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Acordou lá pra sete da manhã com a esposa radiante com o café para ele na cama.

- Bom dia, querido! - ela depositou a bandeja ao seu lado e foi dar um beijo de bom dia nele, mas ele recuou o rosto pro lado. Ela disfarçou, pegando um pãozinho fatiado. - Com manteiga ou geleia?

Ele não disse nada. Ela passou manteiga e lhe deu. Ele pegou de má vontade e mordeu, devolvendo seguidamente a bandeja.

- O que houve? Não está bom, será que esfriou? - se preocupou ela.

- Sobre ontem a noite... - começou ele sem olhá-la nos olhos.

- Rober... eu não estou magoada com o que aconteceu, certo? Nada de ruim aconteceu com a gente. Aquilo ontem foi... foi uma fantasia sexual bem natural. É bom a gente realizar as fantasias um do outro às vezes... e eu adoro fazer elas com você... - mentia ela para ele não se culpar.

- Aquilo nunca mais voltará acontecer – finalizou ele seriamente.

Daniela não o contrariou por sua decisão. Se ele voltasse fazer aquele tipo de sexo com ela, ela ia esquecer de seu aviso e ia deixar rolar. Ela resolveu mudar de assunto.

- Rober... que tal a gente ir no cinema hoje? Sabe, aquele filme, do livro Crepúsculo? Está em cartaz hoje e queria tanto assistir junto com você...

- Não. — Daniela tentou insistir. - Já disse que não vamos!

- Tudo bem, vamos outro dia talvez... – comentou triste.

- Se você quiser eu posso procurar esse filme em um camelô – sugeriu sem interesse.

- Mas é CD pirata, querido, e se comprarmos estaremos contribuindo para o crime organizado nas favelas e... - ia avisando.

- E você acredita nessas coisas? - o debochou.

Daniela ficou sem jeito.

- É o que diz a maioria das pessoas. Até na televisão informa sobre isso.

- Você é uma bizarra mesmo... - riu de desprezo. - Se passar um comercial na TV informando que contem um tipo de vírus que mata as pessoas se assistir a um filme pirata você acredita?

- Não, claro que não, isso...

- Então não discute comigo. Vai querer que eu traga o filme ou não?

- Por mim não precisa, eu espero o filme sair pela locadora. Tudo bem.

- Vou trazer e vamos assistir hoje a noite junto. Prepare a pipoca e minhas cervejas. Algo a questionar?

- Não, amor... - sussurrou ela.

- Então pare de me enrolar e arranque essa porra de café e faz um verdadeiro café para mim. Com ovos mexidos e bacon bem frito. Vamos, não fique aí com essa cara comprida me olhando.

Daniela segurou as lágrimas e recolheu a bandeja.

- Vou tomar um banho. Pegue minhas roupas e leve pra mim.

- Sim... - ela desceu apressada para fazer o que o marido ordenara, e enquanto as frituras estavam no fogo ela subiu e pegou as roupas para o marido e levou ao banheiro. Voltou às pressas para tomar conta das frigideiras. Cortou laranjas e fez um suco natural. Levou tudo para a mesa, e o marido veio entrando trocado e com o cabelo ainda pingando de molhado. Daniela recuou quando ele sentou diante da mesa.

- Vai ficar aí parada feito um mordomo? Senta comigo – pediu ele. Ela sentou e sorriu levemente, e pegou uma torrada com geleia.

O marido comia com desejo e de boca cheia comentava o capricho dela em questão a culinária.

- Sabe, eu tive uma namorada que era uma fera na cama, me deixava tesudo do começo ao fim do dia... mas ela no fogão era um terror! Não sabia nem fritar um ovo, acredita? - Daniela apenas balançou a cabeça não muito interessada com aquela revelação. - Mas você é uma excelente cozinheira, isso eu não posso negar jamais. - ele estendeu a mão e acariciou a ponta do queixo dela. Daniela ficou sem jeito, mas feliz por dentro. Roberto comentou:

- Você fica uma gracinha quando está envergonhada... - ele levantou e limpou os lábios com a toalha de boca. - Poderia pegar meu tênis?

- Claro... - e Daniela subiu para o quarto radiante com o agrado dele. Voltou logo depois.

Roberto calçou-nos e estava pronto.

- Será que eu poderia ir com você?

- Não. Hoje não. Vou correr e você não está acostumada... ia só me atrapalhar. Ok?

- Tudo bem... - disse. - Ah, ia me esquecendo. Terei que ir ao mercado e comprar alguns legumes e...

- Sozinha? - a interrompeu.

- Eu ia chamar você para me levar, mas eu espero você chegar então.

- Não, acho que vou demorar a chegar. E você não precisa ir hoje – decidiu.

- Mas Rober... não tem legume na geladeira. Queria comprar só batata e um pouco de cenoura... - ia dizendo.

- Por acaso tem algum coelho nessa casa para comer cenoura? - riu ele. - Olha, prepare uma carne frita e uma macarronada com muito molho caseiro para a janta e pronto.

- Mas estou de regime como você me pediu, lembra? - informou ela.

- E continuará fazendo ele. Aliás, essa comida é para mim. Você deveria fechar mais essa boca, assim ia perder mais calorias. Vai tentar fazer isso por mim?

Daniela ficou surpresa.

- Está falando sério?

- Sim. Se você fazer esse regime três ou quatro dias por semana ia perder essa barriguinha fofa e ia me agradar mais na cama. - ele deslizou as mãos nas nádegas dela e apertou-as. - Hoje a noite eu faço você perder bastante calorias, minha gatinha.

Ele deu um beijo rápido nela e saiu. Enquanto saía lançou um olhar pra casa ao lado. Viu que o carro do marido de Juliana não estava na garagem, mas o dela estava.

Ele olhou pra trás para ver se Daniela continuava na porta, mas ela já entrara. Espiou a rua deserta naquela manhã deliciosa. Passou entre as barras do portão ao lado, pois havia uma falha nele e seu corpo deslizou para dentro da propriedade do vizinho. Verificou a maçaneta da porta e não estava trancada. Abriu discretamente e entrou. A casa era bem decorada, mas Roberto não ia perder tempo e oportunidade. Subiu as escadas e viu ali portas e mais portas no corredor de cima.

Verificou algumas. Havia uma porta fechada. Olhou a outra e esta abriu. Espiou cuidadosamente e viu que aquele era o quarto do casal. Juliana ainda dormia na cama. Roberto sentiu desejo de acordá-la com seus beijos e fazer sexo com ela ali, debaixo daquela coberta, mas não arriscou. Chegou mais perto dela e viu como era linda até no sono. Ele pegou a sua bolsa ao lado e verificou. Encontrou uma agenda pequena e abriu. Ali havia nomes de vários caras e seus endereços e telefones. Alguns tinham dias agendados com ela. Roberto percebeu que ela era na verdade uma profissional do sexo. Uma mulher de programa.

Roberto arrancou uma folha limpa e escreveu:

Encontre-me no restaurante, na rua João Mendes, nº 136 às 11:00hs.

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora