Lara
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Se você espera uma protagonista incrível na historia da minha vida, sinto em informa-los, mas vão encontrar uma simples coadjuvante. Eu não tenho muitas coisas interessantes a falar sobre mim mesma. Não tenho um câncer terminal como Hazel Grace Lancaster da obra A Culpa É Das Estrelas (John Green), para causar comoção e lágrimas. Também não fui presa por transporte/lavagem de dinheiro e tráfico de drogas como a Piper de Orange Is The New Black para me enquadrar na categoria de nova malévola ( antagonista mais adorada do mundo). Sou uma garota normal, com uma vida normal, onde nada de interessante parece acontecer. Tirando o tédio diário, não há mais nada para reclamar. Não tenho nada realmente incrível para falar sobre mim. Eu poderia voltar a recitar o amor das minhas mães e do quanto sou feliz vivendo no meu mundinho cor-de-rosa, mas essa é a minha historia, não das minhas mães. Então chega de transformar minha família nos protagonistas de uma historia que na verdade é minha.
— Lara? Alô, alô, terra chamando Lara. — Arthur disse sorrindo enquanto dava mais uma mordida em seu calzone. — Dou um calzone de chocolate por seus pensamentos, pequena!
— Acha que pode me corromper em troca de um calzone de chocolate? Se pensa isso, acertou mizeravi . — rimos juntos. — Eu estava pensando no quão perfeito meu namorado é devorando um calzone - que aqui jaz-.
— Pela resposta merece meia duzia de beijos incluídos no pacote. — ele disse aproximando-se... olhei o relógio e puts! Nem vi as horas passando. — Eu preciso ir, amor. Já são quase onze e minha mãe disse para voltarmos para casa as dez. Dona Melissa vai me matar. Cruzes!
— Calma ruivinha, com minha sogrinha eu me resolvo. — falou devorando o último pedaço do seu lanche e embrulhando os outros para viagem.
Ter Arthur em minha vida era bem mais que ter um namorado, era ter também um parceiro, um amigo, tudo isso em um único garoto. Com ele eu posso ser eu mesma, e isso é bom. Os demais garotos sempre me olhavam com receios e passei todo meu ensino médio (fora da escola também) ouvindo pessoas tentando rotular minha sexualidade, afirmando ser impossível eu ser hétero com mães lésbicas. Creio que isso alterou um pouco minha personalidade. Para me proteger dos dizeres acusativos, tornei-me uma garota arredia e firme. Essa situação causou um certo bloqueio em mim, não é um trabalho fácil me aproximar das pessoas. Meu ensino médio foi uma droga, quando eu passava nos corredores sempre ouvia as piores piadas que alguém podia ouvir...
"Olha lá a maria-macho"
"Olha a filha das sapatonas"
"Você nasceu por inseminação?"
E acreditem ou não, esses são os exemplos menos idiotas que consegui selecionar. A única coisa boa do meu ensino médio foi ter conhecido Arthur. Creio que somente graças a um, o outro conseguiu sobreviver ao colegial. Para ele também não era fácil, um nerd viciado em games, com as melhores notas e querido por quase todos os professores, era sem dúvidas um alvo fácil. Mas ele não era um garoto pouco atraente de aparência largada - como devem estar pensando, já que é o mais comum de pensar quando rotulamos alguém "nerd"-. Ele é muito bonito sim, apesar das blusas de bandas de rock e o cabelo quase sempre desgrenhado. Eu gosto de muitas coisa em Arthur e sua aparência física é uma delas. Ele foi meu primeiro namorado e creio que pelo tempo que estamos juntos, será o único também. Gosto de cultivar os sentimentos que nutrimos todo esse tempo um pelo outro. Acho que nosso relacionamento nasceu de uma grande amizade, seguida por um enorme companheirismo e que até hoje permanece intacto. Ele é em resumo o meu porto seguro.
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L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]
RomanceAlguém lembra da bebezinha deste conto? Pois é, ela cresceu. O tempo passa rápido e não há tempo para cruzar os braços e esperar as horas passar, ele é tão veloz quando o piscar das suas pálpebras. Quarta temporada do romance lésbico - CLARA E DUDA.