O Túlio me levou pro colégio como todos os dias, e prometeu me buscar como todos os dias desde sempre. Ah, o Túlio é o motorista da minha mãe.
- Obrigada Túlio, bom dia.
- Bom dia pra você também, Ju. – sorri pra ele e saí do carro. Primeira coisa que avistei foi a Marina na porta do colégio, também, com aquele moletom rosa pink. Obviamente que não é dela, é de mulher, tenho certeza. Eu ia reclamar daquilo, dizer que é muito "chegay", mas notei que no moletom estavam os dizeres "Idgaf what the people say", daí me calei.
Sorri pra ela.
- Bom dia delícia. – ela disse sorrindo. Posso dizer? A Marina é linda, mas tem algo contra cabelo arrumado, o dela tá sempre com algum defeito, de uma mecha fora do lugar a um cabelo "acabei de foder". E, como eu disse, a maldita é linda. Porque quando a pessoa é bonita, fodeu, não fica feia nem quando é pra estar feia.
Hoje o cabelo dela estava adoravelmente no estilo "acabei de foder".
- Bom dia, minha vadia. – apertei suas bochechas porque sei que ela odeia. Tive que apertar também o bico que ela fez. – Tá arrasando no look né amiga? Gostosa. – fui irônica na parte do "gostosa"(não que ela não seja gostosa), ela usava uma calça jeans folgada e os all stars novinhos. Irônica porque sempre deixei claro que gosto da bunda dela, e o moletom não me deixava vê-la.
A Mari era um palito com um pouco mais de bunda que as proporções do seu corpo, mas ano passado ela passou por uma fase "no pain no gain", só falava de academia e queria levar todo mundo pra malhar, durou praticamente o ano inteiro, resultado: - magreza + músculos e uma barriga com gominhos, toda definida da qual ela é muito orgulhosa. A academia também deixou seu corpo mais proporcional, a bunda deixou de ter destaque. As mina pira na Mari fitness.
- Esse moletom é da Bia, peguei emprestado. – não falei que era de mulher, conheço a peça já – Você achou "chegay" demais né? – ela dobrou as mangas dele, deixando à mostra seus pulsos extremamente brancos (como ela toda), com um relógio prateado no direito.
- Exatamente. – ela deu de ombros.
- Deixa aí. Você que tá arrasando, dá uma voltinha pra mim. – ela pegou minha mão e me fez dar uma voltinha. Eu usava uma calça preta colada, uma camisa cinza e uma jaqueta college vinho, tava meio frio. A minha jaqueta era um casaco emprestável, não esse moletom mamãe-quero-ser-gay, ops, ela já é. – Wow, eu pegava.
- Eu também.
- Também me pegava?
- Também me pegava.
- Viada. – ela resmungou, entramos no colégio, caminhando pelos corredores lotados de gente.
- Você é muito galinha, gosto disso não.
- Ah é? Você era igualzinha, preciso lembrar que namorou duas ao mesmo tempo? Quase que morre, desgraçada. – quando as duas descobriram, verdade.
- Isso é passado.
- Teu passado te condena. Eu só não gosto de namorar, gosto de curtir, amorzinho.
- Amorzinho não que eu não sou tuas negas. – ela gargalhou. Ela sempre ri quando eu falo isso. – E eu estou diferente agora.
- Pior.
- Talvez, porque agora que eu sou assumida, posso olhar o povo daqui com outros olhos, afinal, nesse colégio tem gente bonita. – só que os olhares das gostosas eram todos na Marina, meu Deus. Passou uma morena muito linda e piscou pra ela. Quando olhei pra Mari, pensa na cara de safada.

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Mine
Romance"É porque eu já tive mulheres, digamos assim, isso parece idiota e clichê, mas com nenhuma delas foi como é com você. Estar apaixonada, pra mim, é novidade. Você diz que é minha, e que gosta de ser. Então, quer ser minha pra sempre? - mas o que? Que...