Capítulo 15 "ANTAGONISMO"

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                                                                              ❤❤❤ HELLO PRINCESS  ❤❤❤

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No dia seguinte, encontrei-a por acaso no banheiro do bloco D. Estava passando batom e se olhando no espelho. Linda, usando um vestido azul claro todo trançado nas costas.

— Bom dia? Chegou bem em casa ontem? Pensei em ligar, mas o orelhão tava depenado. – parei do seu lado.

— Cheguei sim. – sorriu e guardou o batom na bolsa — Espero não ter dado muito trabalho... – virou-se de frente para mim

— Você? Claro que não. Espero é que você tenha gostado; apesar das grandes diferenças entre os nossos mundos... – abaixei a cabeça e apoiei a mão no mármore da pia

— Foi um dia maravilhoso. E mesmo com as grandes diferenças eu não acho que tenhamos que viver em mundos diferentes. São apenas condições sociais e só. – sua voz era suave como se me acariciasse.

Olhei para ela e não soube o que dizer. Apenas sorri e fiquei presa no sorriso que recebi de volta. Era incrível como facilmente ela me deixava daquele jeito: fascinada, sem palavras. Esqueci completamente dos motivos que me levaram ao banheiro e repentinamente interrompi o momento.

—  Eu... Eu tenho uma aula agora. É melhor ir. Tchau, provavelmente até sábado.

—  Até lá então.

Saí do banheiro quase que correndo.

Chegou o sábado e eu não me aguentava de ansiedade. Alex era o assunto que mais ocupava minha mente. Não estava conseguindo me entender. Subi no elevador impaciente e, ao chegar, encontrei Dolores na pose de sempre. Ao entrar na sala levei um impacto: lá estava uma mulher de cabelos louros e curtos estendida na poltrona lendo uma revista de moda. Vestia uma hobbie de seda com estampa de oncinha e calçava sapatos de salto cheio de plumas cor de rosa. "Meu Deus, é a tal piruona!"

—  Bom dia.

Ela se deu conta de minha presença, posicionou os óculos na ponta do nariz e me avaliou de cima a baixo.

—  Samantha?

—  Sim. E a senhora com certeza é a mãe da Alex.

—  Não me chame de senhora. Isto é para os empregados. Todos me chamam Jack.

—  Ah sim.- estendi a mão direita —  Tudo bem?

Ela olhou bem para minha mão e não retribuiu o gesto.

— Precisa cuidar melhor de suas mãos. Nem parece mão de mulher.

Recolhi a mão e fiquei sem graça. Não sabia o que dizer.

—  Bom dia! Vejo que já conheceu minha mãe.

Era a voz de Alex. Ela acabava de chegar na sala.

—  Bom dia. – respondi aliviada — É, conheci. E então? Pronta pra mais um dia?

— Claro! Vamos?

—  Vamos. Com licença. – saí apressadamente.

Estudamos bastante, e vez por outra ouvi os gritos da mãe de Alex pela casa dando ordens para Dolores e o motorista. Era uma frescura só. Perto da hora do almoço Alex perguntou:

—  Minha mãe disse algo que a perturbou?

—  Falou que tenho de cuidar melhor de minhas mãos. – abri as duas mãos e as posicionei diante de mim. — Minhas mãos são feias há muito tempo; escrotas, cheias de cicatrizes pequenas.

— São mãos de quem trabalha duro. – segurou as duas —  Gosto delas. – entrelaçamos os dedos e nos olhamos. Senti seu perfume me invadindo e lutei contra uma vontade urgente de beijá-la. Levantei-me rapidamente desmanchando o contato entre nossas mãos. Nesse momento Dolores bate na porta chamando para o almoço.

—  Meus pais almoçarão conosco. – disse como se me preparando para o pior

"Que maravilha!"

A mesa estava impecável como nunca. Havia, dentre outras coisas, uma travessa com seis lagostas, e um mundo de talheres. Os pais de Alex já estavam sentados e conversavam em inglês. Calaram-se com nossa chegada e senti o homem me examinando de cima a baixo, como sua mulher havia feito.

— Demorar vocês. Senta! – disse em tom imperativo.

— Culpa minha pai.

Dolores serviu o almoço e eu não sabia como usar tantos talheres. Alex olhou para mim e senti que deveria imitar seus atos. Assim o fiz. Seus pais me olhavam como que a um inseto curioso e pareciam não apreciar o que viam. Estavam todos muito bem arrumados, e Alex mais que o habitual. O dia estava meio frio e eu usava calça jeans, tênis, uma camiseta justinha e casaco de moletom.

— Meu filha dizer você melhor aluna in the University.

— Não sou a melhor, ela é muito gentil comigo.

— É sim pai. Ela tem vergonha de admitir.

— E trabalhar dentro de University?

— Eu dava aulas lá, como faço com Alex aqui em sua casa. Agora trabalho com pesquisa.

— Pena que em tudo isso se ganhe tão pouco dinheiro. – Jack riu debochada

— É verdade... Jack. Mas gosto e preciso mesmo assim. E à propósito, como devo chamá-lo senhor?

— Sr Robert estar bom.

"Sr Robert. Esnobe! Parece até uma bicha velha"

— E onde mora Samantha?

— Em Copacabana. "E se perguntar mais digo que moro no morro. A pirua vai cair dura no chão e a bichona vai se engasgar com o vinho".

— O que suas pais fazer?

— Sou órfão senhor.

— Que horror! – a mãe de Alex pôs a mão no peito

— Mãe, por que não conta como foi desfile em Nova York semana passada? – senti que Alex queria fazer o tempo passar com seus pais entretidos em não perguntar sobre minha vida. Ouvi a estória sem a menor atenção mas fingindo o contrário. O almoço voou com essa conversa. Depois foi a vez do pai de Alex falar de seus negócios até que disse:

— Pena é filha meu estudar University here, in Brazil.

— Ela ainda é muito nova querido. Pode fazer um mestrado em Londres, Cambridge, Oxford... ou mesmo na Alemanha. Não precisa se impregnar com esse ensino tupiniquim para o resto da vida.

Engoli em seco para não lançar uma grosseria e só não o fiz em respeito a Alex. Quando tudo acabou fui para o banheiro e dei socos no ar. Que gente ridícula! Fui para a biblioteca e Alex trancou a porta depois que entrei.

— Não gostou de pais meus não é?- perguntou de cabeça baixa

— Não gostei de algumas coisas que disseram. E eu só não disse poucas e boas naquela mesa em respeito a você.

— Desculpe-os. Meus pais são pessoas muito distantes. É difícil se aproximar deles, mesmo para mim que sou filha. Não sou como gostariam.

— E é uma garota maravilhosa! Eles deveriam agradecer a Deus de joelhos por tê-la como filha!

Ela me olhou e sorriu. O resto do dia passou voando, e saí de lá sem me despedir dos pais dela. "Jack" estava ao telefone com outra pirua tão pirua quanto ela, e o "senhor Robert" estava em outro telefone com um colega de trabalho. Saí me sentindo humilhada por aquela gente e desejei nunca mais vê-los.

✰✰✰✰✰ BYE BYE GIRLS ✰✰✰✰✰


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