Pov Júlia
Quando eu acordei, tudo foi voltando à minha mente. Aos poucos.
Eu abri os olhos, olhei em volta. Hospital, galpão, Tobias, Luana, Hugo. Bárbara. Hemorragia, meu pai, Sabrina? Sabrina. Futebol Madrid é a minha arte. Quase morta, ambulância, Bárbara chorando, faz isso comigo não Bárbara. Minha vida, samu. Seu cu. Meu pai.
O meu pai?
Pisquei várias vezes até tudo normalizar na minha cabeça, que tava uma completa loucura, como vocês puderam perceber, e respirei fundo.
Eu vi o meu pai e a Sabrina. Olha, sonho mais louco da minha vida.
Pior que eu acho que não foi sonho. É aquele tipo de experiência que eu não vou contar pra ninguém, até porque, se eu o fizesse, ninguém ia acreditar.
Eles praticamente só fizeram me dizer pra ficar com a Bárbara, não largar a Bárbara, que eu amo a Bárbara.
Ora, eu já sei disso. E não vou mais largá-la, nunca mais.
Eu vi meu pai.
- Júlia. – a Babi tava no quarto. Eu estava olhando pra ela enquanto colocava minha mente no lugar, e ela estava no telefone. Já desligou, nem vi. – Você tá bem? – suspirei, finalmente me sentindo acordada.
- Não... Seus lábios estão muito longe... – ri. Eu estava com saudades de tocar nela. No meu sonho ela não me sentia.
Na verdade sim, mas ela ignorou. Eu também ignoraria, uma presença inexplicada, eu acharia que tinha acabado de ficar louca de vez. Será que ela achou?
Babi sentou na minha cama, ao meu lado. Sorri pra ela.
- Senti saudades. – ela não tem reação, porque pra ela foram algumas horas, só que passou muito mais devagar pra mim. E olha que eu estava anestesiada, apagada. – Enquanto estava com o Hugo, e aqui, desacordada.
- Desacordada? Você estava em cirurgia, Júlia. – ela me corrige, como se reclamasse que eu não desse o devido valor às horas que passei lá dentro enquanto ela estava preocupadíssima aqui fora.
- Ah verdade, lá também. – suspirei mais uma vez, vendo algo parecido com um pregador apertando meu dedo, enviando as minhas pulsações para a máquina, cujos bips eu tentava ignorar. – Quanto tempo será que eu vou ter que ficar sem você me abraçar e me beijar? Sério, eu senti saudades. Achei que fosse morrer.
Bárbara ainda não tinha tocado em mim, então eu tinha uma pequena parcela de medo de que aquilo não passasse de mais um sonho louco.
- Eu falei que você não ia morrer. – já que ela não me tocou, toquei nela. Acariciei seu rosto, ela estava quente como sempre, quase respirei aliviada.
- Você prometeu. – sorri. Ela assentiu. – Mas eu realmente achei, vi meu pai. Entre outras coisas, mas foi muito complexo, você não ia entender nada. – como eu disse antes, não vou relatar o acontecido pra ninguém. Prefiro guardar pra mim.
Ela riu como se não desse a menor importância pro que eu havia acabado de dizer. Mas de uma forma boa, tipo "eu tô tão feliz que você está viva que nem ligo pras merdas que aconteceram antes". Ou ela riu porque achou que eu ainda estava um pouco atordoada.
Mas antes que eu pudesse concluir, ela se inclina na minha direção ainda rindo e me beija levemente.
Que bom que eu posso beijá-la. Que bom que eu estou viva.
- Acho que só preciso entender que você está bem. Só não gosto de olhar pra esses machucados todos. – ela diz acariciando meu braço arranhado.
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Mine
Romantizm"É porque eu já tive mulheres, digamos assim, isso parece idiota e clichê, mas com nenhuma delas foi como é com você. Estar apaixonada, pra mim, é novidade. Você diz que é minha, e que gosta de ser. Então, quer ser minha pra sempre? - mas o que? Que...