Passamos o sábado em Petrópolis e vó Dorte adorou o Museu Imperial, o Palácio de Cristal e a Catedral. Comprou várias lembranças e doces. Ela já estava no vigésimo rolo de filme. No domingo passeamos por Niterói e ela adorou a travessia na barca. Ficou impressionada com a ponte e quis pegar ônibus só para passar por ela.
Descemos no Galeão, porque ela quis acertar seu retorno para dia 16 de julho, e assim foi. Ela teve de comprar uma mala nova por conta das mil coisas que comprou. Alex ajudou a arrumar. Esse dia caiu numa quarta, e eu saí do canteiro direto para o aeroporto. Saí um pouco mais cedo e consegui ainda falar com ela antes de embarcar. Encontrei-a abraçada com Alex, as duas chorando de emoção.
- Que medo! Pensei que não fosse conseguir!- cheguei correndo – O táxi pareceu levar tanto tempo, embora estivesse tão perto! – abracei as duas.
- Eu sabia que você viria! – disse emocionada – E queria agradecer por tudo! Você foi minha guia, minha amiga, minha neta e ainda me sustentou! – passou a mão no meu rosto. - Não sabe o quanto esses dias aqui me fizeram bem.
- Nós também adoramos você aqui. – olhei para ela e Alex, que confirmou balançando a cabeça – Pena que vai embora agora.
- Meu anjo, ouça – segurou meu rosto com as duas mãos – você não é um atraso ou um mal na vida de minha neta. Do contrário, você é uma bênção que só faz bem a ela e a todos a sua volta. Alex te ama, você é muito boa para ela e eu te amo também.
Essas palavras me tocaram verdadeiramente e meus olhos marejaram instantaneamente. As palavras engasgaram na garganta e eu não soube o que dizer.
- Eu sei o que você diria, mas a emoção te calou. Não se preocupe, eu sei!
- Eu também a amo, vovó! – foi só o que consegui falar.
- Cuide bem do meu bebê! – olhou para a neta – E você cuide bem dela!
- Eu irei! – abraçou a avó novamente.
Vó Dorte teve que ir e nós a vimos sumir em meio aos outros. Esperamos seu avião levantar vôo, e ficamos abraçadas assistindo a aeronave sumir no céu escurecido pela noite.
No aeroporto Alex disse que a velhinha pediu os dados de nossa conta conjunta e disse que passaria a depositar o dinheiro nela. Voltamos para casa caladas, ambas emocionadas, e pouco depois de chegarmos fizemos amor delicadamente até que o sono nos envolvesse em seus braços poderosos.
*******************************************************
E a vida seguiu normalmente. Vó Dorte passou a depositar dinheiro em nossa conta conjunta e Alex e eu combinamos que não mexeríamos naquele dinheiro. Seria nossa poupança para comprar uma casa própria, nossa de verdade. Eu passei a juntar a esse montante um pouquinho todo mês, e continuava sustentando a casa e a nós duas.
A temporada no Rio fez mesmo muito bem a vó Dorte, que passava bem de saúde na Inglaterra e havia começado com aulas de dança de salão. Acho que foi a inspiração do samba.
Conforme o previsto nosso trabalho em Nova Holanda acabou em agosto. Passei quase um mês trabalhando no escritório e nesse período Simone era toda olhares sexys e cruzadas de pernas. Mas não dei abertura para ela, embora confesse que a desejava, mas nada que fosse incontrolável. Em setembro o mesmo grupo iniciou as atividades no Complexo do Alemão, entre os bairros de Bonsucesso e Olaria, e ficamos lá até novembro. Nesses dois meses sobrevivemos a uns dez tiroteios, no mínimo, e eu já estava craque em fugas e saltos fantásticos para salvar a própria pele. Alex ficava desesperada e me pedia para deixar esse trabalho, mas ela sabia que isso não aconteceria. Em dezembro os trabalhos começaram no morro da Serrinha, no bairro de Madureira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
TUDO MUDA, TUDO PASSA
RomanceProntos(as) pra conhecer um AMOR que ultrapassou barreiras? Leia até o fim. Sem julgamentos.