Capítulo 84 - Penúltimo

363 15 7
                                    

Aqui estamos. Para melhor envolvimento com este capitulo sugiro que releiam o capitulo anterior. ♥


-.- ♥ 


Alex estava melhor e bem mais disposta. Era dia 29 de outubro, fazia um pouco de frio, e com isso podíamos caminhar sem temer o sol sobre a pele dela.

Caminhávamos, lentamente, de braços dados pelo calçadão.O mar de Ipanema estava revolto, a praia um pouco vazia e na beira mar algumas pessoas corriam vestindo roupas coloridas.

Eu usava calça jeans desbotada, blusa preta de alças e casaco de moletom preto. Alex vestia calça jeans preta, blusa branca de gola role e casaco jeans preto. Como sempre, usava sapatos de salto alto.Escondendo a ausência de cabelos, enrolou um lenço branco charmosamente na cabeça.

— Tudo tem seu lado bom. Estamos vivendo uma espécie de férias. Muito gostoso ficar com você dia e noite.

— Acha mesmo? – olhou para mim receosa – Olhe para você! Continua bonita e saudável Acha gostoso ficar com uma mulher careca, magra demais e doente?

— Ei! – parei de andar e fiquei de frente para ela – Você está doente, mas vai se curar. –segurei sei rosto — Continua sendo minha mulher. E de você não abro mão, entendeu? – beijei sua testa. Voltamos a andar — E acho gostoso sim, viu? E muito!

— Você é tão gentil Sammy... – beijou meu ombro.

— Não. Depende muito. Você pode dizer isso.

— Você me respondeu mais ou menos assim em uma das primeiras vezes em que disse que você era gentil.

— Queria abrir seus olhos, mas ainda assim se iludiu comigo. Fazer o que? – respondi brincando.

— Eu me apaixonei... Fiquei refém. – riu — Essa caminhada me traz tantas lembranças... –envolveu meu braço com mais força — Estou me sentindo em uma viagem no tempo. – olhou para mim sorrindo.

—Viaja comigo?– olhei para ela.

—Lembra da primeira vez que me deu aula de cálculo? Você se despediu ao final da aula e depois voltou e me convidou para caminhar neste calçadão. E foi um final de tarde maravilhoso!

— É mesmo! Tive uma pena de te deixar sozinha em casa lendo Dom Quixote em português! E ao mesmo tempo uma vontade de ficar junto! – sorri — Fizemos depois outras boas caminhadas nesse calçadão, molhamos os pés no mar várias vezes, corremos, brincamos e bebemos muita água de coco no final.

— Verdade! Ai, eu esperava ansiosamente o sábado chegar só por conta daquelas aulas. Quer dizer, da professora! –sorriu para mim —Adorava a sua presença. Eu me sentia mais viva!Quando você me olhava, e até hoje quando me olha, eu me sinto a pessoa mais importante do mundo.

— Mas pra mim você é. –beijei sua testa.

— Lembro muito também do Posto 6 de Copacabana.

— É. Posto 6, praia, vôlei de praia, e a inesquecível dupla Sandra e Nara.

— Sandra e Nara... – riu — Que dupla! Passamos bons momentos com elas. Carnaval na praia,festas de final de ano... Que pena que se separaram...

— Sandra vacilou muito! – passei a mão nos cabelos —Lembra que foi se pegar com uma garota naquele carnaval e com todo mundo ali do lado? Depois ainda ficou negando! Quem ia engolir?

— E o polígono amoroso?? – riu animada — Não aguentei esse apelido que você inventou. – riu de novo.

— Mas aquilo era uma sacanagem só! Sandra e "a separada" e Nara e "a cocota"! –ri —Viajaram juntas e tudo, lembra disso?

—Sim. –balançou a cabeça — Loucas...

— E aí, lá pelas tantas,Nara veio te dar cantada crente que eu não tava ouvindo. Chamei ela na xinxa e num instante parou com a graça!

— Ela não tinha condições de encarar você, minha morena brava. – beijou meu rosto —Hum! Sabe do que me lembrei agora? – riu — Da sua cara de espanto quando soube que eu tinha motorista. E da forma discreta como achava absurdo o uniforme dos empregados.


— Ah, mas eu ainda acho! Roupas tudo a ver com o clima ameno e fresquinho do Rio de Janeiro.

—Hum! Lembra da primeira vez que eu andei de ônibus? Nossa, eu paguei um mico na roleta...

— É, eu lembro. E naquela época eu usava a blusa de estudante do município pra não pagar passagem! – ri.

—Quem diria! E hoje é uma rica mulher de negócios! – deu um tapinha no meu braço.

— De negócios, eu? Ah não, sou uma rica mulher peão, mulher de canteiro de obras. De negócios é a minha lourinha, que inclusive linda com a grana e cuida dos acordos estratégicos. Eu só recebo oque ela me paga...

— Hum, mas você sabe que as decisões finais são sempre suas...

—É, e eu digo: "Sim amor, do jeito que quiser!"

—Boba! – deu um tapinha no meu ombro —Lembrei também da primeira vez que te vi jogando capoeira. Fiquei impressionada!

— Ah, e eu me exibi tudo o que podia! Queria te impressionar! Hoje em dia se bobear eu fui "promovida" pra faixa verde! Faz tanto tempo que não jogo numa roda...

— Lembra quando você conheceu aquela sua ídolo da capoeira, Edna Lima, em Recife?

— Ah, nem me fale! Aquela mulher é o bicho jogando!Ela é famosa até em outros países, já gravou filmes e tudo mais.Fiquei até de perna bamba quando a vi jogar. Foi show, Alex! Coisa alucinante!

—A única coisa ruim dessa sua capoeira é que te fez abusada. – riu — Você não pensa duas vezes antes de sair no braço.

— Ah não, lindinha, não diga isso.

TUDO MUDA, TUDO PASSAOnde histórias criam vida. Descubra agora