Lara
**
Dizem que nada é pior que o primeiro dia de serviço, e agora eu entendo a lógica dessa frase. Estou bem servida de mãe e não sei qual das duas está mais ansiosas em ferrar minha vida. Uma me obriga a fazer essa droga de estagio com um discurso bonito e patético de que devo criar responsabilidades, outra nem ao menos é capaz de ficar ao meu lado em uma discussão. Qual o lado bom de ter duas mães se nenhuma te apoia incondicionalmente?
— Céus, filha! O que houve com você? Tomou um banho de café na rua? — Melissa disse abrindo a porta de casa para me receber.
— O que é isso? Eu te digo: isso foi sua ideia de gênio de me colocar para trabalhar com a Eduarda. Uma idiota espalhou café por toda minha roupa e tenho certeza que ela fez isso propositalmente. Você deveria ao menos me livrar dessa responsabilidade até o fim do meu ensino médio. Poxa mãe, faltam apenas alguns meses!
— Exatamente, Lara. Faltam só alguns meses para você sair do ensino médio e tu não foi nem capaz de decidir que faculdade deseja fazer. Você tem que conhecer áreas e descobrir do que gosta ou do que não gosta.
— Eu não vou ser jornalista. Não adianta me enfiar naquela droga de jornal para me fazer mudar de ideia. Já tem jornalistas demais na família.
— Eu não quero que sejas jornalista, quero que seja feliz e escolha a carreira que você mais se identificar. Se quiser ser advogada, posso comprar as passagens e falar com seu tio Rafael, ele vai adorar ter alguém ajudando no escritório de advocacia. Se quiser ser médica, posso pedir reforços ao Bernardo e vemos a melhor universidade para sua formação. Se quiser ser dona de uma agência de viagens a Samantha vai te apresentar o meio do turismo. Se quiser trilhar a área da publicidade, Jeniffer amaria te ensinar essa arte. Se não quiser nada disso, mas desejar alguma outra coisa, eu vou estar aqui para te apoiar, mas o que você não pode fazer é cruzar os braços, bater o pé e dizer que não vai fazer faculdade. O seu futuro deveria ser levado a sério por ti, Lara.
— Você não devia colocar essa droga de pressão na minha cabeça. Eu só tenho 17 anos.
— Tem quase 18, Lara. E já tem idade de criar responsabilidades.
— Se continuar me sufocando desta forma, assim que eu fizer 18 anos, a primeira coisa que vou fazer é sair de casa.
— É mesmo? E vai se sustentar como já que não trabalha? Entenda que toda essa conversa é só para que veja o quanto é necessário criar responsabilidades.
— Tudo bem, Melissa. Você ganhou. Eu vou estagiar naquela droga de jornal. Mas que fique claro, se amanhã aquela menina idiota jogar café outra vez na minha roupa, meu futuro vai ser na cadeia, porque eu vou mata-la.
— Céus, você era mais meiga quando era só um bebezinho. — ela riu se deliciando com minha raiva. Eu bufei e ela se aproximou beijando minha testa. — Filha, entenda que até quando sou chata e te cobro responsabilidades, é para o seu bem. — no fundo eu sabia que aquelas palavras eram de fato verdades absolutas.
Subi em destino ao meu quarto tentando encontrar forças em mim para aguentar o dia que estava por vir. A cada vez que eu olhava minha blusa e via a mancha escura, mais raiva eu sentia lembrando daquela garota. Peguei meu telefone e passei uma mensagem para Arthur o pedindo que viesse até minha casa. Eu precisava desabafar e esquecer tudo que estava acontecendo, e nada melhor que meu namorado para me ajudar. E com isso de brinde ainda irrito Melissa, sei o quanto ela odeia que eu suba com Arthur para o quarto e fique a sós com ele. Não posso negar que irritar é tudo que ela mais anda fazendo comigo ultimamente, então nada mais justo um pouco da lei do retorno.
VOCÊ ESTÁ LENDO
L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]
RomanceAlguém lembra da bebezinha deste conto? Pois é, ela cresceu. O tempo passa rápido e não há tempo para cruzar os braços e esperar as horas passar, ele é tão veloz quando o piscar das suas pálpebras. Quarta temporada do romance lésbico - CLARA E DUDA.