7 - Estágio no jornal - parte 2

5.6K 642 162
                                    

Lara

**

O barulho ensurdecedor do alarme tocou outra vez, contabilizei cinco vezes, e o joguei longe. Melissa bateu na porta freneticamente como se eu não tivesse relógio e não soubesse do atraso para ir naquela droga de jornal. Levantei-me antes que ela começasse aquele discurso insuportável sobre responsabilidade, e fui até o banheiro para me duchar. 

Já falei que odeio acordar cedo? Não? Então eu odeio!

Como um flash, na velocidade da luz, desci até a cozinha e peguei uma maçã antes de caminhar até a porta. Quase nem cumprimentei Jennifer e Mel que até cobraram-me um "bom dia", mas bem, ainda estou brava com esse estagio que elas estão me obrigando a fazer. 

— Se esperar um minuto, posso te dar uma carona até a redação. — ouvi a voz de Jennifer, antes que eu batesse a porta e ela entendesse com minha ação que aquilo era uma recusa. Felizmente o Arthur já estava com seu carro à minha espera, ele fez questão de me levar. 

[...]  

— Atrasada no seu primeiro dia, mocinha? — Eduarda interrogou assim que cheguei em sua sala. 

— São só alguns minutos, mãe. Dá um desconto por favor. 

— Lara, aqui sou sua chefe, não sua mãe. A primeira lição de hoje é aprender a agir com profissionalismo. Não posso te "dar um desconto" sempre que chegar atrasada. — toc, toc, toc... — ouvi o barulho de batidas soando na porta interrompendo as explicações entediantes de "Eduarda" sobre "profissionalismo".

— Com licença, senhora. Me chamou? — virei-me apresadamente para olhar na direção daquele timbre. Reconheci de imediato a voz. Não pode ser... Me recuso a acreditar que seja aquela imbecil outra vez. 

— Chamei sim, Catarina. Por favor, entre? — por que Eduarda a chamaria aqui? Ela sabe que não suporto essa garota. — Bom, essa é Lara e acho que vocês já se conheceram, mas não foram apresentadas de uma forma muito positiva, e como vão trabalha juntas, nada mais importante que tentem recomeçar. —  ela só pode estar fazendo uma brincadeira de péssimo gosto. Só pode ser isso...

— Por mim tudo bem, senhora. Não vejo o menor problema em recomeçar. — ela disse estendendo a mão e me oferecendo um sorriso forçado. — Prazer, sou Catarina. 

— Eu já sei a porra do seu nome, está escrito no seu crachá. E para com esse sorrisinho debochado porque eu sei que você só tá fazendo isso porque sua chefe mandou e você quer segurar seu emprego medíocre. — cuspi tais palavras. Era obvio que ela não gostava de mim tanto quanto eu não gostava dela. 

— Lara, calada já. Você não vai querer me ver irritada a essa hora da manhã... estenda já sua mão para Catarina e cumprimente-a ou ... 

— Ou o que mãe? Vai me bater? 

— Não, vou fazer melhor. Vou te ensinar não só lições sobre profissionalismo, mas sobre humildade. De hoje até que eu repense no caso, você será subordinada a Catarina no jornal. E quando falo subordinada, quero dizer que você trabalhará diretamente com ela e para ela, já que julga esse, um trabalho medíocre. Ela será a pessoa que te ensinará tudo sobre o funcionamento na redação dentro dos limites de um estagiário. Aprenda que aqui você não é minha filha, é uma estagiaria como os demais. E se reclamar, te farei levar trabalho para casa e relatórios até de coisas das quais não preciso. 

— Eu vou ser a estagiaria da estagiaria? Você só pode estar tirando onda com minha cara! — Catarina permanecia calada, mas seu sorriso debochado no canto da boca me fazia ter vontade de soca-la. — Vai dizer que vou ter que servir cafezinho pra ela também?

— Se acha que ela faz apenas isso, vai aprender na pele que ser estagiário não é tão simples quanto imagina ser. Eu já fui estagiaria um dia e ralei muito para ocupar o cargo que hoje ocupo. Agora deixa essa marra de lado porque não estou em um bom dia para lidar com suas más-criações. Catarina vai te levar para conhecer a redação e te adiantará alguns ensinamentos simples sobre o que fará por aqui. E já aviso, se eu ouvir uma ruido que seja de brigas entre vocês, a Eduarda paciente que conheceram até aqui, vai perder lugar para uma Eduarda que com certeza vocês não vão querer conhecer. Agora vão, tenho muito trabalho a fazer! — ela disse praticamente nos expulsando da sala. 

Além de ter que aguentar a dureza do estagio, não sendo suficiente, ainda tenho que aguentar essa idiota no meu pé quatro horas por dia? O que fiz aos céus afinal? Acho que a galera lá de cima tá de complô contra mim. Juro que se eu pudesse, eu socava a cara dessa menina só para não ter que olhar seu sorrisinho debochadamente vitorioso ao me olhar.

L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]Onde histórias criam vida. Descubra agora