17 - A punição - Parte 2

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Lara

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Eduarda entrou na sala de Elisa como um raio, sedenta por saber o que havia acontecido. Meu coração veio até minha garganta e eu o engoli em seco. Eu não sabia como Eduarda reagiria, e não estava preparada para descobrir. 

— O que diabos Lara aprontou desta vez, Elisa? — ela indagou me metralhando com o olhar. 

— Eu não sabia que a Lara era sua filha, acabei de descobrir pela mesma, após uma interrogação em nome de uma falha profissional que ela cometeu. Eu não apliquei nenhuma medida de correção, pois preferi esperar que você chegasse para entender melhor o que houve. Segundo Lara, você pediu que ela ignorasse uma ordem minha para ir até a cafeteria buscar um cappuccino para ti. Essa informação procede? — Elisa era mesmo uma cobra. O que ela ganhava me dedurando desta maneira?

— Elisa, deixe-me a sós com minha filha um segundo? Preciso conversar com ela. — minha mãe me encarou, e eu consegui ler em seus olhos e quanto chateada ela estava. Eduarda sempre odiou mentiras e eu errei feito desta vez.

— Pois não, a senhora quem manda. — Elisa falou seguindo seus passos até a saída, batendo a porta e nos deixando sozinhas. Eu queria sair correndo dali, mas fugir só me deixaria mais ferrada. Então respirei fundo e encarei as consequências. 

— Eu sabia que você era uma completa irresponsável, mas mentirosa? Isso é novo para mim. —  me metralhou de uma vez só. 

— Calma mãe, as coisas não são tão extremas assim. Eu menti para ajudar Catarina... 

— Ah, para Lara! Agora vai ficar culpando Catarina pelos seus erros? Eu conheço o profissionalismo de Catarina e sei o quão responsável ela é. Não culpe outra pessoa por sua irresponsabilidade. Nós duas sabemos que o jornal nunca foi algo que te desse prazer, e eu me enganei achando que poderia colocar um pouco de maturidade na sua cabeça. Mas a verdade é que não posso te impulsionar a crescer se isso não for o que desejas. — ela parecia realmente decepcionada e eu não conseguia dizer nada que contestasse suas palavras, porque no fundo, ela tinha mesmo razão, nada aquilo me dava prazer...

— Você tem razão, eu não amo esse jornal como você, mas não seja tão injusta, eu estava tentando dar o melhor de mim sim, só para que no fim das contas, não jogasse na minha cara o quão irresponsável sou. É o mesmo blablablá de sempre. Você não me ouve, nunca ouviu.  Você fica pousando de boa mãe, mas no fim das contas é só mais uma mãe ausente como esses pais que a gente encontra por ai, que constrói uma outra família e negligenciam seus filhos. Não acha que está um pouco tarde para bancar a mãe preocupada agora? —  eu nem sabia ao certo segurar a raiva e rancor que eu estava sentindo. Eu sabia que estava sendo dura, Eduarda sempre deu o melhor de si por mim e pelos meus irmãos, mas a verdade é que apesar disso, ainda não era o suficiente. O melhor não bastava. Eu precisava dela nos meus dias e uma pensão no fim do mês não era exatamente o passaporte para o titulo de "mãe presente".

— Agora sou eu quem peço para que não seja injusta. Você sabe que sempre fiz o máximo para fazer parte da sua vida e continuo fazendo agora.  Me atacar para não lidar com o peso dos seus erros só mostra o quão imatura você ainda é. Não tire o foco dos seus erros apontando os meus. Não funciona assim. Seus 17 anos não serviram para te mostrar como a vida é, mas calma, você terá tempo. Se não ouve os conselhos de quem tanto te ama, a vida te ensinará. — ela vociferou e eu temi seu temperamento. — Você venceu, Lara. Se você quer atrofiar e morfar dentro do seu quarto, sem planos e objetivos de futuro, então vou tornar real seu desejo. Você pode voltar agora mesmo para sua casa, de hoje em diante não é mais uma estagiaria. 

  — Ótimo, eu odeio tudo isso aqui mesmo! — gritei jogando meu crachá nos seus pés e saindo correndo para longe dali antes que minhas lágrimas caíssem.  

Eu estava magoada, ela nem foi capaz de se colocar no meu lugar e ouvir minhas verdades. Eu realmente não gostava do jornal, mas estava dando o melhor de mim para continuar gerando resultados positivos. Minha mãe age com tanta rispidez para lidar comigo, que as vezes me pergunto se ela nunca teve minha idade, nunca se sentiu confusa sem saber que caminho seguir ou temeu sair do quarto e viver, porque a vida parece ameaçadora. Me pergunto se ela nunca teve medos, nunca falhou e se sempre foi essa chefe-de-redação-de-jornal temida por todos. As vezes eu queria que minha mãe lembrasse o quanto a adolescência parece intensamente assustadora. Catarina conseguiu, voltou a ser a queridinha do pedaço e de quebra ainda me fez ser mandada embora. Ela deve estar se deliciando com sua vitoria. E eu? Estou me sentindo o mesmo lixo de sempre. Mas dane-se, não vou me lamentar por isso. Se Eduarda não sabe reconhecer meus esforços, não vou ser eu quem vai fazê-la enxergar. 

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora