10 - Boliche - parte 2

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Catarina

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Enquanto olhávamos algumas peças da coleção de verão, fomos interrompidas por uma voz rouca e grave que pronunciou o nome de Ariane, nos fazendo virar naquela direção para ver sobre quem se tratava.

— Céus, Arthur! É você mesmo? — ela sorriu abraçando-o. — Quanto tempo desde a última vez que nos vimos! Você mudou bastante, está inclusive mais forte e descabelado. — ela afirmou o descabelando ainda mais. — Apesar dos óculos, não está tão (aparentemente) nerd como quando era monitor de química. — ela parecia absorta com as lembranças do passado.

— Eu te vi entrar na loja e pensei "caramba, tenho que ir falar com a Ariane". Eu temi que não lembrasse mais de mim. — ele respirou aliviado.

— Caro que eu lembraria. Como esquecer um dos meus melhores amigos? — ele corou de vergonha e se desprendeu do abraço.

— Bom, essa é a minha namorada, a Lara. — ele disse apresentando a ruiva ao seu lado para mim e minha melhor amiga. Meus olhos congestionaram quando encarei a tal ruiva. Para ai, mundo! A Lara que ele falava era a mesma Lara que eu tinha vontade de socar diariamente na redação! Ariane estava mesmo caminhando em direção à Lara para abraça-la? Como assim? Vou matar Ariane assim que eu sair daqui.

— Nossa, eu acho que lembro da sua namorada de algum lugar, mas não consigo exatamente saber de onde. — Ariane disse enquanto ambas apresentavam-se.

— Deve ser do dia em que te salvei de um afogamento e você se foi sem dizer ao menos um obrigada, mudando no dia seguinte de escola e nos deixando sem saber ao menos se estava recuperada do susto. — Lara disse com pouco humor. Essa garota sabia mesmo como ser uma idiota.

— Lara, amor, Ariane deve ter tido os motivos dela, não é hora de falar sobre isso.

— Não Arthur, Lara tem mesmo razão. Desculpa se eu não fui tão agradecida quanto deveria, mas eu queria sair daquela festa o quanto antes. O pânico de quase ter morrido por uma brincadeira de mau gosto, me deixou assustada. Kiara e os seus amigos sabiam da fobia que tinha de água, mas nunca se importaram em saber o real motivo, acharam que era pelo simples fato de eu não saber nadar. Meu pai morreu afogado quando eu tinha 8 anos de idade, deixando minha mãe e eu sem seu amparo. Eu o vi morrer, eu o vi afogando-se diante de mim. E por uma brincadeira idiota eu quase morri também, hoje eu entendo que sem você e Arthur naquela festa, eu nem sei como teria findado. Eu pedi que minha mãe me mudassem de escola e naquele momento não tive maturidade de entender as diferenças entre quem me jogou lá, quem riu e quem me ajudou. Eu vi todos como cúmplices de Kiara e de seus amigos e não parei para ver que vocês dois eram confiáveis e que de verdade queriam me ajudar. Faz tanto tempo, quase dois anos. Não podemos simplesmente esquecer isso e recomeçar? — Não acredito que além de tudo, ainda tinha que aguentar ver minha melhor amiga se desculpando com a maior idiota que já conheci.

— Tudo bem, desculpa ter te atacado. Eu entendo que não tenha lembrado de inicio de mim, afinal foi naquela festa terrível que nos conhecemos. E como eu ainda era a melhor amiga de Kiara, natural que você tenha acreditado que éramos cúmplices no plano de te jogar naquela piscina. Mas saiba que aquilo foi a gota d'agua pra eu acabar de vez com aquela amizade e entender que ela não era o anjo que imaginei. Eu tenho milhões de defeitos, mas nunca participaria de um plano desses. E quanto ao seu pai, minha sinceras condolências, eu não sabia. — Lara redeu-se. 

— Tudo bem... esqueçam isso! E por falar em esquecer, nossa, quase esqueci de lhes apresentar... Lara, Arthur essa é Catarina, minha amiga. — acho que somente agora Lara havia parado para me olhar de fato. Pude sentir sua surpresa pela forma desconcertada e ao mesmo tempo intimidadora que ela me olhou.

Lara

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— "Nossa, quase esqueci de lhes apresentar... Lara, Arthur, essa é Catarina, minha amiga." — ao ouvir essas palavras e ver de quem se tratava, pude ver o quão cruel era o acaso. Isso só podia ser uma especie de perseguição!

— Nós já nos conhecemos. — reviro os olhos. — Infelizmente! — completei grosseiramente.

— Não me diga que essa é a Catarina de que você falava tanto. — Arthur disse sem disfarçar. Que belo namorado esse meu!

— Se Lara falar de Catarina tanto quanto tenho que ouvir Catarina falar dela, acho que sinto pena de você! — Ariane afirmou.

— Calem a boca os dois. — Catarina e eu falamos em uníssono.

Arthur

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Enquanto Catarina e Lara entravam em mais uma discussão para descobrirem o que de tão mal uma falava sobre a outra, Ariane e eu nos sentíamos excluídos. Lara era difícil, confesso, mas quando estava na companhia de Catarina seu humor piorava em quase cem por cento, e precisei de apenas dois minutos para descobrir isso.

— Que tal vocês resolverem toda essa rivalidade em um duelo? Cansei de ouvir vocês brigando e reclamando. — tive uma ideia de gênio.

— Arthur, você enlouqueceu de vez? Vai mesmo querer vê-las duelar? — Ariane assustou-se. — É melhor a terceira guerra que essas duas duelando.

— Não é um duelo como deve estar imaginando. Estou propondo um duelo no boliche. Temos duas duplas aqui e que vença a melhor! Desta forma nos divertimos e ainda sobra tempo para vocês fazerem o que fizeram durante toda a semana: brigar.

— Nem preciso jogar para saber que sou a melhor. E além disso, acabamos de voltar de lá. — a ruiva afirmou.

— Com certeza está com medo de assistir minha vitoria. — Catarina sabia mesmo como irrita-la.

— Tenho pena de você se acha que pode me vencer. — Lara riu debochadamente.

— Não só posso como vou.

  — Acho que o duelo já começou e vocês nem perceberam. — Ariane disse com sarcasmo.  

A rivalidade entre as duas tomaria a tarde toda se Ariane e eu não interferíssemos caminhando e puxando-as até a pista de boliche. Agora era a hora de descobrir quem ganharia de verdade esse duelo. Que vença a melhor dupla!

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora