Felizmente na minha vida há muitas coisas que eu não posso reclamar, a minha família é uma delas. No seio familiar encontro proteção, cuidados e suportes para aguentar as intempéries da vida...
Quando soube do acontecimento, meu tio Rafael veio o mais rápido que conseguiu para Recife no intuito de cuidar especialmente de todo o processo criminal que minhas mães estavam movendo contra Arthur. Meu tio, modéstia parte, é incrível no que faz e raramente perde uma causa. E bom, acho que não foi diferente desta vez, pois eu soube por alto que Arthur iria a julgamento correndo risco de pegar 10 anos, fora as demais sentenças por agressões físicas que ele também teria que responder. Eu não sei muito sobre a real situação, pois minhas mães tentam me poupar a todo custo e não falam muito comigo sobre coisas que levam minhas lembranças ao passado. Na cabeça delas, quanto menos eu souber, melhor. No entanto, de vez e outra, acabo por ouvir rumores do caso, como no dia que a mãe do Arthur veio desesperada conversar com minha mãe para retirar as queixas movidas contra seu filho, pois o mesmo estava sendo constantemente espancado e feito de "mulherzinha" para bandidos dentro da prisão.
Eu tive pena pelo estado em que ela se encontrava. Apesar do filho ser um ser monstruoso, ela era uma boa mulher. Mas minha mãe, sabendo de tudo que passei e de cada cicatriz que ficou em mim, não retirou e seguiu firme com o andamento da ação judicial. Ela não se daria por vencida e faria Arthur se arrepender de tudo, até mesmo do dia que nasceu.
Acho que ele estava tendo o castigo devido. E por mais contraditório que pareça, saber disso não me fazia ficar feliz, pelo contrário, me deixava ainda mais mal com toda essa história. Contudo, foi ele o culpado das suas próprias consequências e provar da dor do seu ato é aprender a se responsabilizar pela reação que ele mesmo buscou.
Já faz cerca de quatro meses desde o acontecido, não posso dizer que esqueci o que aconteceu, mas aprendi a conviver com tudo que vivi, e cresci com cada cicatriz do meu passado. Acho que é inevitável não ficar marcada, é a queda foi inevitável, mas escolher ficar no chão é opcional e eu nunca fui o tipo que se rende. "Se for para morrer, que seja lutando", esse é o meu lema.
A psicóloga Aracy foi peça chave nos meus avanços, é uma profissional incrível e apaixonada pelo que faz, e com ajuda dela consegui assimilar melhor a situação. Não posso dizer que está sendo "fácil", mas como a própria vive repetindo "um passo de cada vez", "um dia de cada vez". E assim fui vivendo, superando gradativamente, até conseguir erguer minha cabeça e entender que nessa história só tem um culpado. Que não sou eu quem deve sentir vergonha, ou criar maneiras de justificar o que houve. Graças aos grupos de apoio que participei como ouvinte, também fiz novas amizades e se antes me endureci com a idéia de uma psicóloga, agora não me vejo um mês inteiro sem conversar com a Doutora Aracy. Graças aos seus conselhos, resolvi focar mais nas coisas importantes da minha vida e dar mais espaço para o que me anima ao invés do que o quê me entristece, e principalmente dar valor a cada pessoa que me amo verdadeiramente e me cerca.
Focar no trabalho foi uma saída emergencial que me trouxe inúmeros positivos resultados. Estou à frente do setor de marketing do jornal estou aprendendo com minha mãe, Eduarda, a gerenciar outros setores. Sou eu quem tirarei as férias de Eduarda e cuidarei do administrativo inteiro. Bom, confesso que o administrativo não é muito minha praia, prefiro a área de criação, cores e texturas, enfim, a área de marketing, isso sim me faz brilhar os olhos, mas bom, enquanto meus irmãos não crescem, sou eu a responsável por levar os negócios da família a diante e gerir todo esse empreendimento, então melhor tomar gosto por todas áreas do negócio. Ou ao menos entender o mínimo possível sobre como cada uma funciona.
Junto com as boas notícias, pelos ofícios da profissão, Catarina também ganhou um setor para dirigir e está cada vez mais se especializando na área. Está buscando mais especializações na área de jornalismo e sua coluna online vive bombando de views.
Minha vida deu um giro enorme e pelo visto não foi só a minha, pelo que fiquei sabendo, conseguiu o grande feito de apadrinhar um casal do qual faço muito gosto, de acordo com o que o Facebook me atualizou, nesses 4 meses o tempo serviu como agente aproximador de Clarice e Kiara. As duas estão de relacionamento sério e pelas fotos espalhadas na redes sociais, estão muito bem, obrigada!
Quanto a mim e Catarina, estamos planejando fazer um pacote de viagem por um tempo razoável assim que possível, no intuito de virar a página e encerrar o capítulo de tudo ruim que houve, e assim aliviar também o estresse diário. Todos na minha família estão dando total apoio, eles assim como eu acreditam que será bom para espairecer, e eu estou ansiosa para essa experiência!
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L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]
RomanceAlguém lembra da bebezinha deste conto? Pois é, ela cresceu. O tempo passa rápido e não há tempo para cruzar os braços e esperar as horas passar, ele é tão veloz quando o piscar das suas pálpebras. Quarta temporada do romance lésbico - CLARA E DUDA.