Vírgulas e mais vírgulas e quase nenhum ponto final.

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Pov Júlia

Viajei pra Espanha na semana seguinte, e foi uma das melhores viagens da minha vida. O Real Madrid era maravilhoso, um sonho.

Um sonho que alcancei, porque saí de lá com contrato fechado. Quando eu fui para assiná-lo, quase caí pra trás com o meu salário. Eu ia precisar de um empresário, porque do nada era dinheiro demais.

- Você vai precisar de um empresário. – disse a minha mãe quando eu contei, ainda do hotel. Ela tinha ido comigo, mesmo que não fosse de fato necessário, porque eu sou adulta.

- Não pode ser você?

- Pode, mas eu sou meio ocupada e não tenho tempo pra cuidar disso.

- Mãe, isso é sério? – ela riu com o meu pequeno chilique.

- Não, eu sou sua empresária. Isso me enche de orgulho, princesinha. – sorri maior que a cara.

- Não sou mais princesinha. – cruzei os braços e fiz bico, feito criança.

- É a eterna princesinha do papai e da mamãe. – aí ela me desarmou e voltei a sorrir.

- Eu estou tão feliz que poderia chorar. – e estava quase fazendo isso.

- Eu sei. É lindo que o seu sonho possa se realizar. Você ter sonhado com isso desde pequena, e finalmente poder viver, não tem noção do quanto é gratificante pra mim ver o brilho nos seus olhos. – não pude fazer nada além de me jogar nos braços da minha mãe e a abraçar com força. – Seu pai ficaria bobo de orgulho de você, Júlia. – foi o suficiente pra eu chorar, mas de felicidade e até de ansiedade, arrisco. Eu estava louca pra estrear, cair nos braços da torcida, que eu sabia que era grande e exigente, mas que seria acolhedora.

- Eu te amo tanto. Vocês dois.

- Eu te amo mais, filha. – ela me beija na testa, separando o abraço e seca minhas lágrimas. Também tinha os olhos marejados.

Passado aquele momento, eu precisava ir ao aeroporto, porque eu tinha que voltar pro Brasil antes de vir pra cá de vez. Antecipei meu voo pra poder estar mais perto da Luana por um pouco mais de tempo. Minha mãe foi comigo ao aeroporto, pegou o táxi comigo, falando seu espanhol cheio de pompa pro taxista. Eu teria que aprender a falar espanhol.

- Você tem certeza que já quer voltar pro Brasil? – pergunta a minha mãe depois do check-in. Bom, agora eu teria que ir mesmo.

- Eu já expliquei, mãe. A Luana precisa de mim, o irmão dela tá desaparecido ainda.

- Ah é, verdade.

- E além disso, eu vou morar aqui em Madrid, vou ter tempo pra passear. E comprar, que eu sei que é o que você quer fazer comigo se eu ficar mais um dia.

- Não me culpe, é uma belíssima cidade.

- Eu sei. Só de pensar que vai ser minha casa, nossa. – ri. – Parece um sonho louco.

- Vai ficar mais louco quando você for jogar. Imagina, vai conhecer aqueles jogadores maravilhosos e gatíssimos.

- Mãe...

- Eu sei, você não gosta disso, mas quem resiste ao Cristiano Ronaldo? Você é fãzinha dele.

- Ok, admito, estou ansiosa pra conhece-lo. Ansiosa pra ter essa oportunidade. Não só ele como o Bale, o Sergio Ramos, o Marcelo... Nossa, todos eles.

- O Piqué, o Messi...

- Esses não são do Real Madrid, mãe. – ri.

- E quem disse que você não vai ter chance de vê-los de perto?

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