela já deveria me conhecer bem o suficiente para saber que não me rendo ao medo e insegurança. Essa não sou eu e nunca será. Além disso, tenho certeza que apesar de magoado, Arthur nunca me faria nenhum mal.

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora