Sonho.

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Pov Bárbara

Uma língua passeando na minha boca.

Obviamente, era um beijo.

Mas um beijo diferente, muito melhor. Nunca havia estado tão entregue a alguém assim em um beijo, aquela língua era aveludada e tinha um leve gosto de cereja, juro que conseguia sentir, e duas mãos delicadas, porém de toque firme repousavam na minha cintura e na minha nuca, entre meus cabelos, fazendo um carinho que me deixou de pernas bambas e, confesso, excitada.

O ar começou a me faltar e fiz o que menos queria, separei o beijo, abrindo os meus olhos lentamente.

E o que eu vi na minha frente me fez paralisar. E gritar, mas sem som, talvez porque eu estivesse muito chocada.

Claro, eu estava beijando a Júlia! Não é só uma menina, é ela!

Não, eu estou sonhando, não é possível! É?

- E agora? O que eu faço? – perguntei, talvez pra ela e vi seu sorriso, mais iluminado que o normal.

- Acorda, Babi. – senti um solavanco. – Bárbara, acorda!

Abri meus olhos, dando de cara com o mesmo rostinho, o da Júlia, que sorriu pra mim, de novo.

Puta que o pariu, eu estava sonhando. Suspirei aliviada, passando a mão pela minha testa, constatando que suava frio. Voltei a enfiar a cabeça entre os braços.

- Quando eu dormi? – minha voz saiu abafada, mas ela ouviu.

- Tem um tempo já, mas pode ficar tranquila, copiei a matéria, se quiser explico. – olhei para o quadro, lá tinha um comando do professor para uma atividade de fixação. Era uma das últimas aulas, e eu dormindo. – Não quis te acordar, você parecia sonhar com algo bom. Pelo menos até agora, já que estava suando frio. Teve pesadelos?

- Ahn, por aí. Não era totalmente ruim... – deixei a frase morrer e... Socorro, como eu me permiti falar isso?

Ignorem gente, obrigada, eu tenho namorado.

- Como não? Você tava falando "e agora? E agora? O que eu faço?" como se estivesse fodida, me explica.

- Se eu fosse te explicar, você não iria entender.

- Bárbara, tá dizendo que eu sou burra? – ela fingiu estar ofendida e eu ruborizei, imaginando como sair daquela situação sem expor o que havia acabado de acontecer.

- Não Ju, é só que é um pouco complicado, talvez muito. E não me chame de Bárbara.

- Ok, desculpa se você sonha uma saga de livros num cochilo durante a aula, não tenho esse poder.

- É pra poucos. Agora me ajuda com esse dever, e me explica a matéria, eu pego rápido. – cheguei minha cadeira pra mais perto da dela.

- É claro. – senti seu hálito de cereja, já conhecido e o sonho parecia ainda mais vivo em minha mente. – Você tá bem, Babi? Sério, tá tudo bem? – ela perguntou colocando uma mecha do meu cabelo bagunçado atrás da minha orelha, achei fofa sua preocupação comigo. – Você tá suando frio. – ela disse quando checou minha temperatura, enxugando a mão molhada com o meu suor na calça.

- Eu estou bem.

- Não quer sair, tomar um ar fora dessa sala, pra arejar a mente? Vai te fazer melhorar.

- Eu já disse, estou bem, mas vou aceitar sua sugestão.

- Vai sim, lava o rosto, bebe água, sei lá. Eu fiquei preocupada contigo.

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