E você não é médica, mas sabe cuidar direitinho de mim.

1.3K 83 4
                                    

Pov Bárbara

O Nicholas deu um sumiço depois da festa. Desapareceu, evaporou, sei lá. Como eu não queria transparecer algo mais, não fui atrás dele. Se quis fugir, não vai ser por muito tempo, não é?

Mas não fiquei surpresa por isso ter acontecido, ele queria mesmo transar comigo. E só duas coisas podiam acontecer depois disso, na minha cabeça: ou ele ia sumir, ou se declarar apaixonado. Isso porque somos amigos. E francamente, nessas condições, ele sumir é ótimo. A não ser que tenha sumido porque não quis aceitar que se apaixonou.

Assim sendo, que nunca aceite, porque eu não quero ter que lidar com ele apaixonado não.

Sobre a manhã na cozinha da Júlia, ela deveria ter ficado na dela, mas o ciúme foi mais forte. Júlia, com ciúmes de mim, quem diria... Parece que o jogo virou, não é mesmo?

Não, na verdade não há jogo nenhum. Ela só ficou um pouco confusa. Pula isso.

O dia foi tipo uma despedida com as meninas. Foi foda.

E começamos a última semana. E chegamos ao dia de hoje, quinta-feira. Ao momento agora, à noite. Opa, é amanhã.

Meu pai já havia me obrigado a arrumar as malas e despachou-as sem me avisar, acabo de saber. Malas com as roupas mais legais, e deixou apenas a menor pra eu levar, porque eu ainda não tinha arrumado tudo, faltava algumas roupas meio velhas. Não fazia ideia que podia despachar mala com 20h de antecedência, mas ok né. Fiquei puta pelas minhas roupas longe de mim.

Eu tinha dado sorte de ter separado meus moletons, e dei mais sorte de achar uma calça jeans digna. E meus sapatos? Não tinha mais nenhum, a minha mãe teve que me dar uma bota de cano curto lá. Confortável, gostei, mas ela usa dois números a mais que eu.

Tudo bem, eu não ia pisar na escola de chinelo.

À noite, Júlia ligou pra mim. Eu achava que não ia ser produtiva, a ligação. Realmente não foi, mas...

- Oi Ju.

- Bárbara...

- O que foi?

- Só liguei porque... – ouvi um barulho parecido com uma queda, como se ela tivesse caído. – Ai, caralho.

- O que foi?

- Ralei a perna. Que merda.

- O que tá fazendo?

- Nada não.

- Como assim nada? Como ralou a perna?

- Não estava prestando atenção. Tá ardendo. Ok, e sangrando. Aff.

- Que porra você está fazendo, Júlia? – ela não responde. – Limpa esse ferimento com água e sabão, ok?

- Ai, eu sei como cuidar de um arranhão, mas... Olha, você tá com a cortina aberta. Oi. – ela acena, na janela. Ok, me surpreendeu. – Você nunca tá com a cortina aberta à noite.

- Não acredito, Júlia.

- No que? - ela ri.

- Não acredito que escalou o muro de novo. Não acredito que veio aqui...

- Vai me deixar do lado de fora? Tudo bem por eu ter ousado vir aqui em tais circunstâncias, mas só vim porque queria te ver, queria um momento a sós e você nunca rejeitou minha presença. – assenti. – Bom, se resolver fazer isso agora... Lembra que eu tô sangrando, Vidoca.

Neguei com a cabeça e desliguei o telefone. Ela sorriu quando me aproximei da janela, abrindo-a e dando passagem pra ela entrar. Quando a Júlia pulou pra dentro nada delicada, uma gotinha do sangue dela sujou meu chão.

MineOnde histórias criam vida. Descubra agora