Minha vida tinha virado do avesso.

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Pov Bárbara

Abri meus olhos, e a Sabrina estava ali. Em pé ao lado da cama. Ela abriu um sorriso ao me ver. Fiquei surpresa ao vê-la. Não sabia onde estava, talvez num hospital, o ambiente era escuro. Estava atordoada, grogue.

- Sabrina, como...? – ela faz sinal pra que eu fique quieta e nega com a cabeça, como se dissesse "não importa como cheguei aqui", depois sorri terna. Sempre cuidadosa. Eu não estava mesmo em boas condições pra falar, minha voz soava como a de alguém em seu último suspiro. Acho que não era o meu caso.

Sabrina parecia tão bem. Como se estivesse feliz, o quarto havia se iluminado à sua presença. Ora, tínhamos acabado de sofrer um acidente. Como podia estar bem? E sem um arranhão?

Comecei a duvidar se estava mesmo acordada, mas era bastante real, ela emanava calor, ela estava lá.

Não lembro mais o que aconteceu, mas lembro dela dizendo que eu não me preocupasse, que me amava e que estaria comigo, antes que eu apagasse novamente. Na hora eu mal escutei, imagina entender.

Senti o corpo despertar. Num quarto branco, e demorei segundos para interpretar que estava num hospital, lembrar-me do acidente e logo ficar desesperada. Onde será que a Sabrina estava agora? Eu estava naquele quarto sozinha.

E tonta, mais uma vez, com a cabeça pesada. Ela estava enfaixada, assim como meu braço direito. Acho que havia outros curativos pelo meu corpo mas não tive tempo para nota-los.

Uma enfermeira entrou apressada (talvez que eu estava tentando levantar e não deveria) e disse algo, mas eu estava tão tonta que mal escutei. De fato, eu não deveria levantar. Quantos passos eu conseguiria dar, tonta desse jeito? Talvez nem o primeiro, e eu estava sem meus óculos, mal ia saber pra onde estava indo.

Deus, mais um par de óculos que se vai.

Mas, após ser reacomodada na cama, vi o líquido ao meu lado descendo, em direção à minha veia. Tentei arrancar, mas a mulher percebeu e não deixou.

- O que é isso? – perguntei, referindo-me ao líquido. Ela não me respondeu, acho que minha voz agora soava como a de uma pessoa completamente chapada. E creio que era um sedativo, porque minha tontura passou no segundo seguinte e eu adormeci como se nem tivesse acordado.

Quando despertei novamente, alguém segurava a minha mão.

- Você acordou. – era o Nick. Ele parecia estar acordado há meses, e forçou-se a dar um sorriso por me ver acordada.

- Nicholas. – sorri de volta (eu acho). Me sentia levemente cansada, com o corpo mole. E tinha a sensação de que havia dormido bastante tempo. – Há quanto tempo estou aqui?

- Umas doze horas.

- Olá Bárbara. – uma voz grossa se faz ouvir, tenho que olhar para frente para ver a silhueta borrada de um homem. Ele não faz o favor de se aproximar da cama para que pelo menos melhorasse. – Como se sente?

- Um pouco cansada. – digo e respiro fundo, fechando um pouco os olhos. Tenho recordações vívidas do acidente e contenho um grito desesperado, levando a mão à boca. Foi aterrorizante. Quis sair daquele hospital correndo.

- São os remédios. – o homem respondeu calmamente. Minha respiração se desregulou. – O que houve?

- Onde tá a Sabrina, Nicholas? – ele aperta minha mão e me faz um carinho com o polegar. Eu não conseguia ver a porra da sua expressão, eu mal enxergava. Ele negou com a cabeça e a abaixou, meus olhos encheram-se de lágrimas. Não levou um minuto pra que eu estivesse chorando. Nick me abraçou do jeito que deu, e eu sabia. Sabrina não resistiu e eu tive uma alucinação. Ou recebi uma visita dela, sei lá, não sabia o que pensar. Mas precisava de uma confirmação. – Ela morreu, Nick? – perguntei num sussurro.

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