54 - simbiose

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Lara

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Catarina me paralisava com seu olhar, era tão intimidador e ao mesmo tempo tão penetrantes que sussurravam em confidenciais
para mim a grandiosidade daquele momento. Ela unia em sai toda a capacidade de me desarmar e me tornar sua refém. Nossos beijos eram  envolventes e inebriantes. Sentíamos o momento de modo incontrolável, nos entorperciamos na química do silêncio das palavras não ditas, nas incertezas dos sentimentos guardados e nas tentativas desencorajadas do expressar reprimido durante tanto tempo. Meu corpo gritava pelo seu sem chances para conter o sentimento. Transcrevíamos excitação em cada carícia, tornando palpáveis os sentimentos em meio aquela simbiose. Ela vagarosamente foi deitando seu corpo sobre o meu, deixando-os livres para agirem de acordo com suas vontades, e eu juro que podia sentir meu corpo aquecendo em graus fahrenheit. Eu queimava em combustão sentindo a maciez do seu corpo sobre o conforto de meu. Eu balbuciava baixinho, com sílabas desconcertadas, tentando juntar o pouco de forças que eu ainda tinha, enquanto ela tentava tirar a primeira peça de roupa que suas mãos capturaram; a blusa que cobria meu corpo:

— É melhor irmos com um pouco mais de calma. — falei tentando desacelerar o que já estava prestes a acontecer. A verdade é que eu não sabia se queria dar esse passo tão rapidamente. Por mais que estivesse demasiadamente gostoso sentir o corpo de Catarina junto ao meu, ainda estávamos só nos conhecendo. Por que tanta pressa?

— Eu não estou cobrando sexo, nem nada. Só estou pedindo para que pare de reprimir o que sente. — Ela disse fazendo carícias de suas mãos em meu corpo. 

— Eu acabei de terminar um relacionamento, minha cabeça está cheia, sem contar a mudança repentina de Kiara para cá, e o fato de que nós ainda estamos recente demais para dar esse passo; nos acertamos faz menos de um dia, acho que não quero avançar tão rapidamente assim. É óbvio que preciso reprimir. Não que eu seja uma dessas garotinhas clichês que acredita em hora certa, pois não é isso, até porque isso nem faria sentido, levando em conta o fato de que não sou virgem, a questão é somente que precisamos de um momento mais propício. 

— Você tem razão. Desculpa se forcei a barra, é que quando me vi, já estava faminta por você. — no fundo eu entendia seu lado. Mas a verdade é que eu não sabia em exato nada sobre o sexo lésbico e isso me deixava um pouco insegura. Eu queria que fosse perfeito para Catarina, não de qualquer jeito. — Bem, é melhor eu ir. Já é tarde e está na minha hora. Amanhã a gente se vê no jornal. — ela disse arrumando sua roupa, prendendo seu cabelo em um coque e beijando-me na testa. Tive a leve impressão de tê-la deixado chateado, mas bom, por mais que eu também quisesse aquilo, eu não estava preparada. E ela deveria entender.

Após sua saída, me senti um pouco culpada. Eu não queria tê-la recusado, mas fazer algo do qual não me sinto plenamente preparada seria um erro. Ela nem quis que eu a acompanhasse até a porta. Caramba, ela poderia se colocar mais no meu lugar. Fazendo uma comparação cruel e típica entre ex e atual, até Arthur foi mais paciente antes da nossa primeira vez; nunca forçou a barra, nunca me pressionou, foram longos meses até avançarmos na intimidade. Eu não queria tê-los que compara-los assim, mas poxa, ela se comportou como se não soubesse ouvir um não. E no final, sou eu quem ganho a fama de marreta e mimada. Que ironia!  

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora