13 - Lè coffee

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Lara

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No meio desta correria entre jornal e escola, quase não tenho oferecido o tempo necessário que meu namorado precisa.  Estou cada vez mais exausta, desgastada, sufocada. As olheiras dos zumbis de The Walking Dead são fichinhas se comparadas as minhas; ando parecendo uma mistura da Noiva Cadáver e Arlequina. Catarina está transformando minhas horas de estagio em um inferno cruel. São papeis e mais papeis para organizar... Relatórios e mais relatórios para fazer. E a pior parte disso é que minha mãe não consegue ficar uma só vez ao meu lado. Quando tentei reclamar com Eduarda sobre a exploração que Catarina anda me submetendo, ela ousou me zoar dizendo "e olha filha que você chegou a acreditar que vida de estagiário de redação de jornal baseava-se em servir cafezinhos".

Tá, talvez eu estivesse um pouco enganada sobre as funções de um estagiário, mas bom, é o que os filmes e livros mostram, então não é culpa minha esse esteriótipo.  E além disso, tenho a leve impressão que Catarina faz questão de arrumar trabalhos desnecessários para me manter ocupada. Ela só está testando meus limites, mas acontece que ela não sabe com quem está lidando. Eu ainda não esqueci do episodio do café na minha blusa e muito menos do sarcasmo no boliche.  Meu cérebro é um banco de dados que armazena tudo, e no momento certo ela saberá com quem anda lidando. 

Catarina

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A redação está um completo caos e nenhum resquício daquela tapada. Já faz horas que Lara saiu para encadernar as matérias das pautas desta semana, e nada de retornar. Céus, será que aquela idiota se perdeu no caminho do setor da gráfica? Melhor eu ir verificar antes que a supervisora volte a me bipar pela milésima vez. Odeio quando tenho que atrasar prazos por irresponsabilidade alheia. 

Sem mais esperar, peguei o elevador até o segundo andar da redação e busquei Lara em cada espaço daquela gráfica. Nenhum rastro dela surgiu em meu campo de visão. Perguntei a todos sobre indícios seus e ninguém parecia saber. Céus, onde ela haveria de ter ido com aqueles papeis? Se eu não entregar aquelas pautas dentro de uma hora, meu pescoço será degolado pela minha supervisora, sem chances para uma breve defesa sobre "a culpa não foi minha". Prefiro nem pensar neste fato.  É melhor eu decifrar a razão deste atraso logo de uma vez. 

Lara

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O sono estava batendo forte e levando consigo toda a minha concentração nos afazeres do jornal. Bom, agora ao menos eu entendo o porquê minha mãe necessita café a cada cinco minutos, é que sem cafeina é humanamente impossível aguentar o cansaço e a vontade de deitar em posição fetal e dormir. Antes que Catarina me arrumasse novos afazeres, decidi descer rapidinho até o Lè coffee para buscar um café com o máximo de cafeina que eu conseguisse ingerir. Ou do contrario, eu dormiria de pé ali mesmo. Agrupei organizadamente as pastas com as pautas em meus braços e apressadamente segui até o elevador...

Catarina  

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Diversas pessoas circulavam nos limites da gráfica, mas nenhuma delas era a Lara. Olhei em volta e com rapidez fui até o atendimento editorial, olhei o crachá e constatei que o moço que estava atendendo chamava-se Ian.

— Olá, Ian! Sou Catarina Vidonni  do setor administrativo, e faz cerca de meia hora que pedi que uma estagiaria ruiva de aproximadamente 1,72 de altura, viesse aqui fazer algumas encadernações. Você a viu por aqui?    

— Ah, vi sim, não faz muito tempo que ela saiu daqui. As encadernações foram feitas e após tê-las em mãos, a vi pegando o elevador. Creio que ela desceu... 

— Desceu? Ué, mas o administrativo fica no andar de cima. — pontuei confusa. 

— Talvez ela tenha saído dos limites da redação... Lembro de tê-la ouvido questionar sobre o horário de funcionamento do Lè coffee  com uma colega de marketing.  Talvez alguém tenha solicitado que ela pegasse um cafezinho. Sabe como é vida de estagiário novo né? —  ele riu irônico. 

— Só pra você saber, não que eu te deva alguma satisfação, mas a estagiaria nova em questão é nada menos que a filha de uma das sócias majoritárias desta redação; então tire o sarcasmo do seu sorriso e passe a entender que estagiar é um passo importante para uma carreira de qualquer profissional. E se até mesmo a redatora-chefe fez com que sua filha começasse por ai, é que ela entende que consolidar alicerces de experiências é mais crucial que construir telhados de conhecimentos - que por vezes são de vidro-.  Bom,  de qualquer maneira, obrigada pelas informações! E bom serviço. — falei sem humor, caminhando para o andar debaixo.

Não sei em exato o que me zangou no sorriso sarcástico daquele garoto. Apesar de ser uma patricinha minada, ela tem se esforçado da maneira que pode nesses últimos dias, e merece um voto de confiança. Por mais que eu não goste do modo como ela conduz as coisas, e por vezes parecer irresponsável e imatura, Lara tem gerado os resultados esperados; exceto quando some, vez e outra, como agora... Mas bom, não vou sossegar até encontra-la.

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora