Minha.

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Pov Júlia

Com o meu carro na porra do estacionamento da casa da Marina, tivemos que pegar um táxi e ir pra lá. O porteiro fez a gentileza de me deixar passar porque já me conhecia.

- Ô Júlia, que diabos você quer lá em cima no apartamento da Marina se seu carro tá no estacionamento? – Babi pergunta assim que eu chamo o elevador.

- Você come, eu como, e onde a gente vai eu não tenho certeza se tem comida.

- Aí você vai pegar a comida da Mari.

- Ela já comeu muito lá em casa, também. E não é só sobre a comida, vou pegar umas roupas também.

- Ok, e como você vai entrar? Tem a chave?

- A Marina mora na cobertura, a porta dela anda aberta ou só fechada, raramente trancada. Ela confia, sim, ela é louca. Se não tiver aberta, a chave extra fica naquela planta de mentira com terra de verdade.

- Nossa, odeio planta de plástico. – entramos no elevador.

- Também. A planta é uma vida, pra você cuidar e tal, aí você pega e compra uma de plástico só porque nunca vai morrer. Pelamor, né.

- Por que a Mari não tem uma planta de verdade?

- Porque ela não ia lembrar de molhar. E no corredor de entrada não bate sol, não é lugar pra planta. Só serve pra esconder a chave mesmo.

- Ah, então tinha que ser de plástico.

- Não, ela podia colocar debaixo do tapete.

- Ela não tem tapete de boas-vindas.

- Ah, verdade. – o elevador se abre e eu reparo nesse detalhe.

- Mas deveria, os pés das pessoas são sujos.

- Aham. – giro a maçaneta, porta trancada. – Mas que porra. – não queria meter a mão na terra. Ajoelhei em frente ao vaso da planta e vi um pedacinho de plástico saindo da terra, perto do "caule" da planta de mentira. Ri. – Se eu fosse uma detetive... – puxo o plástico com cautela pra não me sujar e logo tiro o saquinho transparente com a chave dentro. – Diga se isso não parece um saco de pôr evidências?

- Sim, parece. – ela ri. Abro o saquinho e depois a porta, com a chave.

- Pronto, vai pegar suas roupas. Pega minha mochila também, por favor.

Não esvaziei o armário da Mari, só peguei umas coisas porque achei que ficaríamos com fome. A Babi usou o tempo trocando de roupa. Ela vestiu um shortinho e uma blusa de algodão preta, simples. Entramos no carro, bati na testa por não ter pego nenhuma bebida.

- O que foi?

- Não peguei nada pra beber agora. – é, eu tava falando de umas cervejas, ou sei lá, algo com álcool.

- Ainda bem, eu não ia permitir não querida, você vai dirigir.

- Ah, esqueci que eu tô com a minha mulher, então... tenho que ser responsável. – liguei o carro e saí do estacionamento.

- Minha mulher... Isso soou bom pra mim. – sua voz dava a entender que estava sorrindo.

- Gosta de ser minha? – ela me responde com a cabeça. – Não sei se você disse sim ou não, tô dirigindo. – nisso eu saía do prédio e começava a traçar na mente o caminho pra chegar às rodovias.

- Sim, eu gosto. – sinto sua mão no meu rosto e sorrio.

Silêncio reina. Silêncio bom.

- Vamos pra longe? – ela pergunta assim que entrei na BR.

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