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            Faltavam cinco minutos para às 11h00 quando Roberto apertou a campainha da porta do vizinho, e justamente Marcelo atendeu. Roberto ficou parado, encarando o homem a sua frente, num silêncio mortal. Ele não sabia que tipos de sentimentos lhe passavam na mente enquanto olhava aquela cara detestável. Juliana chegou a tempo de que Roberto se descontrolasse e quebrou o silêncio entre os dois homens.

- Então... vamos... - murmurou Roberto com um certo de desprezo na voz, mas Marcelo fingiu não notar, e segurou a mão da companheira enquanto seguia Roberto para o carro. Daniela e Juliana se abraçaram e cumprimentaram-se felizes, e entraram no automóvel, enquanto os maridos iam no banco da frente. Roberto fez uma cara de deboche quando viu Marcelo puxar o cinto de segurança, e fingiu ajustar o retrovisor de dentro, mas seus olhos encontraram os de Juliana, e ela estava apreensiva.

- E então, Roberto. Como vão as coisas? - indagou Marcelo formalmente, enquanto o carro percorria a rua sem muito movimento.

- Vão indo... - murmurou. Roberto indagou. - E como vai no banco?

Juliana engoliu em seco ao lado de Daniela.

- Está tudo ocorrendo ótimo! - avisou sorrindo. - Sabe, estou planejando um bom investimento daqui alguns meses...

Roberto procurou os olhos de Juliana novamente pelo retrovisor. Marcelo continuava a falar como se Roberto tivesse com interesse naquela conversa.

- ... e então quando tudo se resolver, eu e Juliana vamos nos mudar!

Roberto ouviu chocado e olhou perplexo para o retrovisor e Juliana lhe lançou um rápido olhar que dizia: Eu não tô sabendo de nada! - mas foi Daniela que comentou em voz alta.

- Sério mesmo? Mas que pena... - a lamentou, triste. - Quero, dizer, será uma pena lamentável para nós que estávamos nos acostumando.

O restante da viagem ocorreu quase normal, pelo menos Daniela era a única dali que achava que tudo estava em paz entre eles, por isso conversava animadamente com sua amiga ao seu lado sem perceber o clima de tensão em cada um deles.

Roberto chegara à propriedade do seu sogro, e o carro foi parado para que os seguranças verificassem sua autorização na casa de Valter. Um dos seguranças fez sinal para a cabine do lado de dentro do portão gigantesco e automaticamente o portão começou a liberar passagem para os novos convidados. Marcelo não conseguia se disfarçar quando seus olhos avistaram a imensa entrada que os levava até a mansão de Valter, e tinha certeza absoluta que nem um delegado de polícia ganhava tão bem a ponto de adquirir aquela riqueza toda. Seus olhos brilharam de cobiça...

Juliana foi a única que percebeu o quanto aquela casa representava um cheiro de perigo, e por isso não ficou nada impressionada. Depois de quase um minuto subindo pela entrada o carro de Roberto estacionou debaixo de uma árvore. Havia alguns outros convidados na propriedade, e a piscina estava cheia. Roberto sabia que não era só um almoço entre eles, mas com a "família toda."

Eles desceram do carro e Valter veio junto com o candidato a governador receber seus novos convidados. Roberto foi ignorado por Valter, e ele cumprimentou o jovem rapaz com um forte abraço.

- Como vai, meu jovem rapaz? Obrigado por ter aceito o nosso convite! - disse Valter todo sorridente.

- Eu e minha esposa ficamos honrados, senhor Valter...

- Não, não, não... nada de senhor, só Valter... - lembrou o velho amigavelmente.

- Como preferir, Valter. - respondeu Marcelo. O governador cumprimentou primeiro a esposa de Roberto, e depois os outros. - Essa é Juliana, minha adorável esposa... - o apresentou, passando o braço entorno da cintura dela e lascando um beijo em sua boca sem nenhum constrangimento. Roberto preferiu virar de costas para não presenciar aquele momento nauseante, pois não suportava vê-lo se unindo com a mulher que a amava.

- Isso que é paixão! - comentou Valter em voz alegre e alta para que certas pessoas presentes ouvissem. Roberto disfarçou e sorriu para ele.

Valter apresentou os dois novos convidados aos seus aliados, e todos pareceram compartilhar com a alegria de Valter a respeito de Marcelo ser um "membro da família..."

O almoço foi um banquete, e Marcelo entregou aos senhores seus presentes. Valter levou os quatros para a biblioteca a fim de exibir suas enormes quantidades de livros e Roberto estava ansioso para ter uma oportunidade de conversar a sós com Juliana, mas essa chance lhe veio numa confusão lá na piscina. O mordomo veio correndo avisar ao patrão que dois deputados tinham se desentendido e estavam numa briga feroz.

- Bem, terei que apartá-los... - disse Valter aos presentes. - Mas fiquem a vontade, estarei logo de volta! - e Valter deixou a biblioteca enorme acompanhado pelo mordomo.

Marcelo estava examinando um livro grosso e religioso. Daniela sentada no sofá com Juliana apreensiva, lançando olhares rápidos a Roberto... e ele soube o que fazer.

- Acho que vou com Valter, talvez ele queira ajuda... - disfarçou e saiu antes que a esposa pudesse tentar impedi-lo. Passou um minuto, e Juliana se levantou indo em direção à porta.

- Vou ao banheiro – falou ela para Marcelo que a estudou curiosamente. Daniela se ofereceu.

- Quer que eu lhe mostre? - ela já estava se levantando do sofá.

- Pode deixar, eu acho ele, obrigada... - respondeu ela graciosamente, e saiu deixando Daniela a sós com Marcelo.

Juliana andava pelo corredor apressada sem ter ideia aonde Roberto estava, mas quando passava por uma porta entre aberta sentiu uma mão em seu braço, e ela viu que era Roberto.

- Entre depressa! - puxou ela para dentro, e ela obedeceu. Era um quarto de hóspedes.

- Ficamos loucos? - disse Juliana preocupada. - E se seu sogro chega antes de nós e não vê a gente? - mas Roberto a abraçou e beijou-a loucamente, como se aquele beijo fosse o último entre eles.

- Porque não disse? - murmurou ele tristemente em seus olhos.

- Do que está falando? - indagou confusa.

- Você e ele vão embora...

- Eu não vou, pode ser até que ele vá, mas eu não! Quero ficar com você! - e voltou a beijá-lo, e Roberto a pegou no colo e caiu por cima dela na cama de casal... - Rober... agora, não, por favor... eu quero muito, mas com esse medo que estou agora não dá... - murmurou ela, enquanto as mãos dele lhe apalpavam os seios freneticamente. Ele se relaxou e ficou com a cabeça pousada no colo dela, e ela lhe acariciava os cabelos.

- Vamos fugir, então - sentenciou ele.

Ela fechou os olhos com força e concordou.

- Vamos.

- Vou tentar encontrar algum lugar... eu prometo...

A chantagem do vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora