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Enfim, para Alex e eu o período já havia terminado. Passamos em todas as matérias e estávamos livres. Eu continuava indo para a faculdade apenas para trabalhar no laboratório. Em 95 minha amada seria oficialmente uma aluna da engenharia civil. Dessa vez sua mãe decidiu ir para a Inglaterra mais cedo, e como as aulas só começariam em março, planejava que a filha voltasse logo depois do aniversário. Eu andava maluca com essa possibilidade. Muito tempo sem vê-la. Pedi uma semana de folga no laboratório para o professor e ele concedeu. Queria me despedir de Alex. Afinal, eu trabalhava tanto que tinha o apelido de funcionária padrão. Alex e eu saímos juntas da faculdade e fomos para Ipanema. Ficamos na praia sentadas na areia e relaxando, na altura do Coqueirão. O tempo estava ótimo, o calor bem ameno e a brisa maravilhosa. De repente notei um rebuliço e ouvi alguém gritar:
— Socorro arrastão, socorro!
Um bando de moleques vinha como que tratores sobre as pessoas na praia e jogavam-se paus e pedras em várias direções. Um homem armado apareceu e começou a atirar contra os moleques. Muitos se jogaram no chão, inclusive nós. Foi tudo muito rápido, eu nada entendia, mas apenas vi quando um rapaz bem jovem mirou o revólver para Alex e disse que ela iria com eles. Não nos movemos e no desespero ele atirou. Coloquei-me na frente dela e senti uma dor causticante na barriga.
— Nãooo!!!!! – ouvi-a gritar.
E de repente tudo ficou escuro e apaguei.
Eu andava em um lugar cheio de vielas estreitas, sentia um cheiro de azedo, como vômito, eouvia crianças chorando. Olhei ao redor e vi casas erguidas com paredes de tábuas de madeira ou folhas de papelão. O chão em que pisava era de terra umedecida por valas de esgoto que corriam a céu aberto.
"Meu Deus, que pobreza!"
Não sabia porque, mas sabia que estava em algum lugar no Recife, cidade que nem conhecia. Parei de frente a uma casa horrível, quase se desmoronando, e de repente a tábua que servia de porta começou a se mexer. Vi uma mulher sair de lá de dentro, de cabeça baixa, e, uma vez do lado de fora, ela levantou a cabeça e me olhou. Ela era como eu, só que mais velha, e tinha os olhos pretos.
— Samantha?Você é Samantha?
— E quem é você? Como sabe meu nome? - perguntei
—Sou sua mãe!
E daí tudo ficou escuro.
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Acordei com o corpo todo doído, a cabeça aérea e a boca seca. Sentia uma sede violenta e ouvia barulhinhos engraçados como que de um monte de coisas piando. Abri os olhos. Vi um homem de branco de costas para mim lendo alguma coisa. Segurava uma bacia metálica.
— Onde eu tô? Cadê a Alex?
Ele me olhou surpreso e esboçou um belo sorriso. Era um moreno bonito, alto e bronzeado dos olhos verdes. "Gente, que homem é esse?"
— Olá Samantha, bom dia! Você está em um dos melhores hospitais da cidade. – começou a aplicar alguma coisa em um dos vidros de soro. — E Alex deve ser Alexandra, a menina que você salvou. Ela está bem e vem te visitar todos os dias. Daqui a pouco deve aparecer. É que ainda é muito cedo. São 6:20h.
Olhei ao meu redor e me vi em um grande quarto de hospital. Havia três frascos de soro espetados em minhas veias e um tubo que saía por baixo da cobertas preso em uma bolsinha estranha. Umas ventosas me faziam leve pressão no peito, presas a um equipamento daqueles de eletrocardiograma, além de um nebulizador que me enchia o saco. Foi a primeira coisa que retirei.
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TUDO MUDA, TUDO PASSA
Roman d'amourProntos(as) pra conhecer um AMOR que ultrapassou barreiras? Leia até o fim. Sem julgamentos.