Não escureceu. Eu fechei meus olhos até o final.

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Pov Bárbara

- Situação com refém, o que se faz, Bárbara? – agradeci mentalmente por não ser chamada de Srta. Aguiar, porque aquilo era ridículo, afinal eu não era mais uma Aguiar legítima. E aquele cara me lembrava o meu pai na minha adolescência. Afinal, eu não o via desde aquele fatídico dia em que me deserdou.

- Tenta negociar com o meliante e aproveitar-se da sua primeira fraqueza para tirar o refém de perigo. O refém é o mais importante. Isso vale tanto para situações de momento quanto para situações em que o refém está preso no mesmo ambiente que o criminoso e não permite a entrada da polícia. – respondi normalmente.

- Muito bem. Olha, vou falar diretamente. Eu não sei muito sobre você além do seu nome e que se saiu muito bem na academia de polícia, mas pelas suas respostas, você não vai ser menos do que uma puta agente. Se, durante as ações, não esquecer de nada que acabou de dizer.

- Dizem que não se esquece o que se aprende com prazer.

- Durona.

- Parece?

- Com certeza. De qualquer forma você já estava dentro, só queria testar suas habilidades. Enfim, bem-vinda. – estende a mão, eu a aperto. Ele levanta de onde estava sentado. A sala parecia tão improvisada, ele parecia tão informal. – Me acompanhe. – era um ambiente relativamente apertado e só se viam arquivos e mais arquivos, além da mesa em que ele estava sentado, eu do outro lado. Imaginei quantas pastas deveriam ter naqueles arquivos, se cada pasta fosse um caso, quantos casos teriam em cada arquivo, e quantos teriam na sala inteira. Para um jogo de estimativas, os resultados foram espantosos, dentro da minha cabeça.

- Posso fazer uma pergunta? – falei, quando já tínhamos saído daquela sala. Parecia até que o ar do lado de fora era mais fresco do que ali dentro.

- Claro. – simpático, espera que eu diga algo.

- Todos os arquivos daquela sala... Tem casos lá?

- Sim, casos antigos e alguns documentos. Achou muitos? – assenti, surpresa. – Novatos.

- Um computador não facilitaria tudo? – ele começa a andar, fazendo sinal para que eu o siga.

- Todos dizem isso, mas ninguém tem coragem de mexer neles. – ri, sem deixar que ele percebesse. Eu também não teria coragem. – Também não teria, né? – dessa vez deixei que ele visse que eu estava rindo.

- Não mesmo, sinceramente. – ele também ri. – Só por uma causa muito boa.

- Se eu falar com o chefe nesse momento e disser que ele mandou te dizer que te garante uma promoção a Agente se você limpar aquela sala, você faria? – sim, por enquanto eu sou uma espécie de subagente, porque preciso de experiência. Mas tô feliz pra caralho, só pra deixar claro. Primeiro dia, né.

- Só se a promoção fosse uma certeza. – dei de ombros. – Se bem que sou totalmente inexperiente, então não seria algo bom agora.

- A cada palavra sua, fico surpreso e admirado. Gostei de você, Bárbara. – não senti malícia em sua frase. Seria insano se sentisse, o cara tinha idade pra ser meu pai (?).

- Lisonjeada.

- Bem, essa aqui é a sua pequena mesa, seu espacinho. Caso torne-se uma agente, o que creio que não demore pra você, sua mesa vai ser maior e será direcionada a um "time", um grupo de agentes. – eu já sabia de tudo isso, mas fiquei calada escutando. – Mas disso você provavelmente já sabia.

- Sim.

- Bem, vou deixa-la se instalar, e daqui a pouco algum agente deve vir aqui e você deve sair. Lembrando que não deve interferir nos primeiros casos. – comemorei internamente porque ia sair. – Com licença, Bárbara.

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