48 - O telefone

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Lara

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O silêncio de um olhar exibe as mais lindas palavras subentendidas e os mais profundos sentimentos. E eu, leitora passiva daquele olhar, podia ler o encanto do momento através da íris ocular de Catarina. Tão serena, tão contida, eu via a delicadeza estampada no brio do silêncio e da incerteza de quem não tem o tempo como vilão. E entre tantos desencontros, a vida marcou confronto e nos tornou reféns de uma colisão.

Enquanto curtiamos a companhia uma da outra e riamos dos momentos de intrigas e desencontros, o meu aparelho celular vibrava sobre a mesa e nos despertava da simbiose de paixão. Não atendo, no sedento intuito de que a pessoa desista, mas uma nova chamada entra no visor. Já consigo totalizar três não atendidas. Olho novamente o visor e percebo que se trata da minha mãe, Melissa... Atendo sob o pensamento de que poderia ser algo importante. E pelo timbrado perturbado da sua voz realmente era. Não me deu muitos detalhes, apenas me pediu que voltasse para casa o mais rápido, pois havia alguém lá a minha espera. Ao ouvir tais palavras, Arthur foi a primeira pessoa que me veio a mente, talvez esteja querendo reatar nossa história. Encaro o olhar de Catarina e vejo que não dá mais, por mais incrível que ele seja, não é o bastante. Quem eu quero está agora diante de mim. Mas bom, devo uma conversa definitiva com Arthur, em nome de tudo que vivemos ele merece isso. Eu não queria ter que findar meu bom momento com Catarina. Mas como ela muito educada afirmou que teria que voltar para a redação de jornal e colocar aquela zona em ordem, eu simplesmente assenti e fiquei de encontrá-la a noite, pois teria algumas coisas para resolver em casa também. E ela não se opôs... Depositei um beijo casto em seus lábios e então seguimos em rumos diferentes. Céus, e agora, o que será que me espera? A dúvida pairou no ar e me segui até que eu pudesse chegar em casa.

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora