Inocência perdida.

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Pov Bárbara

Fiquei encostada à parede do próximo corredor, esperando que aquilo passasse. Tinha um bebedouro ali, bebi um gole d'água, e nada daquele maldito incômodo passar. Encostei-me novamente à parede, dessa vez ao lado do bebedouro, e respirei fundo algumas vezes, até ouvir passos.

Tem umas mil pessoas nesse colégio, então nem abri os olhos pra espiar quem era.

- Babi? Tá passando bem? – poderia passar 999 pessoas por esse corredor, mas quem passou? A Júlia, claro. Esfreguei as coxas e senti um molhado bem... Lá. Eita, será que eu menstruei? Mas foi embora há quase duas semanas, tem algo errado.

- Acho que sim. – ela se aproximou e parou bem na minha frente, checando minha aparência e a minha temperatura. Claro que eu não consegui não olhar pro decote tímido da sua blusa de gola V, ele estava contra o meu rosto. – Você não tá me ajudando, Ju.

- Hã? Você tá estranha, eu só queria checar se não estava doente. Tá meio ofegante, corada...

- Eu acho que não tenho nada errado. – minha voz falhou, mas recuperei-a com um pigarro. Ela se afastou um pouco.

- Não, aparentemente não. Não sou médica, né. – deu de ombros.

- Não, e agora me responda: que diabos faz fora da sala?

- A professora me expulsou, aquela mal comida.

- O que você fez?

- Nada, ela fez a maldita pergunta e eu disse a verdade, que não sabia responder. Aí ela falou assim: "você se acha a dona da razão, não é? Saia da sala, Júlia Becker!" – ela imitou a professora com uma voz irritante que me fez rir – Eu falei: "mas professora, é verdade, desculpa se eu não sei, continua a aula." Aí ela "Continuo. Continuo com você do lado de fora, saia." Eu ainda contestei, mas ela disse que se eu continuasse ia me suspender e eu não quero isso, então saí. Aquela vagabunda, só faltam cinco minutos pra acabar a aula dela e eu sou posta pra fora, que caralho.

- Mas que injustiça contigo, Ju.

- Pois é. E você foi ao banheiro?

- Ahn... Acabo de lembrar de que não...

- Então vamos lá, a não ser que queira ir sozinha.

- Não, vamos sim. – caminhamos lado a lado até o banheiro, ela abriu a porta pra mim e eu ri, sempre cavalheira. – Vai você primeiro.

- Eu não estou afim, tô te acompanhando e achei legal dar uma olhada no meu cabelo.

- Ok então. – entrei na última cabine e ainda pude ver a Ju mexendo nos cabelos antes de fechar a porta.

Sentia calor, e muito, mas de um jeito estranho, um calor que irradiava do meu corpo, de dentro pra fora. Fiz o que devia fazer ali, descobrindo, obviamente, que não estava menstruada, mas um líquido desceu e eu gostaria de saber o que. Pensei em conversar com a minha mãe, mas a Ju tava ali tão perto, nós estávamos sozinhas, ela é uma menina experiente, manja de vaginas, e tal, por que não perguntar a ela né?

- Ju, me tira uma dúvida? – perguntei ao sair da cabine.

- Quer saber o que? Como é beijar de língua uma menina? – ela me olhou maliciosa.

- Não, nada disso. – ela murmurou "eu sei, tava brincando" – Eu estava sentindo um incômodo, sabe, lá. – apontei pra baixo para que ela entendesse. Ju se mostrou um pouco surpresa, mas não impediu-me de prosseguir – E pedi pra sair da sala na esperança de que isso melhorasse, mas bom, não ajudou muito, além de me causar arrepios estranhos. Agora eu encontrei a minha calcinha... Molhada, digamos. – ela arregalou os olhos e levou a mão ao pé da barriga, como se sentisse cólica. – Já que você é experiente e eu estou desesperada, por favor, me explica o que isso quer dizer? E é grave, eu preciso sair daqui direto para o ginecologista?

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