Lara
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Acordei no hospital, já era dia. Um dia neblinoso e cinzento; nem o brilho do sol quis iluminar os dias de trevas que estavam por vir em minha vida. Coloquei a mão sobre meu pescoço e notei a existência de um curativo; entendi então que não foi um pesadelo, foi real.
Catarina estava ao meu lado, segurando minha mão, enquanto eu despertava aínda sonolenta. Minha mãe, Melissa, do outro lado ansiando minhas reações, e se debulhando em lágrimas, enquanto Eduarda na porta de saída falava com o médico. Eu ouvi ela ordenando algo como um check up completo de exames para doenças sexualmente transmissíveis, pois queria ter plena certeza de que aquele cretino não havia me passado nada além dos traumas severos por conta do ato.
Eu estava um pouco tonta, com dor de cabeça e sem processar exatamente todos os acontecimentos. Melissa se aproximou de mim com uma garrafinha de água mineral e um comprimido farmacêutico e pediu que eu o tomasse para meu próprio bem. Creio que ela já havia arquitetado aquilo para quando eu acordasse. Ela não especificou exatamente que comprimido era aquele, mas pela gravidade das coisas e pelo consentimento de Catarina, entendi que era uma daquelas pílula que as garotas tomam no "dia seguinte" para evitar gravidez.
Eu nem sabia se aquela ação era algo com prescrição médica ou se apenas algo que a super-proteção de Melissa exigia que fosse feito. Mas eu o fiz, pois eu mais do que ninguém arriscaria ter um filho daquele cretino.
Passaram-se dois dias, e quando por fim recebi alta e pude voltar para casa, tomei vários e vários banhos, por mais que a água da banheira fosse cristalina, eu me sentia suja, nojenta, violada. Eu queria me limpar a todo custo, queria lavar qualquer resquício daquele cretino do meu corpo. Mas a pior sujeira ele não havia deixado no corpo, mas na alma, marcando minha vida com suas digitais sanguinárias.
A pior parte é ter que aguentar todos me olhando com pena, desde a minha namorada, até minhas mães e madrastas. Eu odeio parecer tão indefesa, e odeio precisar de cuidados absurdos, como uma droga de psicóloga. Quem aquele médico pensa que é para me dizer o que devo ou não fazer? Não acho que preciso de acompanhamento. Foi um acontecimento difícil, não quero precisar falar disso com ninguém, é vergonhoso, menos ainda alguém que já conheço. Já tem gente demais sabendo, já tem gente demais me olhando com compaixão. Não preciso demais. E se isso se espalhar? E se todos souberem? E se eu virar assunto na cidade? E se Catarina quiser me deixar por isso? Maldito seja Arthur, não violou só meu corpo, mas minha alma... Minha vida!
Me arrependo e abomino o dia em que o conheci e me enganei com a idéia de que era um garoto incrível. Eu não devia ter me deixado enganar. Eu não devia ter ido até aquela droga de casa. Eu devia uma vez, só uma vez, experimentar usar o egoísmo e pensar em mim, isso teria evitado tanta coisa.
Catarina
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Voltar para casa nunca foi tão difícil. Eu queria estar lá, com ela, dando força, protegendo-a. Eu não tiro das minhas costas o peso da culpa, tive chance de impedir tudo que houve por duas vezes e não consegui. Uma quando Ariane me alertou que Arthur estava cada vez mais agressivo, e outra quando retardei antes de chegar naquele cenário cruel que Arthur usou para agir tão covardemente.
E falando daquele cretino, soube pelas últimas atualizações de notícias que ele havia tentado fugir da culpa afirmando que Lara consentiu e que inclusive eram namorados, mas por sorte a delegada não deixou por menos e duvidou da mentira descabida. Eduarda registrou a ocorrência e a polícia local acabou o prendendo. Espero que uma vez, ao menos uma vez no Brasil que a justiça funcione e que Arthur seja preso, julgado, condenado e que apodreça na cadeia.
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L a r a - [ROMANCE LÉSBICO]
RomanceAlguém lembra da bebezinha deste conto? Pois é, ela cresceu. O tempo passa rápido e não há tempo para cruzar os braços e esperar as horas passar, ele é tão veloz quando o piscar das suas pálpebras. Quarta temporada do romance lésbico - CLARA E DUDA.